28/09/2019 - 13:30 - 15:00 EO-20A - GT 20 - IST/HIV/Aids, políticas públicas e inequidades |
31392 - MANEJO DAS ISTS/HIV EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DA FAMÍLIA: A PERCEPÇÃO DE ACADÊMICOS DE MEDICINA DO CICLO BÁSICO LUÍZA CAROLINE FELICIANNO SAMPAIO - PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS, STHEFANI THEODORO DOS SANTOS - PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS, MILENA MORAIS VILELA - PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS, SÉRGIO GABRIELL DE OLIVEIRA MOURA - PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS, YURI BORGES BITU DE FREITAS - PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS, GREGOR MORAES LANDIM - PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS, MARIA CLARA DUARTE E PAULA - PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS, SÔNIA MARIA RIBEIRO DOS SANTOS - PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS
TÍTULO: Manejo das ISTs/HIV em uma unidade básica de saúde da família: A percepção de acadêmicos de Medicina do ciclo básico
AUTORES: Santos, T. S1; Landim, G. M.1; Sampaio, L. C. F1.; Paula, M. C. D.1; Vilela, M. M.1; Moura, S. G. O.1; Freitas, Y. B. B.1; Santos, M. R. S.1
1: Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Goiânia-GO
CONTEXTUALIZAÇÃO
L.E.D 50 anos, sexo masculino, mora em Goiânia-Go, na região da Vila Mutirão e buscava assistência para a realização de um exame sanguíneo para a identificação de ISTs após se relacionar com uma pessoa que faleceu recentemente, a qual ele suspeita que pode ter falecido devido a AIDS. Nessa perspectiva, ele não busca assistência médica há anos e afirma não o fazer por detestar ambientes médicos hospitalares e avaliar os médicos com os quais já se consultou como extremamente rudes, o que o faz acreditar que sempre que for ao médico não será agradável. Por não utilizar os atendimentos da unidade de saúde da família, não sabe qual equipe da unidade atende a quadra na qual ele reside, de maneira que pode acabar esbarrando no problema da falta de médicos que atinge a maioria das equipes de saúde da família do local, o que pode atrasar cada vez mais a chance de um diagnóstico precoce caso as suspeitas dele se confirmem.
DESCRIÇÃO
O trabalho em questão refere-se à coleta da situação-problema na Unidade Básica da Saúde da Família da região noroeste de Goiânia, onde os acadêmicos de Medicina da PUC-GO são inseridos sendo a eles permitido vivenciar situações reais de relacionamento e troca de experiências com usuários e profissionais dos serviços de saúde. Frente a isso, foi feita uma análise de um caso real relacionado a ISTs/HIV, de maneira que foi possível concretizar uma reflexão sobre os principais dilemas de um paciente nessa situação, tomando como ponto de partida o processo saúde-doença em sua dimensão biopsicossocial e cultural, com a consideração do indivíduo nos contextos familiar, laboral e comunitário.
PERÍODO DE REALIZAÇÃO
Coleta do caso foi realizada no período compreendido entre os meses de fevereiro e março de 2019 e a análise foi concluída em 30 de abril de 2019.
OBJETIVO
O presente trabalho tem como objetivo propor algumas reflexões de caráter qualitativo, acerca da percepção de um usuário dos serviços de saúde do Distrito Sanitário Escola, mediante a possibilidade de ter contraído alguma IST, para fins de aplicação de conhecimentos socioantropológicos, de forma interdisciplinar no curso de Medicina.
RESULTADOS
O estudo do caso possibilitou a elaboração de uma interpretação do comportamento do usuário, e de suas percepções do processo saúde-doença, à luz de alguns conceitos oriundos das ciências sociais. Além disso, possibilitou o entendimento do processo pelo qual o paciente é exposto ao vivenciar uma enfermidade e os anseios deste momentos antes da chegada ao consultório e como esses se relacionam com suas condições objetivas de vida, tais como sua idade, gênero, com base em alguns conceitos socioantropológicos, como a concepção do processo saúde-doença, a relação médico-paciente e o modelo explanatório leigo.
ANÁLISE CRÍTICA
A partir dos elementos abordados na construção da reflexão, percebe-se a questão da visão do gênero masculino na sociedade contemporânea permanece, ainda, arcaica e patriarcal, tendo a figura do “homem de aço”, indestrutível e ausente de problemas, isto é, a visão patriarcal abordada por Lewis Henry Morgan, a partir da concepção evolucionista, de sorte que proporcionou o sentimento de insegurança em relação à necessidade de uma consulta.
Outrossim, a visão preconceituosa do conceito do HIV permitiu que o paciente se sentisse reprimido e com receios que se estendiam da ida ao consultório médico a um diagnóstico positivo para a doença, haja vista que essa concepção carrega, consoante a fenomenologia da doença explicada por Paulo César Alves, além de aspectos físicos, elementos de caráteres moral, social e psicológico.
Além disso, a visão social de impotência perante a morte permitiu que o L.E.D tivesse receio de consultar o médico. Isso posto, no que tange as mortes social e biológica, Louis-Vincent Thomas relaciona a súbita mudança de comportamento, mesmo sem a certeza do diagnostico, com medo de perder sua utilidade dentro do patriarcalismo supramencionado, o que pode levar o sujeito a interdições sociais. Nessa perspectiva, ele perderia, de certa forma, sua funcionalidade, caso fosse, definitivamente, um portador do HIV.
Ante o exposto, observa-se a importância de se formar médicos cientes de que o paciente possui bagagem cultural e que esta deve ser levada em conta na efetuação tanto de uma anamnese quanto de um diagnóstico clínico preciso, com o intuito de cativar o paciente e incentivá-lo, pois, a procurar ajuda médica toda vez que precisar, independentemente do provável prognóstico. Desmistificando, assim, preconceitos velados em relação a AIDS que permeiam, isocronicamente, o ambiente médico e a sociedade em si.
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