Clique para visualizar os Anais!



Certificados disponíveis. Clique para acessar a área de impressão!

Associe-se aqui!

Grupos Temáticos

28/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-20A - GT 20 - IST/HIV/Aids, redes de Saúde e proteção social

30035 - QUANDO A RUA É UM LAR: DESAFIOS DA ASSISTÊNCIA EM SAÚDE REALIZADA COM PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA ACOMETIDAS POR DOENÇAS INFECTOCONTAGIOSAS.
LUÍS PEREIRA DA SILVA NETO - RIS-ESP/CE HOSPITAL SÃO JOSÉ DE DOENÇAS INFECCIOSAS, JULIANA ALVES DO NASCIMENTO - RIS-ESP/CE HOSPITAL SÃO JOSÉ DE DOENÇAS INFECCIOSAS, EVELYN CRISTINA DE SOUSA PENAS - PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA UFC/ VOLUNTÁRIA HSJ


A População em Situação de Rua (PSR) possui particularidades e demanda intervenções de diferentes políticas públicas para efetivação do bem estar e cuidado desses sujeitos. Objetiva-se relatar os aspectos da assistência à saúde para pacientes em situação de rua internados em hospital de referência em doenças infecciosas. Este trabalho trata-se de um estudo descritivo qualitativo do tipo relato de experiência, realizado a partir da vivência de Residência Integrada em Saúde, no período de outubro de 2018 a abril de 2019. O cenário do estudo foi um Hospital de referência em Doenças Infecciosas da cidade de Fortaleza-CE, sendo realizada a descrição dos principais aspectos relacionados às vivências assistenciais em saúde a pacientes em situação de rua que realizam acompanhamento específico em Infectologia. Como resultados, surgiram diversos agravantes para o aumento significativo da PSR acometidas por doenças infectocontagiosas, gerados em face da extrema pobreza, vínculos familiares fragilizados e/ou rompidos e a inexistência de moradia regular, o que podemos apontar como consequência da crise econômica e social no país e do aumento do uso problemático de substâncias psicoativas. Portanto, essa população encontra-se exposta a uma imensa gama de agravos à saúde, em particular as doenças infectocontagiosas, como por exemplo, Tuberculose, Leishmaniose, HIV/AIDS e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) como a sífilis e as hepatites virais. Faz-se necessário um conjunto de ações que perpassem diferentes setores e categorias profissionais, de modo a contribuir facilitando o acesso das PSR aos serviços de saúde. As condições precárias de vida dessas pessoas, a carência de profissionais capacitados em redução de danos e políticas de humanização do processo saúde-doença a fim de oferecer a assistência à saúde efetiva, tornam difíceis a garantia do acesso à saúde e continuidade do processo de cuidado desse segmento social, tendo em vista as inúmeras dificuldades que se apresentam neste cenário, como: falta de locais adequados para atendimento de saúde assim como para acompanhamento da adesão medicamentosa após alta hospitalar, dificuldades no acesso aos recursos terapêuticos e inabilidade dos profissionais de saúde ao vínculo com este tipo de população. No caso da PSR que vive com HIV, a assistência em saúde demanda mais ainda uma rápida e eficaz articulação da rede de saúde em que a pessoa está inserida, pois o sujeito necessita de acompanhamento sistemático e progressivo para o controle da infecção, a não proliferação de sintomas e a quebra da cadeia de transmissão. É importante destacar a parceria com instituições que atuam em ações preventivas das IST/HIV/AIDS e na assistência às pessoas vivendo com HIV/AIDS, prestando apoio aos pacientes no período da internação e após alta hospitalar, auxiliando na construção de uma rede de assistência em saúde a esses sujeitos. De acordo com o Ministério da Saúde do Brasil, PSR encontram-se como uma das populações prioritárias para terem acesso a prevenção combinada do HIV e outras IST, pois são parte de um segmento populacional que possui caráter transversal e suas vulnerabilidades estão relacionadas às dinâmicas sociais locais e às suas especificidades. Mas as PSR além do acesso dificultado aos serviços de saúde, também tem problemas para acessar as medidas profiláticas para HIV e IST. Por mais que as políticas de saúde prezem pela prevenção de agravos e a não contaminação de camadas sociais mais vulneráveis, os métodos profiláticos como preservativos, vacinas, a PreP (Profilaxia Pré-Exposição ao HIV) e a PeP (Profilaxia Pós-Exposição ao HIV) não chegam a quem mais necessita e tem risco de exposição aumentado. Há ainda que se ressaltar que a atual Política Nacional sobre Drogas, pautada no modelo da abstinência e não na redução de danos, é um dos desafios a serem enfrentados na assistência a essa população, visto que a redução de danos é uma das formas mais efetivas de controle das ISTs, HIV e Hepatites. Cabe, diante disso, o questionamento: Como evitar que as PSR cheguem a um nível de adoecimento que seja necessária uma internação em nível terciário? A criação de políticas efetivas que possibilitam o acesso dessas pessoas aos serviços de saúde e aos métodos de prevenção seria um caminho a se seguir como prioritário na assistência em saúde. Por fim, conclui-se numa análise crítica que a rotina dos serviços de saúde é rígida e, por vezes, não leva em consideração as demandas específicas desses usuários, o que propicia limitações ao acesso, como fluxograma burocrático para o agendamento de consultas e fatores que agravam sua invisibilidade social, além do preconceito e má conduta de parte dos profissionais não capacitados para tais demandas. Assim, para os serviços de saúde, permanece o desafio de operacionalizar tecnologias e políticas específicas voltadas ao atendimento das necessidades e demandas desse grupo populacional afetado por doenças infectocontagiosas.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

Campus I - Lot. Cidade Universitaria, João Pessoa - PB, 58051-900