29/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-16B - GT 16 - Experiências e políticas de saúde reprodutiva |
30287 - A ESCOLA COMO CAMPO E GÊNERO COMO CATEGORIA NA ARTICULAÇAO EXTENSÃO- PESQUISA CRISTIANE GONÇALVES DA CRISTIANE - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO, INSTITUTO DE SAÚDE E SOCIEDADE, CAMPUS BAIXADA SANTISTA, PATRÍCIA LEME DE OLIVEIRA BORBA - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO, INSTITUTO DE SAÚDE E SOCIEDADE, CAMPUS BAIXADA SANTISTA, DEIVISON FAUSTINO - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO, INSTITUTO DE SAÚDE E SOCIEDADE, CAMPUS BAIXADA SANTISTA, VERA SILVIA FACCIOLLA PAIVA - UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, INSITUTO DE PSICOLOGIA
Apresentação: Articulações com iniciativas de extensão têm permitido desenhar e organizar propostas de pesquisas-intervenção para compreender desafios da prevenção do HIV e da violência entre pares a partir dos sentidos atribuídos à gênero e sexualidade por jovens no ensino médio, além de permitir o desenvolvimento de abordagens educativas que apostam na horizontalidade e na desnaturalização das concepções de gênero e da sexualidade, nomeadas “oficinas da diferença”. O estudo-intervenção em curso com jovens de escolas de ensino médio de Santos e que será expandido para outras regiões do Estado de São Paulo, exemplifica essa articulação ao envolver a comunidade escolar, universidade e os serviços de saúde da rede pública em seu território. Objetivos: Analisar como os resultados de estudos articulados à extensão, realizados em escolas da Baixada Santista, que articulam gênero como categoria de análise a partir do “chão da escola” ajudam a interpretar a experiência cotidiana de jovens, a partir dos marcadores sociais de diferença, com a prevenção do HIV. Metodologia: Análise de relatórios de pesquisas, diários de campo e artigos publicados das iniciativas de pesquisas articuladas à extensão que se dedicaram a observar cenas do cotidiano das escolas e produzir metodologias para realização de oficinas educativas (“oficinas da diferença”) junto a jovens. A articulação entre estudos etnográficos e observação participante ao longo do desenvolvimento de pesquisas (iniciação científica e pós-doutorado) articuladas ao projeto de extensão Juventudes e Funk na Baixada Santista: territórios, redes, saúde e educação que desenvolve ações junto à escolas da rede pública desde 2014, será inspiração e ponto de partida para o contraste com o estudo preliminar da pesquisa em campo que observará como o tema da diversidade religiosa, familiar, étnico-racial e de orientação sexual ocorre nas comunidades escolares. Assumimos uma perspectiva pedagógica feminista de gênero comprometida com o reconhecimento das diferenças e implicada na coprodução da justiça social e com uma perspectiva multicultural dos direitos humanos para a prevenção e o cuidado no campo da sexualidade e da aids. Resultados: Nas três escolas abordadas (duas por pesquisa e extensão e uma apenas com extensão) observamos uma persistência de performances de masculinidades hegemônicas (em torno da heterossexualidade, da disposição para o sexo e para o controle sobre as mulheres) convivendo com acusações e reivindicações fortes por parte das meninas que expõem e interpelam o modo como os rapazes, dentro e fora da escola, continuam em posição de privilégio sem demonstrarem intenções de mudança de posição. Aliada a essa dimensão que nomeamos como de resistência, nos territórios escolares encontramos também a presença da troca de afeto entre rapazes e sociabilidades lúdicas que expressam borramentos tanto das hegemonias de gênero como do adultocentrismo, que ressalta a desconfiança permanente dos/as jovens em relação aos/as não jovens. Chama atenção a centralidade de novas práticas culturais juvenis que incluem o uso do celular como parte importante da condição de ser jovem, pedaço do corpo, que conforma o cenário e as cenas na escola. Considerações Finais: A escola como campo de pesquisa e extensão, amplia sua potência para a produção do conhecimento em uma conjuntura marcada pelo movimento conservador onde gênero é uma das categorias centrais de debate. As experiências na escola ampliam a compreensão das masculinidades e feminilidades que circulam no território e como produzem desigualdades na vida cotidiana de sujeitos jovens, na medida em que são tomados na intersecção com outros marcadores sociais da diferença. Nesse sentido, colaboram com a interlocução entre saúde e educação e na promoção da saúde e dos direitos sexuais e reprodutivos de jovens e nos mobiliza,, portanto, a continuar investindo na discussão sobre as rupturas e continuidades com o borramento já observado no cenário escolar e na defesa da escola como território juvenil e como campo prioritário para as pesquisas sobre juventudes, particularmente para pensar a prevenção do HIV e da violência como direitos.
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