29/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-16C - GT 16 - Violência Obstétrica e outros saberes no cuidado da gestação e parto |
30322 - PROJETO AURORA: RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE AS PRÁTICAS HABITUAIS DE PARTO EM AMBIENTE HOSPITALAR RAFAELLEN DE LIMA GOMES - FACENE/FAMENE, MARIA CLARA DE MEDEIROS SANTOS - FACENE/FAMENE, SABRINA DINIZ CRUZ DE ARAUJO - FACENE/FAMENE, SARAH LENY GOMES MADEIRO CRUZ - FACENE/FAMENE, IARA MEDEIROS ARAUJO - FACENE/FAMENE
RESUMO
O ato de cuidar de outras pessoas, incluindo os cuidados com as mulheres durante o parto está ligado ao fazer feminino desde tempos imemoriais. A parturição, desenvolvida no âmbito doméstico, é atividade das mulheres que acumulam todas as tarefas ligadas não só à mulher, mas ao concepto, articulando cuidados que garantiram a sobrevivência da espécie desde a barbárie (Engels, 1975). Tendo este princípio do cuidado, existem muitas situações nessa área que causam o contrário desse ato, ou seja, a violência, que em geral tem-se convertido em uma das principais causas de morbidade e mortalidade no mundo moderno (OMS, 1997). A violência obstétrica se caracteriza pela apropriação do corpo e dos processos reprodutivos das mulheres pelos profissionais de saúde, através do atendimento desumanizado, ocorrendo desde o acolhimento mal realizado até o parto (normal ou cesáreo) em si, em atos como falta de diálogo e informações, falta de acompanhamento regular durante o pré-parto e uso de manobras inadequadas, medicalização desnecessária para indução de parto, não ouvir as queixas e vontades da paciente, além de violências verbais, como gritos, ameaças e até mesmo palavras de indiferença. Dessa forma, há perda do protagonismo das gestantes durante o parto, deixando muitas vezes, as práticas do parto humanizado de lado, impactando negativamente a qualidade de vida dessas mulheres. Um dos problemas é o estranhamento do termo “humanizar a assistência a Saúde”, que é mais tido como diretriz de trabalho, do que como forma de melhorar a relação médico-paciente (Rebello e Neto, 2012). Este trabalho objetiva relatar a experiência dos docentes e discentes extensionistas do Projeto Aurora, ofertado pela Faculdade Nova Esperança de João Pessoa, sobre as práticas habituais de parto dentro do ambiente hospitalar do Instituto Cândida Vargas (ICV) durante o primeiro semestre de 2019, buscando conhecer as práticas atuais, incentivar as ações de educação em saúde para a prevenção da violência obstétrica entre os profissionais e trazer uma vivência sobre o parto humanizado aos extensionistas. Além disso, gerar números maiores de gestantes, que durante os estágios do projeto, são cuidadas, ouvidas e até acalmadas pelos alunos participantes. Foi proposto a esses alunos estudar artigos sobre a humanização do parto, a violência obstétrica e sobre como a vida das mulheres e dos bebês são afetadas por esse momento. Além disso, o projeto possibilita aos alunos a autonomia para realizar estratégias que possam evitar a violência do parto dentro do ICV e refletir sobre os futuros profissionais da saúde nos quais vão se tornar, a partir da aproximação com as gestantes e de certa proatividade em lhes dar algum suporte emocional durante o pré parto e pós parto. Em estudo de Rebello e Neto (2012) sobre a perspectiva dos estudantes de medicina sobre a assistência ao parto, foram realizadas entrevistas e encontrados nos 41 relatos as principais associações feitas por eles, que foram: acolher bem as gestantes, deixar que a mulher dite suas necessidades, tenha seu direito ao acompanhante e doula garantidos, sobre a importância de amparar, confortar, dar segurança a gestante e intervir menos no processo do parto e apenas quando necessário, mostrando resultados positivos em que o processo de mudança é gradual e longo, mas está acontecendo. O projeto se coloca em observatório como um momento de escuta e diálogo com gestantes, puérperas, extensionistas e profissionais do Instituto Cândida Vargas, o que torna possível a formação de vínculos e favorece a resolubilidade de situações de saúde demandadas pelas gestantes, física ou emocional, pois a falta de informação associada aos efeitos psicológicos e fisiológicos durante o período gestacional levam, por consequência, a um aumento da fragilidade no momento do parto para essas mulheres. Fazendo, assim, do projeto um instrumento relevante tanto para contribuição do apoio a mulher no processo do partejar, quanto para o auxílio de uma educação holística baseada no olhar humanizado e na não intervenção/exposição desnecessária. Dessa forma, os resultados das atividades de extensão possibilitam nova visão e aumentam o acesso a informações sobre autonomia às mulheres, para que elas reconheçam os seus direitos e assim, possam reivindicá-los. Além disso, mostram que ainda há muito sobre o Parto Humanizado a ser colocado em prática e a necessidade de mais projetos nesse contexto.
Palavras-chave: Trabalho de Parto, Parto Humanizado, Educação em Saúde e Violência obstétrica.
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