30/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-23D - GT 23 - As Práticas de Cuidado no Olhar da Saúde Popular e Movimentos Sociais |
30485 - AS PRÁTICAS DE CUIDADO NO OLHAR DA SAÚDE POPULAR E MOVIMENTOS SOCIAIS RAQUEL GARCIA AGUILA - UFPB, ALAN RAYMISON TAVARES RABELO - ESP - CE, JUAN PEDRO PEREIRA ALVES E SILVA - UFPB, LEANDRO ARAÚJO DA COSTA - FIOCRUZ, SHALANA HOLANDA VARELA - PREFEITURA DE CAUCAIA, FRANCISCO WAGNER PEREIRA MENEZES - ESP - CE
Buscando transcender a biomedicina articulando Práticas Integrativas (PICS) na Universidade e na Atenção Básica, surge o projeto de extensão Práticas de Cuidado. Diversas experiências positivas aparecem a partir das vivências do projeto, e uma delas foi a possibilidade de articulação com o movimento estudantil e movimentos sociais. Tal experiência transcende os objetivos inicialmente propostos pelo projeto, surgindo como uma oportunidade de compreender que as práticas integrativas tem um caráter popular e anticapitalista, e suas raízes na sabedoria popular. A primeira vivência se deu após a oficina de auriculoterapia organizada pelo projeto, onde uma das extensionistas foi convidada a contribuir com a tenda da saúde do 2º Acampamento Estadual do Levante Popular da Juventude Ceará. O acampamento aconteceu do dia 28 de abril ao dia 1 de maio, com a participação de 1500 jovens, e na tenda da saúde foram ofertados cuidados em saúde como reiki, massoterapia, auriculoterapia, redução de danos, e consulta médica e psicológica para os militantes que participavam do evento como forma de promover a saúde dos jovens, bem como levantar o debate sobre o conceito de saúde-doença e do acesso à saúde como direito universal. A segunda experiência foi no acampamento Lula Livre, na praça dos três poderes em João Pessoa, onde um grupo da Oficina de auriculoterapia realizou a prática com os militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Os manifestantes permaneceram ocupados na praça por 5 dias contra a prisão injusta do ex-presidente Lula, e o objetivo da prática foi de promover cuidado aos militantes acampados, em conjunto com outros profissionais de saúde que foram prestar assistência. A terceira experiência foi relacionada ao movimento estudantil, onde alguns extensionistas do projeto e pessoas que realizaram a oficina participaram de um “Dia do Cuidado” promovido pelo Centro Acadêmico de Enfermagem, com o objetivo de cuidar dos estudantes através de práticas integrativas e outras práticas. O conceito de Movimento Social se refere a um grupo organizado de pessoas que procuram alcançar mudanças sociais dentro de determinada sociedade e contexto específico. No caso do Levante Popular da Juventude, o movimento tem como principal horizonte a construção do Projeto Popular para o Brasil, ou seja, reformas estruturais que levam o Brasil e suas riquezas servirem aos interesses do povo brasileiro, que é quem constrói o país verdadeiramente através de sua força de trabalho. O MST é um movimento que surge em 1984 e seu enfoque é a luta pela terra, ocupando terras improdutivas de latifundiários, com o objetivo de realizar a reforma agrária, produzir alimentos ecológicos e melhorar a condição de vida no campo. Os Centros Acadêmicos são entidades que representam os estudantes em uma universidade, podendo ou não ter relação com os movimentos sociais, sendo durante a ditadura militar exemplos de resistência em conjunto com a União Nacional dos Estudantes (UNE). A saúde, bem como a educação, são direitos essenciais garantidos pela constituição. Porém, vivemos um contexto de crise política onde os primeiros gastos cortados foram justamente nesses setores, o que torna os movimentos sociais e de resistência fundamentais na atuação desse cenário, como força motriz da história em direção à garantia dos direitos e ao bem-estar social. E quando se fala em saúde popular, o conceito de saúde que é defendido por todos os movimentos citados é o de um sistema público, universal e gratuito, não hierarquizado, com práticas de saúde que estejam voltadas a prevenção e promoção de saúde, e não a interesses lucrativos, e que valorizem os conhecimentos e sabedorias populares. Tais conceitos dialogam com as PICS, que são baseadas no autoconhecimento, e tem grande potencial de articulação com a saúde pública a medida que buscam um equilíbrio que começa no indivíduo mas transcende para a comunidade. O contato com tais experiências nas vivências, bem como a roda de conversa sobre a importância da defesa do SUS que foi realizada entre os extensionistas no início do ano, foram essenciais para a compreensão dos extensionistas enquanto agentes políticos e transformadores da realidade, incorporando novas formas de cuidado no cotidiano dos movimentos sociais e compreendendo como a bandeira da saúde é pautada no seio deles e também deve ser defendida pela população no geral. “Cuidar do outro é cuidar de mim... Cuidar de mim é cuidar do mundo” - Ray Lima
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