28/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-20A - GT 20 - IST/HIV/Aids, políticas públicas e inequidades |
30386 - ABORDAGEM INTEGRAL PARA PREVENÇÃO E TRATAMENTO AO HIV/AIDS E OUTRAS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS PARA HOMENS QUE FAZEM SEXO COM HOMENS EAS INOVAÇÕES AO CUIDADO
MARLY MARQUES DA CRUZ - ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA SÉRGIO AROUCA (ENSP), VANDA LÚCIA COTA - ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA SÉRGIO AROUCA (ENSP), LIZA REGINA BUENO ROSSO - SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE DE CURITIBA, CRISTIANE YUMI NAKAMURA - SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE DE CURITIBA, JULIANE CARDOSO VILLELA SANTOS - SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE DE CURITIBA, DIRLENE PACHECO VENÂNCIO - SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE DE CURITIBA, LEONARDO LINCOLN - CONSULTOR INDEPENDENTE, GLÁUCIA HARUMI MARUO KANABUSHI - CONSULTOR INDEPENDENTE, RAQUEL MARIA CARDOSO TORRES - ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA SÉRGIO AROUCA (ENSP)
A cidade de Curitiba, em 2014, passou a ser signatária da Declaração de Paris que inclui compromissos com o foco nas populações e comunidades mais afetadas pelo HIV. O objetivo desse acordo é alcançar as populações e comunidades mais vulneráveis, fazendo com que a liderança local e a inovação direcionem as políticas de saúde e os serviços de HIV para que nenhuma pessoa seja deixada para trás – incluindo desde o acesso ao diagnóstico, passando pela a adesão ao tratamento, até a manutenção de seu bem-estar e o exercício de seus direitos.
Curitiba possui uma epidemia predominantemente masculina, somando a infecção pelo HIV e Aids, de 1984 a 2017, foram registrados 13.195 casos em homens (70%) (Curitiba, 2018). Em relação às categorias de exposição dos casos de HIV/ Aids, quanto aos casos bissexual e HSH, observou-se um crescimento, importante, entre 2004 e 2017, de 28,6% dos casos em 2004 e 59,3% em 2017.
O projeto de prevenção e tratamento do HIV e outras IST para HSH faz parte de um acordo de cooperação entre a Fiocruz, o Ministério da Saúde e os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) e foi lançado em dezembro de 2018, em Curitiba, visando promover a detecção e tratamento precoce do HIV e de IST por meio da expansão do recrutamento de HSH, oferecendo testagem e tratamento imediato do HIV e outras ISTs sem discriminação e de fácil acesso e assegurando a vinculação com o serviço de saúde.
Objetivos: Implantar e avaliar a detecção, prevenção e o tratamento precoce do HIV e outras IST para HSH no Centro de Orientação e Aconselhamento (COA )e Clínica e-COA, para HSH maiores de 14 anos; distribuir os kits de auto-teste HIV de fluido oral, através de uma plataforma – www.ahoraeagora.org, para HSH, maiores de 18 anos; iniciar tratamento imediato do HIV para os HSH e vinculá-los ao serviço, para a continuação do tratamento.
Método: A coleta de dados é realizada nas duas unidades por meio da plataforma REDCap (Research Electronic Data Capture). O questionário contém informações sociodemográficas e de comportamento, além de histórico de testagem prévio. A responsabilidade da coleta é das equipes que também é responsável pela conferência de preenchimento e encaminhamento para o responsável pelo monitoramento, que faz uma nova conferência de informações e checagem de inconsistências. A partir disso é realizada a compilação mensal dos dados e construção de um conjunto de indicadores necessários para o desenvolvimento da pesquisa e orientação para tomada de decisão rápida e oportuna.
Foram realizados 1,186 testes para o HIV em homens e 81% deles eram HSH, uma das populações mais vulneráveis à infecção pelo HIV (Malta et al., 2010). Dos HSH, 60% eram jovens (20 a 29 anos), e 111 pessoas foram diagnosticadas HIV+ (prevalência de 11%), sendo a maioria jovens. 55% dos usuários HIV+ iniciaram o tratamento imediato e 40% foram vinculados à sua rede de assistência em Curitiba, em uma média de 33 dias. O tratamento precoce eleva os níveis de sobrevida, diminui a morbidade e mortalidade pela Aids e diminui a incidência de novos casos relacionados ao vírus (MONTANER, J.S.G. et al, 2017; BORGES, S.A.L. et al., 2019).
122 usuários HSH com diagnóstico HIV- tiveram indicação para PrEP, receberam a primeira medicação e estão sendo acompanhados para as demais retiradas da medicação. Estudo realizado pelo projeto Combina revelou que o maior êxito da PrEP como política pública de saúde depende de dois aspectos centrais: assegurar que os serviços sejam ambientes culturalmente diversos e livres de discriminação e a intensificação das intervenções comunitárias, incluindo as redes sociais, de forma a reduzir iniquidades no acesso aos serviços e à PrEP (Zucchi, E.M. et al, 2018).
107 usuários HSH com diagnóstico HIV-, relataram exposição sexual de risco e fizeram PEP, sendo 85% deles HSH. Em relação à sífilis, 855 testes foram realizados, sendo 79% em HSH e 141 resultados positivos (prevalência de 16%), sendo 94% em HSH. Estima-se que ocorra mais de um milhão de casos de ISTs por dia mundialmente, totalizando 357 milhões de novos casos de infecções ao ano (SILVA et al., 2016).
Para hepatites B, foram realizados 1,138 testes, sendo 80% em HSH e não houve resultado positivo, assim como nos testes de hepatites C: 1,155 testes realizados, sendo 80% em HSH. 345 usuários HSH fizeram o autoteste de fluido oral e 5 usuários foram nas unidades fazer o teste confirmatório de punção digital. A solicitação de teste via plataforma online pode facilitar o acesso dos usuários que vivem distante dos centros urbanos.
Essas estratégias com horários e locais alternativos têm sido fundamentais na garantia do acesso dos HSH à testagem e tratamento do HIV, favorecendo o início precoce do tratamento, estimulando o uso de diferentes abordagens, interrompendo a cadeia de transmissão. Os desafios a serem cumpridos é atingir a população de baixa renda, com menos acesso à informação e consequentemente ao serviço público de saúde.
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