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Grupos Temáticos

28/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-20A - GT 20 - IST/HIV/Aids, políticas públicas e inequidades

31428 - O PAPEL DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NA GESTÃO DO CUIDADO INTEGRAL DAS PESSOAS VIVENDO COM HIV/AIDS- RELATO DE EXPERIÊNCIA EM PORTO ALEGRE
TIAGO SIGAL LINHARES - SMS PORTO ALEGRE, ANA AMÉLIA NASCIMENTO DA SILVA BONES - SMS PORTO ALEGRE / UFCSPA, MCARTHUR ALEXANDER BARROW - SMS PORTO ALEGRE, AIRTON TETELBOM STEIN - UFCSPA


Contextualização: O modelo de atenção às pessoas vivendo com HIV/aids (PVHA) concentra-se em Serviços de Atenção Especializada (SAE). Entretanto, durante a história da evolução do tratamento antirretroviral surgiram diferentes níveis de complexidade dos casos no cuidado à saúde, incluindo a Atenção Primária à Saúde (APS) que pode manejar clinicamente PVHA que estão imunocompetentes. Desse modo, a linha atual de cuidado às PVHA trabalha com simplificação de tratamento e apresenta a infecção pelo HIV como condição crônica e as ações se baseiam conforme a realidade do território. Assim, os SAE continuam sendo fundamentais, mas a linha de cuidado também envolve outros serviços de saúde, em especial a APS. O Boletim Epidemiológico 2018 classifica Porto Alegre/RS como a capital nacional com maior incidência de aids há 13 anos, com a taxa de detecção de 60,8 casos/100 mil habitantes. Porto Alegre, apesar de tendência de queda nos últimos dez anos, é a capital que possui maior coeficiente de mortalidade (24,2 óbitos/100 mil hab), equivalente a 4 vezes a média nacional.
Descrição: Com a orientação do Comitê Municipal de Mortalidade pelo HIV/aids de Porto Alegre/RS de monitorar casos de PVHA que acessam a unidade de saúde da APS, uma equipe de Estratégia de Saúde da Família organizou uma tabela de excel de acesso restrito com informações referentes a dados epidemiológicos,tratamentos prescritos, comorbidades associadas, vínculos com serviços especializados, as suas aderências medicamentosas e os valores de CD4 e carga viral(CV) do vírus HIV dos seus usuários com HIV/aids. Assim, iniciou-se em agosto de 2018 a construção da tabela com a pactuação de atualização constante. Nessa experiência foram registrados 160 PVHA no território de aproximadamente 5000 habitantes de uma região central de Porto Alegre. Destes 160, 67 não residem mais no território. Do ponto de vista epidemiológico: 41(44,1%)mulheres, 02(2,2%) mulheres trans, 50(53,8%) homens, 0 homens trans; no quesito raça cor são 64(68,8%) brancos, 9(9,7) pardos, 20(21,5%) pretos e 0 amarelos. Em relação ao tratamento, 15(16,1%) encontram-se em esquema antirretroviral de 1º linha com tenofovir, lamivudina e dolutegravir, 19(20,4%) em uso de tenofovir, lamivudina efavirenz; 50(53,8%) com outros esquemas, 09(9,7%) sem uso de TARV. Em relação à CV, 54 possuíam cargas virais indetectáveis, 11 abaixo de 10.000, 4 até 50.000, e 9 acima de 50.000 cópias. Em relação à contagem do CD4, não foram observados pacientes com valor abaixo de 50, 05(5,5%) entre 50 a 100, 16(17,2%%) entre 100 a 350, 09(9,7%)entre 350 a 500 e 39(41,9%) acima de 500. Como a mortalidade está relacionada ao valor de CD4, a equipe organizou-se para realizar busca ativa e verificar as necessidades individuais de PVHA com CD4<100, respeitando o princípio de equidade no processo. Destes, 01 estava em acompanhamento apenas na APS e 04 no SAE. Aos que não estavam em tratamento foi realizado o manejo de orientação da importância do tratamento, respeitando suas individualidades com o objetivo de retomada do tratamento para melhora do seu estado de saúde.
Período de realização: De 01/08/18 a 30/05/19.
Aprendizados: No serviço público, frequentemente somos solicitados a preencher planilhas para alimentar dados para controle do município, entretanto ao olhar para os mesmos, podemos refletir sobre o serviço prestado e o público que estamos atingindo. Na APS, existem demandas diárias em unidades de saúde, com atendimento de pacientes com diferentes necessidades e patologias, prestação de consultas clínicas, atividades de grupo e ações coletivas. Nesse contexto, grupos prioritários recebem atenção especial, incluindo as PVHA; contudo, a gestão do cuidado para fornecer um atendimento integralizado e personalizado aos pacientes com risco de morte se faz necessário. Não cabe à APS tratar apenas os que buscam atendimento, mas também aqueles que necessitam e não conseguem prover seu autocuidado. Apesar da prescrição do TARV nessas condições clínicas ser feitos por SAE, é papel da APS garantir o acesso ao SAE, iniciar a quimioprofilaxia, tratar comorbidades, incluindo saúde mental, e acionar parcerias com serviços sociais e rede de apoio do paciente.
Análise crítica: Com a Meta 90-90-90, a qual diferentes países do mundo pactuaram organizar políticas públicas para enfrentar a epidemia do HIV, a APS também pode ter um lugar de destaque trabalhando com equidade com os usuários que mais necessitam de ajuda pelo iminente risco de morte. A proposta da tabela é simples, sem gastos e pode mapear os principais casos que devem ser buscados, mesmo que o usuário não acesse a unidade. Evidentemente, todas as PVHA devem ser acolhidas e atendidas, e suas escolhas ao seu cuidado de saúde devem seguir um plano terapêutico conjunto. No entanto, enxergar o usuário que perde o seguimento nos SAE pode ser uma estratégia de enfrentamento ao HIV.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

Campus I - Lot. Cidade Universitaria, João Pessoa - PB, 58051-900