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Grupos Temáticos

28/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-20A - GT 20 - IST/HIV/Aids, redes de Saúde e proteção social

30376 - APROXIMAÇÕES E CONTAMINAÇÕES TEÓRICAS SOBRE AIDS E DANÇA
ELINE GOMES DE ARAÚJO - UFPE


Introdução
Dança e aids são palavras que se encontram pelos caminhos do corpo, ambas acionando nele circuitos integrados em redes complexas. Metaforicamente elas percorrem curvas, dobram numa esquina, cruzam-se em vielas, fazendo o corpo produzir uma gama de significados.
Ao final da segunda década do século XXI, são cerca de 36,9 milhões de pessoas vivendo com hiv/aids no mundo, destas, 1,8 milhões na América Latina, e uma estimativa de 1,8 milhões de novos casos ao ano, com 940 mil mortes por aids no mundo em 2017, segundo dados do UNAIDS . No Brasil, neste mesmo ano, foram diagnosticados 42.420 novos casos de HIV e 37.791 casos de aids . Estima-se que 850 mil vivem com o vírus.
Nas primeiras décadas da epidemia, principalmente por sua forma de transmissão ocorrer através de relações sexuais e inoculação de sangue ou derivados – apesar do conhecimento também da transmissão vertical, ou seja, da mãe para o filho na gestação – a infecção por HIV/Aids surgiu como nova peste, de transmissão sexual, adquirindo como epidemia repercussões drásticas na sociedade quanto às suas práticas comportamentais e sexuais, e quanto ao afastamento da convivência com os infectados, proliferando concomitantemente uma epidemia de significados e uma epidemia viral (GERE, 2004).
A este mesmo passo, o universo de artistas de dança, teatro e performance eram atingidos pela epidemia, quando diversos deles foram infectados e desapareceram da cena teatral da época, mas também contribuíram para construções de obras e significados sobre o tema, através de criações sobre o que estavam vivendo ou convivendo. Muitos se tornaram ativistas em ‘coreografias’ nas ruas, nos palcos, em funerais e incitaram reações sociais para mudanças das políticas de saúde contra Aids (GERE, 2004). Além disso, o contexto histórico das produções artísticas e da forma de fazer dança sofreu influências, contaminações e novos modos e configurações de dança como experiência artística. A dança ocidental clássica que estabelecia parâmetros e treinamentos específicos para um corpo que pode dançar, passa a ser revisitada e reconstruída, a cada interferência dos corpos individuais com suas singularidades, e do corpo social com sua diversidade de culturas e questões contemporâneas.
Para subsidiar uma prática em dança com pessoas soropositivas, fruto de uma pesquisa de mestrado, este resumo traz um recorte atualizado da dissertação “Contato Improvisação e AIDS: Dança Enquanto Poder-Corpo e Saber-Poder” (ARAÚJO, 2010).
Objetivos
Contextualizar historicamente a epidemia de AIDS e da infecção por HIV e um período da história da dança como fundamentação teórica para uma pesquisa participante prática de dança com pessoas soropositivas. Dois objetivos principais foram destacados: perceber como podem ser aproximados no corpo (individual e social) os contextos aids e dança; apresentar o corpo como mote de cruzamento interteórico entre os ambientes da aids e da dança.
Metodologia
Para discutir o corpo social com aids, parte-se da noção de indivíduo perigoso e de relações de poder, de Michel Foucault (1979, 1988, 2006), das metáforas da aids de Susan Sontag (2007), da discussão sobre risco e vulnerabilidade, a partir de Ricardo Ayres (2003, 2006, 2008), e dos conceitos de comunidade e gueto, de Zygmunt Bauman (2003). No campo da dança foram utilizados o entendimento de dança ativista no contexto da aids, por David Gere (2004); o conceito de dança contemporânea, de Helena Katz (2003, 2005), a dança política de coletivos autônomos, com conceito de poéticas de multidão, de Isabelle Nogueira (2008), os modos de estar da dança contemporânea de Thembi Rosa Leste (2010), e o conceito de contaminação para historiografia da dança, de Fabiana Britto (2008).
Resultados e Discussão
Esta aproximação pode ser vista em três etapas: uma introdutória, que trata de aspectos conceituais de cada um dos campos de conhecimento; uma que aprofunda e suas perspectivas históricas; e uma terceira que enfoca questões essenciais para compreensão do estigma e preconceito das pessoas com HIV/AIDS, como as noções de indivíduo perigoso e relações de poder na sociedade contemporânea.
Conclusão
Embora pareçam distantes epistemologicamente, esta pesquisa proporcionou aproximações teóricas possíveis entre os universos Dança e AIDS, especialmente como forma de lançar uma nova perspectiva para os corpos vivendo com HIV, borrando as fronteiras entre a prática clínica, as políticas de saúde pública e a vida, através das diversidades dos corpos que dançam e da vida cotidiana vista como performance e deixando uma questão: quais são as construções possíveis que ‘danças contemporâneas’ nos trazem, nos colocam, nos desafiam, para discutir o corpo com HIV/aids?

local do evento

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