29/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-23B - GT 23 - Práticas Integrativas e Complementares: evidências de efetividade |
31476 - A HORTA AGROECOLÓGICA NA PROMOÇÃO DA SAÚDE: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA DE INTEGRAÇÃO ENSINO-SERVIÇO NA USF MUDANÇA DE VIDA
CLARISSA GIOVANA LUNA DE OLIVEIRA - UFPB, ALINE MACHADO CARNEIRO - UFPB, ANDRESSA ALVES DE CARVALHO - UFPB, ERIVAR MOISÉS DE LIMA JÚNIOR - UFPB, LUCAS DE ANDRADE ALEXANDRE - UFPB, WANESSA ALVES DE CARVALHO - UFPB, JULIANA SAMPAIO - UFPB
CONTEXTUALIZAÇÃO: Cerca de 80% da população que usa métodos tradicionais nos
cuidados com saúde, principalmente dos países em desenvolvimento, confiam nos derivados de
plantas medicinais para tal fim (FIRMO et al., 2011). De acordo com Gadelha et al. (2013), o uso
de plantas para finalidades terapêuticas promove o desenvolvimento comunitário, a solidariedade
e a participação social. Em 2006, foi criada a Política Nacional de Plantas Medicinais e
Fitoterápicos, com o objetivo de implantar a fitoterapia nos serviços de saúde do SUS. Essa
implementação permite não apenas mais possibilidades de tratamento pelos profissionais de
saúde, mas o retorno de uma prática em que se relacionam conhecimento científico e o
conhecimento popular (FIGUEREDO; GURGEL; GURGEL JUNIOR, 2014). É nesse sentido
que foi criada a Horta Agroecológica Dona Isabel, na USF Mudança de Vida, no Gervásio Maia,
já que a horta tem um potencial que vai além do alívio de sintomas. Dentre as vantagens,
podem-se citar: a melhoria na atenção à saúde, a ocupação do tempo de espera com consultas ou
outros serviços, bem como a integração dos usuários entre si, permitindo criação de vínculos e
troca de conhecimentos. DESCRIÇÃO: O início do planejamento das ações foi discutido com o
propósito de transformar um espaço da unidade em um Cantinho do Chá. Para isso, foram
estabelecidas algumas metas, como a construção de bancos e mesas. Além disso, a criação de
uma logomarca contribuiu para fornecer uma identidade para o novo ambiente. Para a recriação
da horta, foram confeccionadas placas de identificação para colocar ao lado das plantas. Os
alunos realizaram o trabalho de pintura dos nomes nas placas e tiveram a oportunidade de
realização de uma pesquisa mais aprofundada sobre essas plantas e, consequentemente,
apresentar de modo sucinto à população as propriedades medicinais e a forma de preparo dos
respectivos chás através da produção de pequenos cartazes explicativos que formam um mural.
Com o intuito de facilitar a identificação e melhorar o aspecto visual do ambiente, foi desenhado
e pintado pelos alunos um letreiro com o nome da horta. Tal ação teve o objetivo de propiciar o
rápido reconhecimento do ambiente, principalmente pelos usuários que não tiveram a
oportunidade de visitá-lo. Também foram produzidas algumas mudas para iniciar a proposta de
distribuição na comunidade e, dessa maneira, incentivar o cultivo e uso das plantas no dia a dia.
PERÍODO DE REALIZAÇÃO: Meses de fevereiro a maio de 2018. OBJETIVO: As
atividades realizadas partiram do objetivo de manter ativo esse espaço da horta, que existe há
algum tempo na USF, a fim de contribuir para um maior bem-estar da comunidade e para a
construção de uma melhor relação entre os usuários e a unidade de saúde. RESULTADOS: A
melhor organização da Horta Agroecológica Dona Isabel facilita que os usuários escolham as
plantas mais adequadas para o tratamento das enfermidades, disseminando tal conhecimento.
Outrossim, há um estímulo para a procura de opções alternativas de tratamentos, que não sejam
voltadas apenas para o uso de medicamentos e que estejam relacionadas ao autocuidado. Por sua
vez, o ambiente mais receptivo estimula o uso de plantas medicinais e a integração com outras
pessoas. Assim, os usuários se interessam em ler as placas, olhar as plantas e perguntar seus
benefícios. Por outro lado, há uma carência de pessoas para fazer adubagem, limpeza, irrigação e
plantio, atividades que ficam restritas a alguns membros, como à própria agente de limpeza da
USF, aos profissionais de saúde e, algumas vezes, aos próprios estudantes. Além disso, para
estes, há um acréscimo na formação médica, devido às práticas que valorizam a subjetividade e o
lado humano e sensível do atendimento médico. APRENDIZADO: As atividades promovidas
foram benéficas para a integração entre indivíduos e estudantes, corroborando para que estes se
tornem profissionais menos tecnicistas e mais humanistas, uma vez que revelam a importância
do conhecimento popular e a possibilidade de complementação de alguns tratamentos
empregados na unidade. ANÁLISE CRÍTICA: Fica visível que a horta, embora em processo de
implantação, possui potenciais para o desenvolvimento de valores de integração cultural e
pessoal, ao permitir trabalhar o sensível e promover contato e troca de experiências. Entretanto,
ainda há inúmeros desafios para que isso seja efetivado, tais como: a pequena participação dos
usuários, visto que muitos não são adeptos aos cuidados na horta, embora sejam receptivos com
as ideias; a falta de disponibilidade de pessoas para os cuidados contínuos da horta; uma pouca
articulação dentro da própria unidade. Dessa forma, estratégias a serem desenvolvidas devem
envolver uma corresponsabilidade entre os profissionais, estudantes e usuários.
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