30/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-20C - GT 20 - IST/HIV/Aids e suas intersecções |
30406 - ESPIRITUALIDADE: UMA ALIADA NA TERAPÊUTICA EM PESSOAS VIVENDO COM HIV RAFAELA DUARTE MOREIRA - UFPB, ANA PAULA RODRIGUES CAVALCANTI - UFPB
Ao se falar de integralidade do cuidado à pessoa vivendo como HIV (PVH), deve-se levar em consideração a dimensão espiritual, pois esta tem influências transversais sobre todo o ser.
Os conceitos sobre espiritualidade e religiosidade não estão fechados pela academia por se tratarem de questões subjetivas e dinâmicas dentro da sociedade, além de dependerem do lugar de fala daquele que os definem.
Os conceitos trazidos como definição remetem ao contexto brasileiro, visto que se trata de um país que abraça um quantitativo elevado de religiões declarantes e ainda as espiritualidades não religiosas, tornando a população brasileira plural quanto à religiosidade.
O conceito de espiritualidade, ligada à transcendência atribuída a forças superiores, reporta a uma perspectiva de cuidado e proteção nas situações adversas, comum em momentos de descoberta de diagnóstica. Por tanto, a espiritualidade não tem a necessidade da ligação direta a práticas institucionalizadas, pois a espiritualidade parte da escolha, da experiência e seu estilo de vida, levando uma busca de significado e sentido para tal do próprio ser humano.
Então, diante da necessidade de aplicabilidade destes conceitos dentro do cenário do processo saúde-doença e para melhor entender a interligação da espiritualidade/religiosidade nas PVH, realizou-se pesquisa bibliográfica em artigos publicados sobre a temática utilizando os seguintes descritores: HIV e espiritualidade ou religiosidade.
Os critérios de seleção para esta pesquisa foram definidos como: ter data limite de publicação de 2012, amostra de população realizada no Brasil e tema central que envolvesse a temática em PVH forma direta. Diante, disto foram selecionados quinze artigos para compor a pesquisa. Após o tratamento dos dados, observou-se a temática da influência da espiritualidade na adesão terapêutica, autoconhecimento como fortalecimento do ser e melhoria de indicadores de saúde.
Evidenciou-se a importância da espiritualidade no processo saúde-doença em PVH, revelando que o enfrentamento religioso, seguido das crenças e de suas práticas, ajudam a regular as mudanças que ocorreram durante o período de enfrentamento da doença, reduzindo o stress emocional, principalmente ao apegar-se à transcendência com o divino. Logo, fatores que se tornam adjuvantes no tratamento terapêutico.
As práticas espirituais foram apresentadas como fonte de enfrentamento da doença, tendo a oração e a meditação como aliados no processo de busca pelo sentimento de esperança oferecendo uma condição favorável do emocional, resultando em uma forte influência sobre o físico.
A busca por significado e sentido de vida, logo após a descoberta diagnóstica, também foi revelado através do estudo, que fora demonstrado como um processo de resiliência e apego ao autocuidado.
A influência do acolhimento e conforto por parte de grupos religiosos foi evidenciado como fator positivo na terapêutica do HIV, lhes conferindo melhor qualidade de vida.
Os resultados demonstraram que os níveis de CD4 estavam mais elevados em PVH com enfrentamento religioso positivo, assim como valores indetectáveis de carga viral estavam mais presentes neste grupo de pessoas, transparecendo mais uma vez a evidência positiva na terapêutica.
Finalizando, evidenciamos que o enfrentamento religioso positivo traz benefícios aos que assim utilizam esta forma de resiliência no processo saúde-doença em HIV/AIDS, podendo o profissional de saúde utilizá-la como fator adjuvante na terapêutica, desde que seja incentivada com responsabilidade ética.
Com isso, os profissionais de saúde podem adentrar ao universo das Ciências das Religiões, pois esta contribui oferecendo o estudo sistemático para compreensão das religiões, religiosidades e espiritualidades, lhe conferindo uma olhar mais humanizado ao longo do cuidado ao paciente.
Há um caminho já percorrido importante para a construção atual, mas há um mar da subjetividade que precisar ser desbravado pelas multiáreas do conhecimento para que seja alcançado o objetivo fim de todo aquele que busca o alívio de sua doença no profissional de saúde.
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