28/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-23A - GT 23 - Promoção da saúde - políticas, práticas e vivências |
31130 - PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA NA PERSPECTIVA DA REDUÇÃO DE DANOS EM JOÃO PESSOA-PB: POSSIBILIDADES DE ENCONTROS. MIKAELLY DUARTE LEITE - UFPB, BEATRIZ GEIZIANE DA CUNHA RODRIGUES - UFPB, MARIA DANDARA LOPES FERREIRA - UFPB, JOALISON ARAÚJO MARINHO
Contextualização: Por ser um ambiente educativo e de pluralidades, a escola deve ser pauta na oferta de práticas de prevenção e promoção de saúde, seguindo dessa forma, o objetivo proposto pelo Programa Saúde na Escola (PSE). Em um bairro da cidade de João Pessoa-PB, foi realizado uma roda de conversa sobre Prevenção ao Uso de Drogas em uma escola da rede pública municipal. Descrição: Esta experiência foi desenvolvida mediante parceria entre a enfermeira de uma Unidade de Saúde da Família e uma equipe da Residência Multiprofissional em Saúde Mental (RESMEN) vinculada a Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Tendo em vista que um dos papéis do residente é qualificar e ampliar o cuidado em saúde, recebemos informações de profissionais de que haviam demandas relacionadas ao uso problemático de álcool e outras drogas pelos alunos. A enfermeira articulou com a diretora e professores da escola o dia e horário, bem como a seleção das turmas em que essa demanda era mais presente. Nós residentes planejamos cada momento da roda de conversa e decidimos utilizar da postura ética da Política de Redução de Danos para trabalhar a temática tendo em vista o respeito às escolhas e realidades dos sujeitos. A experiência aconteceu no refeitório da escola com duas turmas, aproximadamente 40 alunos entre 11 e 15 anos de idade. As cadeiras foram organizadas em formato de roda e iniciamos o momento com uma breve apresentação de cada pessoa e da temática para quebrar o gelo e nos aproximar. Em seguida, foi trabalhado com uma caixa de perguntas relacionadas a universo das drogas, para disparar o diálogo. Estas foram embasadas na cartilha do Ministério da Saúde e da Educação lançada em 2012, denominada: Semana Saúde na Escola Guia de Sugestões de Atividades As residentes facilitadoras da roda de conversa perguntavam aos adolescentes quem queria retirar os papéis e conforme isso acontecia, os adolescente tinham a oportunidade de ler a pergunta para o grupo, responder e abrir para o debate. No terceiro momento, foi proposto a atividade árvore dos prazeres. Foi entregue a cada adolescente um papel em formato de folha de árvore em que cada um deveria escrever o que lhe dava prazer em seu cotidiano. Após todos concluírem e discutirmos um pouco sobre essa atividade, cada um fixava sua folha na grande árvore de papel que estava colada na parede do refeitório e visualizava os escritos do coletivo. Período de realização: A experiência supracitada foi realizada no dia 24 de abril de 2019, com uma hora e meia e duração. Objetivo: Trata-se de um relato de experiência de uma roda de conversa sobre a temática de prevenção do uso de drogas, visando a construção de um espaço dialógico e interacional com os adolescentes por meio da metodologia da Educação Popular e da perspectiva da Política de Redução de Danos. Resultados: Observamos que esta roda de conversa proporcionou para muitos adolescentes, a expressão de seus saberes, além de que, percebemos que a grande maioria dos alunos não conheciam muito o tema e nem tinham a oportunidade de conversar com os pais e nem na escola sobre drogas, fato que acreditamos acontecer porque este tema ainda é considerado um tabu na nossa sociedade. Haviam dois adolescentes que demonstraram grande domínio sobre o assunto e por suas colocações polêmicas para outros adolescentes, houveram momentos de tensões que foram mediados pelos mesmos pedindo respeito as opiniões. Durante o diálogo, os adolescentes colocaram alguns fatores de risco ao uso de drogas: conflitos familiares e sofrimento mental; e fatores de proteção: frequentar a escola, praticar esporte, ter direito a espaços de cultura e arte e o ambiente da igreja. Aprendizados: A vivência nos afetou de maneira bastante positiva. Aprendemos que se deve escutar os adolescentes e permitir que estes sejam protagonistas nos espaços. É preciso oportunizar espaços de reflexão e diálogo nessa faixa etária, pois, embora o consumo de drogas não seja exclusivo desse público, é nessa fase do desenvolvimento da vida que as pessoas realizam um maior número de experiências, já que estão descobrindo a si mesmo e o seu contexto social e comunitário, sendo dessa forma mais vulneráveis. Desse modo, a escola é um espaço em que adolescentes e jovens passam grande parte de seu tempo, consistindo em um ambiente privilegiado para reflexão crítica e democrática. Análise crítica: Tendo em vista que é praticamente inevitável que as pessoas tenham acesso tanto a drogas lícitas quanto ilícitas, a perspectiva da redução de danos (Política atacada constantemente), em oposição à guerra às drogas, se apresenta como forma de cuidado mais realista, pois as desigualdades sociais, o racismo, o genocídio da população negra, a falta de oportunidades de educação digna e etc, afeta a vida das pessoas. Uma postura baseada no diálogo e respeitando os direitos humanos, pode ter maior possibilidade de aceitabilidade, levando adolescentes e jovens a refletir sobre suas decisões.
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