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Grupos Temáticos

30/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-20C - GT 20 - IST/HIV/Aids, ativismos e subjetividades

31211 - SOCIABILIDADES, DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÕES E ATIVISMO EM HIV/AIDS NA EXPERIÊNCIA DA COLETIVA LOKA DE EFAVIRENZ
LUMENA CRISTINA DE ASSUNÇÃO CORTEZ - UFRN, MERCÊS DE FÁTIMA DOS SANTOS SILVA - UFRN, LUCAS PEREIRA DE MELO - USP


Introdução: A epidemia da síndrome da imunodeficiência adquirida (aids), advinda da infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) teve seu início na década de 1980 e atingiu principalmente homens homossexuais, fato que trouxe à tona a discussão sobre corpos e práticas sexuais tidas como promíscuas e dissidentes. Diante disso, o ativismo em HIV/aids tem sido importante para a conquista de direitos e a elaboração de políticas públicas de saúde e sociais voltadas para o enfrentamento dos casos da infecção e doença, no âmbito nacional e internacional. Esse ativismo emergiu como uma nova forma de engajamento expressada através da visibilidade pública e da performance repercutidas pela mídia, rompendo o silêncio individual e coletivo. Nesse sentido, no cenário atual de expansão ao acesso à internet, embora seja evidente a desigualdade no seu uso e incorporação, principalmente às redes e mídias sociais, podem ser facilitadores de contato entre pessoas localmente distantes, mas que compartilhem o interesse por uma mesma temática. Objetivos: Compreender a atuação da Coletiva Loka de Efavirenz numa rede social na internet no contexto do ativismo em HIV/aids. Método: Trata-se de uma etnografia multissituada, cujo trabalho de campo compreendeu o período de maio de 2017 a julho de 2018. Participaram do estudo seis sujeitos membros da Coletiva Loka de Efavirenz com idade entre 23 e 28 anos, em sua maioria, naturais do estado de São Paulo, homens, homossexuais e com ensino superior completo ou em andamento. A observação participante ocorreu na página da Coletiva na rede social Facebook e em eventos e intervenções artísticas protagonizadas pelos ativistas, cujos relatos foram registrados em diário de campo. Além disso, utilizou-se questionário sociodemográfico e entrevistas semiestruturadas. A análise dos dados se deu através de Codificação Temática. A pesquisa seguiu as recomendações éticas da Resolução nº 510/2016 e foi aprovada por Comitê de Ética em Pesquisa. Resultados e Discussão: A página Loka de Efavirenz na rede social Facebook foi criada em 2016, após a participação de alguns membros em um curso sobre ativismo político. A maioria dos interlocutores desta pesquisa participou do curso e, embora alguns já se conhecessem, a experiência em comum do evento fortaleceu os laços, os “incômodos” e ideias relativas à experiência de vida com o HIV/aids. Vale salientar que durante o trabalho de campo, a Coletiva contava com cerca de 30 integrantes. Assim, desde sua idealização trazem pautas de reivindicação que articulam questões locais e globais, pontuando (também) em forma de denúncias aspectos macroeconômicos e macroestruturais, e dimensões interpessoais e subjetivas sobre a experiência com o HIV/aids, como os efeitos colaterais dos antirretrovirais, criminalização da transmissão do HIV/aids, o racismo e o genocídio da população negra, e o desmonte da política de aids no Brasil. As estratégias de mobilização utilizadas, por sua vez, são mediadas e produzidas na internet (on-line) e face a face (off-line), como a elaboração de conteúdo virtual, produção e apresentação de performances artísticas, ações com cartazes em universidades, participação em eventos nacionais e internacionais, entre outros. Essas estratégias favorecem o diálogo, a troca de informações e de experiências com diferentes pessoas. A interação no ambiente da rede social acontece de diferentes formas: diretamente nas postagens em forma de comentário, curtidas (like) e compartilhamentos; e troca de mensagens privadas (inbox). Além disso, a temática do ativismo em HIV/aids esteve ligada à metáfora militar de “luta por algo”, inseridos em um “cenário de guerra”, refletidas através das denúncias e da exposição de mecanismos estruturais que perpetuam desigualdades sociais em parte das pessoas vivendo com o HIV/aids (PVHA). Nesse sentido, a percepção dos interlocutores sobre ser ativista em HIV/aids esteve relacionada a ser atuante no movimento de luta contra aids, de modo a dar visibilidade política ao tema e aos atores sociais envolvidos, apesar dos relatos sobre se entenderem enquanto ativistas ou militantes tenha sido diversa. Conclusões: Os “incômodos” que potencializaram o interesse de criação da página na internet refletiram as insatisfações e fragilidades vivenciadas por PVHA na sociedade e ao acessar as políticas públicas de saúde. A página se apresenta como espaço para iniciativas coletivas e interações contínuas nos ambientes on-line e off-line entre aqueles que a acessam, o que possibilita diálogos, troca de informações e experiências, apontando para outras formas de enfrentamento do adoecimento e de sociabilidades mediadas digitalmente. Assim, reforça-se a importância das vozes da sociedade civil como o motivo condutor e adjuvante para o estabelecimento de respostas políticas e sociais eficientes e pautadas nas diferentes realidades e cenários que atravessam a epidemia de HIV/aids.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

Campus I - Lot. Cidade Universitaria, João Pessoa - PB, 58051-900