28/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-16B - GT 16 - Gestação, parto e violência obstétrica |
30920 - DESIGUALDADES REGIONAIS E DE GÊNERO: UM RETRATO DO (DES)CONHECIMENTO DOS JOVENS ACERCA DA CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA
GABRIELA MORAES HOLANDA - USP, HELENA MORAES OLIVEIRA - USP, CRISTIANE DA SILVA CABRAL - USP
Introdução: A Contracepção de Emergência (CE), também conhecida como “pílula do
dia seguinte”, é um método contraceptivo emergencial que tem como objetivo prevenir
a gravidez após a relação sexual. A primeira composição hormonal que deu origem a CE
foi desenvolvida em 1972. No entanto, o método foi aperfeiçoado e teve suas taxas de
uso aumentadas mundialmente na década de 1990. No Brasil, a comercialização do
comprimido único de levonorgestrel é liberada em 1999 pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa). Atualmente esse método configura uma importante
tecnologia de prevenção de gravidez imprevista e tem taxa de efetividade prevista de
75%. A população jovem pode ser especialmente beneficiada pela CE, no que tange a
garantia de direitos sexuais e reprodutivos, evitando a ocorrência de gravidez imprevista
que apresenta altas taxas de incidência em jovens, especialmente em países em
desenvolvimento. No entanto, as publicações científicas que avaliam o conhecimento
dos jovens em relação a CE argumentam que os jovens têm precário conhecimento
sobre CE e enfrentam diversas barreiras para seu uso, o que resulta em iniquidades no
que concerne em seus direitos sexuais e direitos reprodutivos. Objetivo: Mapear os
estudos sobre conhecimento de jovens sobre contracepção de emergência.
Metodologia: Trata-se de um estudo de revisão de escopo. As revisões de escopo são
destinadas a mapear a produção científica sobre um assunto em um determinado
campo científico ou a responder uma pergunta de natureza teórico-metodológica. A
presente investigação buscou mapear os estudos que discutem o conhecimento dos
jovens sobre CE. Seguimos os passos propostos por Arskey & O’Malley (2005). Os
critérios de inclusão foram definidos a partir do mnemônico PCC, em que P significa
população do estudo; C, conceito de interesse; C, contexto do estudo. Os trabalhos
selecionados contêm: P: jovens (15 a 24 anos), C: conhecimento de jovens sobre
contracepção de emergência; Contexto: indefinido. Visando a exequibilidade da
pesquisa, foram selecionados apenas trabalhos publicados em espanhol, inglês ou
português. Os critérios de exclusão consistem em: participantes de faixa etária em
intervalos diferentes do definido (15-24 anos); estudos que avaliam conhecimento sobre
outros tipos de contracepção que não CE; publicações em outro idioma que não o inglês,
espanhol ou português; artigos não disponíveis gratuitamente e na íntegra, nas bases
de dados consultadas. Utilizamos os descritores Adolescent, Young Adult, Knowledge,
Patient Medication Knowledge, Patient Medication Knowledge, Contraception,
Postcoital, combinados pelos operadores boleanos AND e OR nas bases de dados
pubmed, embase, web of science, embmed, medline, scopus, lilacs e ERIC. Resultados:
Foram encontrados 596 artigos, dos quais 71 atendiam os critérios de inclusão definidos.
O primeiro estudo publicado sobre o tema data de 1995; porém, a produção científica
deste assunto ganhou força a partir de 2002 e apresentou crescimento constante ao
longo dos anos seguintes. Os países da América e África estão entre os principais
produtores desta área. Os EUA lideram a produção (15 artigos), seguido de Brasil (10
artigos) e Nigéria (5 artigos). Em relação ao sexo dos participantes das pesquisas, é maior
a prevalência do sexo feminino, sendo 45% destes estudos com amostra totalmente
feminina e apenas 2% com amostra totalmente masculina. Restante (53%) tinha
amostra composta por ambos sexos; porém, o sexo feminino ainda compunha a maior
parte da população no caso de estudos mistos. Em análise preliminar, é possível notar
que o conhecimento dos jovens sobre o método é menor do que o esperado. Conclusão:
Os continentes com maior produção sobre conhecimento e CE na juventude são aqueles
com por países que, em sua maior parte, estão em desenvolvimento ou são
subdesenvolvidos e apresentam altos índices de gravidez na adolescência. Ainda que a
maior parte dos estudos tenha amostra composta por ambos sexos, observa-se que, de
acordo com o número de publicações que contém apenas o público do sexo feminino
ou masculino, as pesquisas sobre conhecimento dos jovens em relação à CE ainda
trazem a responsabilização da mulher pela contracepção, o que deixa o sexo masculino
à margem da tomada de decisão quanto às formas de contracepção disponíveis. Além
disso, o fato do conhecimento dos jovens sobre a CE ser menor do que esperado
configura uma importante barreira para o uso. Desenvolver ações e políticas públicas
que incidam sobre o aumento do conhecimento qualificado desta população sobre a CE
configura um meio de incrementar o uso do método quando necessário e, assim,
diminuir os riscos de uma gravidez não planejada e suas consequências, como os abortos
e/ou óbitos decorrentes.
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