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Grupos Temáticos

30/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-20C - GT 20 - IST/HIV/Aids, ativismos e subjetividades

31091 - NARRATIVAS CORPORAIS SOBRE A PRÁTICA DO EXERCÍCIO FÍSICO E O HIV/AIDS
KÁTIA OVÍDIA JOSÉ DE SOUZA - IFF/FIOCRUZ, IVIA MAKSUD - IFF/FIOCRUZ, PAULA GAUDENZI - IFF/FIOCRUZ


Desde o início da epidemia, na década de 1980, os corpos das pessoas vivendo com HIV/aids são associados a modificações corporais, entre elas o emagrecimento, a queda de cabelo, problemas dermatológicos e, sobretudo, a lipodistrofia. Esta última é caracterizada como uma síndrome, recebendo destaque em capítulo no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para o Manejo da Infecção pelo HIV em adultos (2018). Neste protocolo, a Lipodistrofia é descrita como um grupo de desordens do tecido adiposo caracterizadas pela alteração seletiva de gordura de várias partes do corpo. A redistribuição da gordura corporal pode ser acompanhada por alterações metabólicas (como em colesterol e triglicerídeo). Independente das modificações corporais, o Ministério da Saúde já recomenda fortemente a alteração no estilo de vida para pessoas vivendo com HIV/aids, o que inclui a prática do exercício físico. Em particular, para as pessoas vivendo com HIV/aids com lipodistrofia a prática do exercício físico ganha ênfase enquanto tratamento mais relevante para o controle da síndrome. O objetivo deste trabalho é apresentar parte dos resultados da pesquisa que visou compreender narrativas corporais de pessoas vivendo com HIV/aids. O estudo foi realizado no Rio de Janeiro entre 2018 e 2019. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de análise de narrativas fundamentada em autores como Bertaux (2010) e Pollak (1989, 1992), e que utilizou como técnicas a entrevista semiestruturada e a observação participante, especialmente em uma academia de ginástica direcionada para pessoas vivendo com HIV/aids. Esta academia pertence a um espaço universitário e é gratuita. Ela é uma iniciativa de professores da universidade que decidiram organizar um projeto de pesquisa voltado para as pessoas vivendo com HIV/aids e lipodistrofia, e não está vinculada a rede de cuidados à saúde (SUS). Prevalece como resultado de pesquisa a prática do exercício físico como uma prescrição médica. O pertencimento social e a classe podem interferir na procura pelo local para praticar o exercício físico, uma vez que alguns entrevistados praticam seus treinos em academias privadas. Para a pessoa vivendo com HIV/aids sem renda que comporte uma mensalidade de academia, esta prescrição médica pode proporcionar uma desarticulação entre o que é prescrito, e recomendado pelo Ministério, e a continuidade do cuidado do corpo, podendo significar uma ruptura no cuidado. Neste aspecto, a academia universitária acaba se tornando uma referência para estas pessoas vivendo com HIV/aids. Além disso, esse espaço não recebe somente pessoas vivendo com HIV/aids e lipodistrofia. Pessoas vivendo com HIV/aids sem lipodistrofia se matriculam na academia, uma vez que a lipodistrofia tornou-se um fantasma para o soropositivo. Como a academia tem um projeto voltado para este público, para a pessoa vivendo com HIV/aids o desvelamento de sua condição sorológica ao educador físico não é vivenciado como uma tensão, e os treinos são desenvolvidos de acordo com a necessidade singular da pessoa vivendo com HIV/aids, como a lipodistrofia. Para as pessoas vivendo com HIV/aids de academias privadas o sigilo da condição sorológica é vivenciado como uma tensão, devido ao estigma e discriminação em função do HIV/aids. Centralizar a prática de exercícios físicos das pessoas vivendo com HIV/aids na academia especializada pode significar uma restrição do treino da pessoa vivendo com HIV/aids em academias não especializadas. Concluímos que o fato de uma pessoa vivendo com HIV/aids praticar exercícios físicos em uma academia, seja ela especializada, como a observada, ou de bairro ou particular, envolve problematizar o sigilo em torno do HIV/aids e a prescrição de treinos.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

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