29/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-23B - GT 23 - Práticas Integrativas e Complementares: evidências de efetividade |
30945 - AURICULOTERAPIA NO CUIDADO ÀS PERTURBAÇÕES PSICOSSOCIAIS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA. RICARDO ANDRE MEDEIROS NEGREIROS - UFPB, MARIA DO SOCORRO TRINDADE MORAIS - UFPB, BEATRIZ BRASILEIRO DE MACEDO SILVA - UFPB, VINICIUS MATOS FORMIGA - UFPB
Contextualização: os níveis de estresse ocupacional entre os profissionais de saúde são extremamente altos, seja devido à exacerbada cobrança social e moral, às condições de trabalho desfavoráveis, ou à grande demanda de atendimento, findando em exaustão emocional, aflição física e quadros clínicos mais complexos, como a Síndrome de Burnout. No Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW) não é diferente, e os estudantes de medicina da Universidade Federal da Paraíba participantes da extensão “Auriculoterapia como recurso de cuidado no Hospital Universitário” atuaram, por meio das Práticas Integrativas e Complementares, justamente para tentar aliviar o sofrimento psíquico que acomete tanto os profissionais de saúde do hospital, quanto os pacientes que este frequenta.
Descrição: a auriculoterapia, prática inserido na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), trata-se de uma terapia de microssistema, que utiliza o pavilhão auricular para diagnosticar e tratar disfunções orgânicas, nervosa ou somática, por meio de um estímulo de pressão sob a malha auricular, onde há corrente sanguínea e nervosa, resultando em uma resposta metabólica neuroquímica. A aplicação da auriculoterapia se dá com pacientes internos e profissionais nas clínicas pediátricas, obstétricas e centro cirúrgico, sendo cada um acompanhado pelo período de 5 semanas, havendo uma sessão semanalmente. Antes da aplicação, havia um momento de Escuta Ativa, processo no qual a pessoa que escuta não só assimila informações, como também se interessa genuinamente pelo locutor e sua fala, promovendo uma melhor troca de experiências e gerando maior formação de vínculo e acolhimento. A auriculoterapia junto à escuta, proporcionou momentos de construtivas trocas de experiência e alívio das tensões cotidianas, bem como o desenvolvimento do processo de cuidado e cura.
Período de realização: o projeto teve início em setembro de 2018, executando suas atividades até abril de 2019.
Objetivo: relatar a experiência dos estudantes participantes da extensão, no processo de aplicação da auriculoterapia em usuários e trabalhadores do HULW.
Resultados: apesar da tímida adesão inicial, os setores os quais a oferta de auriculoterapia se apresentava foram tomados por entusiasmo. A maior adesão ao tratamento se deu por mulheres, geralmente enfermeiras ou técnicas de enfermagem, que diariamente esperavam contentes por suas sessões com “o pessoal da auriculo” (forma com que chamavam os extensionistas). Não demorou muito para haver diversos relatos de melhora, seja na diminuição das dores na coluna vertebral advindas do excesso de trabalho, diminuição nos casos de cefaleia, aumento da qualidade de sono, redução dos níveis de irritação e ansiedade experimentados diariamente, ou maior sensação de bem-estar e realização pessoal. Por meio de Inventários de Ansiedade Traço-Estado (IDATE), aplicados antes e depois do período de tratamento, constatou-se numericamente a diminuição dos quadros ansiosos presentes nos setores, estimulando o fortalecimento do projeto. Houve as mais diversas exposições dos usuários, elogiando e pedindo uma continuação do cuidado, devido a grande melhora experimentada e o bem-estar que ela promoveu, além de aparecerem usuários e profissionais de setores não contemplados pelo projeto, pedindo atendimento.
Aprendizados: os estudantes de medicina participantes adquiriram novas técnicas em seu arsenal terapêutico na oferta de cuidado, sendo uma alternativa ao modelo biologicista centrado na medicação. O fortalecimento das noções de empatia e geração de vínculo, gerado pela prática da auriculoterapia, contribuiu de maneira concreta para a formação de médicos mais humanizados, que veem o usuário como um todo a ser cuidado, e não apenas como o detentor de um problema a ser remediado. A troca de experiências é construtiva e leva o estudante da área da saúde ao contexto de vida dos usuários, ampliando o cuidado.
Análise Crítica: a experiência relatada, possibilitou diversificar o cuidado, fortalecer a autonomia dos usuários, com grande impacto sobre o poder de autocuidado e conscientização da causalidade entre estilo de vida e saúde/doença. A disseminação das práticas integrativas e complementares transcende um atendimento comum, prolongando-se numa relação forte entre os envolvidos, capaz de transformar o cotidiano e a realidade das pessoas, tornando espaços de trabalho mais saudáveis, e diminuindo a carga emocional negativa.
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