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Grupos Temáticos

30/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-16D - GT 16 - Gênero, Sexualidade e Diversidade Sexual

31366 - A SAÚDE DAS MULHERES EM ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: ESTRATÉGIAS DE CUIDADO A PARTIR DO EMPODERAMENTO FEMININO
CAMILLA SANTOS BAPTISTA - FIOCRUZ/ SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DO RIO DE JANEIRO, NATALIA DANTAS DE ALBUQUERQUE QUEIROZ - UFRJ/ FIOCRUZ/ SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DO RIO DE JANEIRO, FABIANA GUTIERREZ PANOZO - FIOCRUZ/ SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DO RIO DE JANEIRO, ANA CAROLINA DE OLIVEIRA CARDOSO - FIOCRUZ/ SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DO RIO DE JANEIRO, DANDARA PIMENTEL FREITAS - SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DO RIO DE JANEIRO


A incorporação do ideário feminista ao campo da Saúde das Mulheres (SM) é de grande importância na consolidação dos Direitos Sexuais e Reprodutivos no cenário brasileiro. A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM) traz o compromisso com a implementação de ações de saúde que contribuam para a garantia dos direitos humanos das mulheres, estabelecendo a atenção em Saúde Sexual e em Saúde Reprodutiva como área de atuação prioritária para a Atenção Primária à Saúde (APS). Entretanto, desenvolver este trabalho não é tarefa fácil, pois requer uma reorientação da postura e atuação dos profissionais de saúde e a ruptura de um modelo de atenção em que as ações voltadas para as mulheres são predominantemente direcionadas ao ciclo gravídico puerperal e à prevenção do câncer de mama e colo do útero. Além disso, é preciso superar as dificuldades dos profissionais na abordagem de aspectos relacionados às violências, à saúde sexual e às discussões de gênero, ainda marcadas por preconceitos e estigmas.
Nesse sentido, o presente trabalho apresenta um relato de experiência de uma iniciativa que vem sendo desenvolvida por cinco profissionais de saúde (médicas, enfermeira e psicóloga) em três Unidades Básicas de Saúde (UBS) da periferia do município do Rio de Janeiro, com foco na inclusão e disseminação de abordagens à saúde das mulheres, dialogando experiências pessoais e coletivas com foco no desencadeamento de processos de empoderamento feminino. Estas estratégias visam, no plano pessoal, contribuir e criar condições para a conquista da autonomia e da autodeterminação de mulheres e, no plano coletivo, colaborar para o desenvolvimento da força política e social de mulheres, entendendo que o pessoal também é político, e ambos os processos estão interligados na libertação das mulheres das amarras da opressão de gênero.
As ações desenvolvidas foram divididas em três grupos, a fim de serem melhor compreendidas didaticamente. A saber:
a) Ações Macro: relacionadas à implementação de políticas públicas e à garantia de direitos – Foco na busca por nomear, durante as consultas e práticas coletivas, as principais formas de preconceito e mazelas sociais as quais estamos sujeitas, como o racismo, a misoginia, a gordofobia, a LGBTfobia, os diferentes tipos de assédio e de violência, incluindo a violência de Estado, tão frequente nos territórios periféricos; na oferta de informações sobre os direitos das mulheres ao aborto legal e de orientações nos casos do aborto não previsto em lei; e na construção do Plano de Parto durante o pré natal, ferramenta que pode garantir uma melhor experiência da mulher na assistência ao parto e auxiliar no enfrentamento à Violência Obstétrica.
b) Ações Meso: relativas a mudanças na posição dos profissionais de saúde em relação às pacientes – Foco na oferta da autoespeculação e do uso de espelhos durante as consultas ginecológicas, visando à ampliação do contato e conhecimento do próprio corpo e sua despatologização; e no incentivo e oferta de cuidados em Práticas Integrativas e Complementares (PICS) e fitoterápicos, visando a desmedicalização do corpo feminino e a valorização de modos de cuidados contra hegemônicos.
c) Ações Micro: de incentivo ao autoconhecimento – Foco na oferta de instrumentos, como a mandala lunar e a confecção de diários, na abordagem às mulheres, considerando seus modos de ser cíclicos, relacionados ou não à presença da menstruação e propondo diferentes meios de expressão, reflexão e autoconhecimento.
Essas ações vêm sendo propostas tanto nos encontros clínicos com as pacientes quanto nos espaços educativos com profissionais e estudantes. A partir delas, vem sendo colocada em análise a abordagem dos profissionais de saúde em relação às pacientes e sendo estimulada a adoção relações horizontais de cuidado. Vem sendo realizadas oficinas com temas como ginecologia natural, saúde das mulheres que fazem sexo com mulheres e Atenção a mulheres vítimas de violência na APS. Foram criados nas unidades grupos de gestantes, cuidados em saúde através da fitoterapia e de relaxamento e práticas integrativas. Além disso, foram construídos materiais pedagógicos sobre ginecologia natural e sobre o aborto. A partir de Novembro de 2018 essas ações e discussões levaram à construção de um coletivo de mulheres, Coletivo Anarcha - feminismos e saúde - que vem buscando expandir essas discussões para além dos limites destes serviços, através da articulação com programas de formação para a saúde - como residências e ligas acadêmicas - com foco em SM e APS. Este coletivo atua no sentido da construção do empoderamento enquanto processo de conquista da autonomia e da autodeterminação, pensado como uma jornada que se desenrola, gradativamente, por meio da conscientização e poder coletivo de mulheres, e da concepção de poder como a capacidade de transformar a nós mesmas e ao mundo onde estamos inseridas.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

Campus I - Lot. Cidade Universitaria, João Pessoa - PB, 58051-900