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Grupos Temáticos

29/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-16C - GT 16 - Violência Obstétrica e outros saberes no cuidado da gestação e parto

30620 - RECONHECER E CURAR: EXPERIÊNCIAS DAS PARTEIRAS DA REGIÃO DA CHAPADA DO ARARIPE NO III ENCONTRO DE SABERES DA CAATINGA
MARIA JOSÉ DA SILVA - UPE, ALESSANDRA MARIA MONTEIRO E SILVA - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES - FIOCRUZ/PE, ISLÂNDIA MARIA CARVALHO SOUSA - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES - FIOCRUZ/PE, FRANCISCO JAIME RODRIGUES DE LIMA FILHO - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES - FIOCRUZ/PE, LILIAN SILVA SAMPAIO DE BARROS - UFRPE/FUNDAJ, RAFAELLA MIRANDA MACHADO - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES - FIOCRUZ/PE, RENÉ DUARTE MARTINS - UFPE/CAV, ÉLIDA DIAS CÂNDIDO - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES - FIOCRUZ/PE


Contextualização: Desde o ano de 2017 é realizado no município de Exu- PE, o Encontro de Saberes da Caatinga na Chapada do Araripe (Pernambuco, Ceará e Piauí). O objetivo do encontro é reunir pessoas que ao longo de suas vidas têm contribuído para o processo de cuidado em saúde com saberes populares e tradicionais. Nos três anos do encontro participaram raizeiros(as), parteiras e rezadores e rezadeiras.
Descrição: Durante o encontro foram construídas rodas específicas com cada grupo de protagonistas: raizeiros(as), parteiras, rezadores e rezadeiras, em que o objetivo desse momento era que ocorressem trocas de saberes entres os/as protagonistas e o público ouvinte. Estiveram presentes dezoito parteiras, idosas em sua maioria, residentes nas zonas rurais de seus municípios. Ao longo dos três dias cerca de setenta pessoas participaram desta roda, e grande parte do grupo de ouvintes foi composto por mulheres jovens, estudantes em sua maioria, curiosas em aprender os conhecimentos trazidos pelas parteiras através de troncos familiares e da ancestralidade.
Período de realização: Do dia 25 a 27 de janeiro de 2019.
Objetivo: Relatar as experiências compartilhadas na roda de parteiras do III Encontro de Saberes da Caatinga- Práticas e Cura da Chapada do Araripe.
Resultados: A dinâmica da roda iniciou-se pelos relatos acerca do despertar das parteiras para essa atividade, o que proporcionou entre elas e o público ouvinte o conhecimento e a trajetória do que elas chamam de missão. Essa que lhes é dada pelo destino, pela necessidade e a outras pelo vivenciamento dentro das famílias que lhes trouxeram experiências envolvendo a cultura, a moral e os valores das gerações. As parteiras presentes puderam exercer o papel de multiplicadoras de conhecimento entre elas e entre os presentes, conhecimento este que não aconteceu de forma passiva, mas sim nas trocas e reconhecimento do saber que o outro carrega em suas vivências. A partir da temática do encontro, “Reconhecer e Curar”, compartilharam as experiências por meio do ciclo de acompanhamento da gestante: gestação, parto e no pós-parto. Na gestação trouxeram os problemas mais comuns das gestantes que assistiram, como queixas urinárias e enjoos, as formas que utilizavam para identificar tais dificuldades e como procediam para curar. Os elementos da natureza eram tidos como grandes aliados. No que se refere aos partos, a intenção primordial da parteira é que a mulher tenha dores eficientes durante o trabalho de parto para provocar o nascimento do bebê. Sendo assim, é unânime entre elas o uso da pimenta do reino para estimular as contrações uterinas. No pós parto, trouxeram o sangramento como o principal e mais grave problema apresentado pelas mulheres, e elas também utilizam a pimenta do reino para tratar, pois esse grão tem a função de contrair o útero e expulsar o que está retido, assim como a utilização de uma cinta no abdômen com ervas específicas para esse fim. Contudo, elas preferiam manter em segredo quais ervas utilizam, apesar dos presentes estarem bastante curiosos para que estas espécies fossem citadas. O ato de “fechar as cadeiras” no pós parto surgiu como uma novidade para algumas parteiras e as que conheciam a técnica se dispuseram a mostrar em meio a roda como proceder para fechá-la. As que não conheciam se mostraram extremamente satisfeitas, ratificando que os seres humanos vivem aprendendo e aprendem mais ainda na disponibilidade para o novo. No último dia de encontro uma jovem parteira indígena Potiguara, propôs que os últimos momentos do encontro fossem dedicados ao autocuidado entre as parteiras. Certamente em suas vidas o cuidado a outras pessoas teve predominância nas atividades exercidas em suas comunidades. O encontro estava sendo protagonizado por elas, e entre si reconheceram a necessidade de estar mais próximas umas das outras e curar de alguma forma os males que por ventura quisessem revelar. No primeiro momento as parteiras ficaram em duplas e fizeram massagens, trocaram abraços, rezas, orações, partilharam experiências, vivências e intimidades que provocaram risadas entre elas. Um belo encontro de comadres com momentos de cuidado que tocaram, emocionaram e fortaleceram essas mulheres. Depois elas receberam outras pessoas que estavam aguardando-as para orientações e aconselhamentos.
Aprendizados e análise crítica: No encontro as parteiras puderam articular suas formas de identificação de circunstâncias comuns e as práticas da medicina tradicional para promoção do bem-estar entre as mulheres que assistem. O diálogo sobre as dificuldades e lutas que enfrentam no dia-a-dia de sua arte de pegar menino são semelhantes nas diversas localidades. A riqueza do encontro se fez pela diversidade de parteiras e cenários de atuação, e para as demais pessoas que estavam presentes, estar entre parteiras constitui certamente uma vivência que não será esquecida.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

Campus I - Lot. Cidade Universitaria, João Pessoa - PB, 58051-900