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Grupos Temáticos

30/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-16D - GT 16 - Gênero, Sexualidade e Diversidade Sexual

30407 - RECEPÇÃO DE MATERIAIS EDUCATIVOS SOBRE IST/AIDS ENTRE USUÁRIAS GESTANTES DE UMA UNIDADE DA ATENÇÃO BÁSICA NO RIO DE JANEIRO
BIANCA SILVA DE PONTES - ENSP - FIOCRUZ, SIMONE SOUZA MONTEIRO - IOC - FIOCRUZ, ADRIANA KELLY SANTOS - IOC - FIOCRUZ


INTRODUÇÃO: As estratégias de comunicação integram as ações de prevenção às IST/Aids. Nesta direção campanhas educativas circulam na mídia e diversos materiais educativos (folhetos, cartazes, cartilhas) são produzidos para grupos sociais específicos e a população em geral. Tais ações são apresentadas como exemplos de intervenção comportamental, visando informar sobre formas de exposição ao HIV e estimular a adoção de métodos preventivos. No entanto, muitas vezes, não são analisados os sentidos que os/as usuários/as atribuem às mesmas. A presente pesquisa visou avançar nessa discussão, por meio de um estudo de recepção com gestantes. Segundo o referencial teórico dos estudos de recepção, a comunicação é um processo dialógico, sendo as etapas de produção e apropriação-reconhecimento das mensagens indissociáveis das interações sociais. OBJETIVO: Investigar a recepção de mensagens e produção de sentidos sobre prevenção das IST/Aids entre usuárias gestantes de um serviço da Atenção Básica de Saúde do município do Rio de Janeiro. A partir da análise das interpretações e significações das gestantes sobre os sentidos propostos nas mensagens de materiais educativos acerca das IST/Aids, busca-se averiguar os sentidos que essas mulheres atribuem à saúde, risco e adoecimento e às normas de gênero. METODOLOGIA: O estudo, de abordagem qualitativa, realizado de abril/2017 a dezembro/2018, adotou duas técnicas de pesquisa: 1) observações de uma atividade educativa para gestantes em um serviço de saúde da Atenção Básica para o mapeamento das concepções e significados da prevenção de IST/Aids que circulam na interação entre profissionais e gestantes; 2) grupos focais com seis gestantes atendidas no serviço investigado, destinados à leitura das 14 peças comunicacionais sobre prevenção das IST/Aids voltado para as gestantes, previamente selecionados a partir de um banco de materiais sobre o tema. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Segundo as gestantes o assunto privilegiado na interação com o serviço de saúde refere-se ao teste no pré-natal, havendo pouca informação sobre o uso do preservativo durante a gravidez. Para as gestantes a infecção pelo HIV está associada à infidelidade do parceiro e não à sua conduta. Dessa forma, as mensagens de responsabilização da mulher pela transmissão das IST/Aids para o bebê, veiculadas nos materiais, não corresponde à imagem das gestantes sobre si. Elas se descreveram como mais responsáveis e preocupadas não apenas com sua saúde, mas com a saúde dos filhos e do parceiro. As gestantes sinalizaram que os materiais não citam o parceiro como agente conjunto no cuidado à saúde da criança. Elas também destacaram a ênfase na realização dos testes para sífilis e HIV durante a gestação, indicando a percepção sobre prevenção a partir do cuidado com a saúde do bebê, em detrimento da abordagem integral do cuidado à saúde da mulher. Em relação ao conteúdo dos materiais, a hierarquia entre os saberes técnico e popular foi assinalada; materiais que apresentam siglas e termos técnicos ou com grande quantidade de informações foram apontados como de difícil entendimento. Já o uso de símbolos foi visto como um recurso visual atraente. Quanto aos espaços de circulação de informações sobre Aids, os meios de comunicação de massa e a escola foram citados; mas, segundo as gestantes, é no âmbito do privado (da “casa”) que a mulher deve receber essa informação. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Os achados apontam que as concepções prévias sobre o cuidado à saúde e as normas de gênero se constituem como uma rede de significações onde os sentidos sobre prevenção são construídos. Assim, foi observado como os estereótipos de gênero foram evocados ao falar sobre cuidado à saúde e prevenção das IST/Aids, desde a negociação do uso do preservativo até a prevenção da transmissão vertical. As participantes interpretam os testes no pré-natal como um “dever”, reiterando as mensagens expostas nos materiais educativos. Todavia, já é possível vislumbrar avanços no que se refere à incorporação da perspectiva dos direitos sexuais e reprodutivos na percepção das mulheres sobre o cuidado à saúde, visto que algumas assinalaram a importância de mensagens que abordem o uso do preservativo feminino – numa concepção de autonomia da mulher – e que incluam o parceiro no cuidado à saúde do bebê, ressaltando sua igual responsabilidade neste cuidado. Os resultados apontam para a necessidade de considerar as desigualdades sociais e de gênero na comunicação sobre prevenção das IST/Aids, haja vista que elas impactam na forma como as mulheres se posicionam frente à epidemia de HIV/Aids. Ao trazer a visão do receptor sobre as mensagens dos materiais, os achados podem auxiliar na elaboração de ações no campo da comunicação e saúde que trabalhem sob a perspectiva do destinatário, de acordo com seus diferentes contextos de vida e saúde.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

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