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Grupos Temáticos

29/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-20B - GT 20 - IST/HIV/Aids, prevenção, diagnóstico e tratamento

31435 - DIAGNÓSTICO DO HIV: UM PONTO DE INFLEXÃO NA CONSTRUÇÃO DE UMA NOVA NARRATIVA DE SI
MÁRCIA CRISTINA GRAÇA MARINHO - UNEB, SILVANA LIMA GUIMARÃES FRANÇA - UNEB, MONICA COUTINHO CERQUEIRA LIMA - FSBA, SANDRA ASSIS BRASIL - UNEB, GLADYS MARIA ALMEIDA SANTOS - GAPA-BA, ROSA BEATRIZ GRAÇA MARINHO - GAPA-BA


INTRODUÇÃO: A Aids depois de 30 anos de seu aparecimento no mundo ainda coloca para todos o desafio de constituir estratégias de conhecimento e prevenção frente a mesma, as quais ocorrem a partir de múltiplos modos de responsabilidade individual com ações coletivas e sociais. Ter a Aids como uma possível experiência pessoal de viver com HIV/Aids é uma marca de nossa contemporaneidade e parte de um quadro mais amplo de desigualdades e vulnerabilidades. O desvelar da condição sorológica se coloca como um momento crítico na trajetória de vida dos sujeitos, no qual se começa a delinear a assunção de uma nova identidade de si, mediada por classificações clínicas do campo da biomedicina que fomentam a emergência de uma identidade multifacetada e diversamente nomeada. OBJETIVOS: A pesquisa que deu origem a este trabalho teve como objetivo geral compreender a percepção de adolescentes e jovens de 16 a 25 anos vivendo com HIV e Aids, residentes em Salvador e atendidos em serviços especializados de assistência à Aids na rede pública de saúde da cidade, acerca do viver com HIV e Aids e suas experiências com o uso de medicações antirretrovirais. METODOLOGIA: Estudo de abordagem qualitativa, com utilização da técnica da história de vida que articula as narrativas de jovens em torno da percepção das suas experiências do viver com HIV/Aids e sua correlação com os contextos socioculturais nos quais estão inseridos. A pesquisa foi realizada na cidade de Salvador-BA, entre outubro de 2018 a janeiro de 2019, com realização de entrevistas em profundidade junto a cinco jovens vivendo com HIV/Aids. Para esse estudo, foram selecionadas as histórias de vida de uma adolescente de 17 anos pela transmissão vertical e dois jovens, com as idades de 22 e 25 anos, ambos homossexuais e com transmissão sexual. O perfil dos jovens foi diferenciado em torno das seguintes categorias: formas de infecção pelo vírus (transmissão vertical ou transmissão sexual), experiências de viver com HIV/Aids, adesão a terapia antirretroviral e questões relativas a condições socioeconômicas, gênero e raça/cor. Utilizou-se da análise de narrativas, destacando-se a produção dos sentidos vividos em torno das trajetórias do viver com HIV/Aids para compreender a revelação diagnóstica como um momento de ruptura biográfica e reconfiguração identitária. Pesquisa aprovada por Comitê de Ética e Pesquisa e financiada pelo Gapa-Ba e UNICEF. RESULTADOS E DISCUSSÃO: A Aids na trajetória de vida dos sujeitos entrevistados não se apresentava como uma realidade distante, da qual só tomaram parte após a revelação diagnóstica e isto em razão de histórias familiares de convivência com a Aids, bem como devido a identidade sexual homossexual, grupo populacional onde a Aids mais tem registrado aumento do número de casos. A transmissão vertical já confere uma marca identitária própria aos seus sujeitos, e isto foi reforçado no caso da jovem de 17 anos moradora de uma Casa de Apoio que já cresce consciente desta imposição identitária, a qual envolve operações complexas e até antagônicas de encobrimento e revelação. A ocorrência de sintomas e o aparecimento de doenças oportunistas foi o elemento desencadeador para a realização do teste diagnóstico em dois dos entrevistados e este momento marcou o inicio de um conjunto de mudanças de práticas e aquisição de rotinas e cuidados de saúde. Os serviços de testagem utilizados pelos entrevistados, em serviços de saúde particulares falharam no acolhimento e na comunicação diagnóstica adequada, o que representou para um dos entrevistados o retardamento do seu início do tratamento. Sentimentos de injustiça, traição e vitimização estiveram presentes em dos entrevistados como reação a sorologia positiva e com repercussões em sua nova condição identitária. Os entrevistados diagnosticados positivos pela transmissão sexual narraram a necessidade de um período de adaptação e aceitação da nova condição identitária, de se entenderem como pessoas com novas necessidades e responsabilidades e, isto muitas vezes é incompatível as prerrogativas do inicio imediato da terapia antirretroviral. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Os processos tomados por cada um dos entrevistados para dar conta da revelação diagnóstica e, em sua sequência a adaptar-se a nova condição de viver com HIV/Aids, informam caminhos distintos onde a dimensão subjetiva e os recursos psicoemocionais de cada pessoa não ficam subsumidos às categorias clínicas de categorização e classificação. Os sujeitos mobilizam recursos de diferentes modos, para dar conta da reconstrução de uma narrativa sobre si mesmo, ao mesmo tempo em que manejam com diferentes fatores como o tratamento, seus marcadores de pertencimento, suas famílias, sexualidade, expectativas futuras, estigma e preconceito, que atuam favorável ou desfavoravelmente nesta possibilidade de viver com HIV/Aids.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

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