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Grupos Temáticos

29/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-16C - GT 16 - Violência Obstétrica e outros saberes no cuidado da gestação e parto

30770 - PARINDO CONTRA A MARÉ: A EXPERIÊNCIA DE INSTIGAR MULHERES A RESISTIR CONTRA A CORRENTEZA DA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA.
LARYSSA PRISCILLA MÉLO DOS SANTOS ALVES - INSTITUTO DE MEDICINA INTEGRAL PROFESSOR FERNANDO FIGUEIRA - IMIP, RHUANNA KAMILLA DA SILVA SANTOS - ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DE PERNAMBUCO - ESSPE, DÉBORA MORGANA SOARES OLIVEIRA DO Ó3 - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES - FIOCRUZ/PE, MARIA ISABELLE BARBOSA DA SILVA BRITO - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES - FIOCRUZ/PE, CÁIO DA SILVA DANTAS RIBEIRO5 - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES - FIOCRUZ/PE, LAYS HEVÉRCIA SILVEIRA DE FARIAS6 - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES - FIOCRUZ/PE


Contextualização: A gestação constitui-se como um momento transformador na vida de uma mulher, que, quando associada a eventos que marcam de forma negativa, interferem em todo seu processo de construção. Sob a perspectiva da assistência, e aderidas a uma gama de valores e crenças que permeiam o parto nas distintas sociedades, este processo passou a ser marcado por intervenções em excesso, menosprezo a autonomia, desrespeito aos direitos sexuais, reprodutivos e humanos, trazendo à tona a percepção da violência obstétrica. Nos últimos 30 anos, iniciativas vêm sendo tomadas pelo Ministério da Saúde (MS) com vistas a transformar este cenário. De forma tática, a Estratégia de Saúde da Família (ESF) foi criada, tendo o Pré-Natal como ferramenta de qualidade para assistência à mulher grávida, trazendo a humanização como o grande fio condutor. Destaca-se do mesmo modo, a criação dos Programas de Residência em Saúde, estratégia teórico-pedagógica que tem por objetivo promover mudanças e capacitar, com excelência, profissionais de diversas áreas da saúde, além de oxigenar os serviços. Descrição: Trata-se de um relato de experiência que perpassa por dois cenários de prática: As salas de parto da Casa de Saúde Bom Jesus, na cidade de Caruaru-PE, trazidas pela residente em Enfermagem Obstétrica da Secretaria de Saúde de Pernambuco e o pré-natal/grupos de gestante, pela Residente de Enfermagem em Saúde da Família, COREMU/IMIP, na cidade do Recife-PE. A Casa de Saúde Bom Jesus recebe gestantes apenas do município de Caruaru, que passam por triagem avaliativa com médicos e enfermeiros obstetras decidindo sua internação. Quando internas, recebem ambiente reservado onde ficarão até parir, auxiliadas por enfermeiras, doulas e um acompanhante de sua escolha. As consultas de pré-natal da ESF acontecem uma vez por semana em horário pré-agendado, divididas em duas etapas: a primeira que se presta a avaliar a gestante e a segunda destinada a sanar dúvidas e focar em questões educativas. Os grupos de gestante acontecem a cada 15 dias. O primeiro encontro aborda gestantes do primeiro e segundo trimestre para discutir acerca das transformações fisiológicas do corpo na gestação, cuidados em saúde, direitos da gestante e pré-natal do parceiro, o segundo, aborda gestantes do terceiro trimestre para problematizar questões acerca do trabalho de parto, violência obstétrica e parto. Período de realização: A experiência encontra-se em curso desde o início das atividades práticas propostas pelas Residências em Saúde em Março de 2018. Objetivo: Relatar experiências vividas pelos Residentes em Saúde no processo de estímulo às mulheres no ciclo gravídico contra as violências obstétricas sofridas nos diversos cenários. Resultados: A assistência ao parto prestada às mulheres na Casa de Saúde é conduzida de forma a respeitar sua autonomia e contempla práticas humanizadas com auxílio de ferramentas que proporcionam melhor experiência nesse processo, visto que este, em vários casos, perpassa pela construção social de um momento doloroso, difícil e frágil para muitas mulheres. Ao utilizar métodos não farmacológicos para alívio da dor, escolha livre da posição, uso da banqueta, bola suíça e musicoterapia, o Residente em Obstetrícia permeia o combate aos diversos tipos de violência e práticas culturalmente utilizadas por longos períodos, desqualificadas diante das evidências cientificas atuais, fazendo com que a mulher entenda um novo cenário de parturição e nascimento. Trocando as lentes para o pré-natal realizado na Atenção Básica, percebemos que para além da avaliação das gestantes, a segunda etapa da consulta torna-se uma prática fundamental no progresso das mesmas ao longo do acompanhamento, pelo contato com informações relevantes acerca dos direitos e do empoderamento feminino ao parir. Já a realização do grupo de gestantes, possibilita que mulheres sejam estimuladas a conhecer seu corpo, limites e possibilidades no processo de cuidado gestacional e que possam trocar experiências pregressas familiares ou pessoais, proporcionado uma construção coletiva sobre as novas possibilidades de parir. Aprendizados: Podemos absorver contrastando esses dois campos de prática que a sintonia dos mesmos e a inserção de práticas inovadoras e lineares é imprescindível para a construção de um cenário modificador, pautando as questões de parto de maneira a considerar os distintos modos de cuidar e nascer na contemporaneidade. Além disso, permite que como Residentes reflitamos acerca de um futuro profissional que reconheça o lugar de fala da mulher, tornando-a o centro do processo de cuidado. Análise crítica: Ainda são inúmeros os desafios travados no caminho trilhado até o parto, principalmente os marcados pelo modelo colonial de nascimento. A quebra da hegemonia é agora o principal foco de luta. A coerção de mulheres deve ser combatida por meio de um cuidado advindo de profissionais conscientes e que ocupem lugar transformador diante da realidade discutida.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

Campus I - Lot. Cidade Universitaria, João Pessoa - PB, 58051-900