29/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-16B - GT 16 - Experiências e políticas de saúde reprodutiva |
30675 - RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE OS DIREITOS DESCONHECIDOS POR GESTANTES EM MATERNIDADE REDE CEGONHA LEONARDA CARNEIRO ROCHA BEZERRA - FACULDADES NOVA ESPERANÇA, ELIAS VICENTE BUENO - FACULDADES NOVA ESPERANÇA, LARISSA VIEGAS DE ALMEIDA - FACULDADES NOVA ESPERANÇA, MARCELA ROLIM DA CRUZ - FACULDADES NOVA ESPERANÇA, SÔNIA MARA GUSMÃO COSTA - FACULDADES NOVA ESPERANÇA
Ao longo da história as mulheres parem seus filhos no seu próprio domicílio com o auxílio de parteiras, que realizam o parto de forma empírica e subjetiva de acordo com os conhecimentos que são passados de geração em geração (POSSATI et al., 2017). Especificamente no século XX o parto começou a ser realizado no ambiente hospitalar, com a figura do médico e os demais profissionais da área obstétrica, nas quais começaram a ser realizadas práticas intervencionistas para acelerar o parto como a episiotomia, entre outros e partos cesáreos sem indicação, rompendo com o modelo de nascimento realizado anteriormente (SOARES et al., 2017). A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a atenção aos partos de baixo risco com o mínimo de intervenções possíveis, o que não ocorre na maioria das vezes. Dessa forma o Ministério da Saúde criou no ano 2000 o Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN) e em 2011 a Rede Cegonha, com o objetivo de assegurar a melhoria do acesso, da cobertura e da qualidade do acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto e puerpério, na perspectiva dos direitos de cidadania e a garantia de uma atenção humanizada (FUJITA; SHIMO, 2014). Este estudo trata-se de um relato de experiência do Projeto Aurora: cuidado humanizado no pré-parto, parto e puerpério imediato, ofertado pela Faculdade Nova Esperança do município de João Pessoa, no período compreendido entre Março a Maio de 2019, junto a maternidade municipal referência. Objetiva relatar a experiência dos docentes e discentes extensionistas, na perspectiva observacional das práticas habituais de parto dentro do ambiente hospitalar, buscando apreender a garantia dos direitos das parturientes pelos profissionais de saúde que prestam atendimento. Haja vista que o presente estudo torna a temática mais conhecida para o público em questão, aumentando o conhecimento e autonomia das parturientes. Durante as visitas realizadas a maternidade os discentes escutam das gestantes sobre o não conhecimento de seus direitos reprodutivos, como também sobre os desafios que acometem as mesmas. A maioria delas afirmam estar ansiosas, cheias de expectativas, motivadas pelo momento em que irá receber o filho em suas mãos. Durante as visitas são realizadas orientações sobre a hora do parto, que elas têm o direito de escolher a melhor posição para ela e o bebê, o direito da presença de um acompanhante, que devem ser informadas de todo procedimento feito nelas e só após consentimento o mesmo pode ser realizado. Logo após o nascimento é garantido o contato imediato mãe-bebê. “Nossa, não sabia que podia fazer tudo isso, é muito importante ter alguém para tirar nossas dúvidas e orientar o que devemos fazer” - E.F.S. 22 anos. É perceptível que há muitas mães adolescentes que desconhecem o processo, o que aumenta o medo, pois muitas são leigas e também na maioria das vezes não obtêm informações dos profissionais sobre o que está acontecendo. “Nervosa demais, é o meu primeiro filho e será que vou perder ele? Tô com muitas complicações e ninguém me fala o que está acontecendo’’ – M.E.C. 16 anos. O projeto de extensão multidisciplinar Aurora articulou diversas políticas públicas, principalmente a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM) e a Rede Cegonha no tocante a participação do acompanhante da parturiente. Através da escuta qualificada os extensionistas realizaram discussões enriquecedoras, com muitas contribuições de relatos de vivências tanto positivas quanto negativas do parto, tendo sido observado um envolvimento surpreendente dos extensionistas com as usuárias. Constatou-se que é fundamental o esclarecimento sobre os direitos e deveres da gestante num momento tão delicado que é a hora parir. Esse é o nosso grande desafio, partilhar com a comunidade o conhecimento produzido na universidade para a construção de saberes compartilhados além, de reconhecer que a extensão universitária fortalece e impulsiona as práticas recomendadas pelas evidências científicas. A gestação é marcada por um período de adaptações fisiológicas e psicológicas, permeada pelos aspectos sociais, crenças e culturas. As mulheres observadas por este projeto, em sua maioria, carecem de informações sobre o período gestacional. Essa falta de acesso às informações sobre o parto as impossibilita de exercerem a autonomia e a autodeterminação de suas escolhas, conforme preveem os direitos reprodutivos. Essas informações devem ser fornecidas pelos profissionais de saúde, principalmente durante o pré-natal, para que haja o empoderamento dessas mulheres. Assim, humanizar a assistência vai muito além do parto realizado dentro de uma banheira e/ou em casa, significa fazer parte de um conjunto de condutas respeitosas ao protagonismo da mulher, aos desejos da mulher e seu bem-estar, ou seja a fisiologia do parto.
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