30/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-23D - GT 23 - As Práticas de Cuidado no Olhar da Saúde Popular e Movimentos Sociais |
31078 - PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NA FORMAÇÃO EM MEDICINA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA BEATRIZ BRASILEIRO DE MACEDO SILVA - UFPB, RICARDO ANDRÉ MEDEIROS NEGREIROS - UFPB, MARIA DO SOCORRO TRINDADE MORAIS - UFPB, HARIEL HEGEL LINS ZÓZIMO - UFPB
Contextualização
As práticas Integrativas e Complementares estão ganhando espaço ao longo da última década, fato possível devido a Portaria nº 971, que aprova a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde.
Descrição
Nesse sentido, foi utilizado a Auriculoterapia como base para formação de um Grupo de Cuidado usando a metodologia da Educação Popular em Saúde, com os usuários da Unidade de Saúde da Família Nova Conquista, localizada na periferia da Capital Paraibana.
Período de Realização
O grupo aconteceu entre março e abril do ano de 2019, totalizando uma soma de 5 encontros, em que foram debatidos os temas: felicidade, família, luto, ansiedade, solidão e co-dependência.
Objetivo
Os encontros tinham como objetivo realizar discussões mais aprofundadas sobre temas que afetam diariamente a vida dos usuários daquela USF - trazendo adoecimento e sofrimento físico-mental - mas que possuem pouco ou nenhum espaço para serem tratadas e refletidas no cotidiano ou em outros serviços de apoio à saúde. Após as discussões, era aplicada a Auriculoterapia de forma individual, de modo a concluir a dinâmica do Grupo de Cuidado e da Auriculoterapia, que consiste em uma escuta voltada para entender e refletir as causas do adoecimento, que não podem ser percebidas nas consultas clínicas, uma vez que necessita de tempo e abertura do paciente.
Resultados
Dessa maneira, foi possível perceber resultados a partir do segundo encontro, pois a adesão dos usuários foi crescente, todavia, a maior demanda acontecia na aplicação prática da Auriculoterapia, tendo então, uma quantidade menor de participantes na roda de conversa a cada encontro. Essa maior adesão na aplicação prática da Auriculoterapia, pode ser justificada devido ao bom histórico dessa PICS nessa Unidade, pois estudantes de medicina de períodos passados, em parceria com os profissionais do local, utilizavam a técnica da escuta individual junto à Auriculoterapia e, assim, obtiveram uma satisfatória aprovação dos usuários que puderam ser atendidos. Contudo essa estratégia não era capaz de atender toda a demanda, uma vez que os profissionais instruídos nessa prática não possuíam tempo hábil para escutas individuais, e assim, esse planejamento não era viável apenas com a participação dos usuários junto aos profissionais, sendo necessário um auxílio constante e permanente dos alunos, o que não era possível.
Aprendizados
Diante desse desafio, foi justamente pensado o uso de uma escuta coletiva baseado na educação popular, de modo a criar um Grupo de Cuidado auto-suficiente que iria ajudar a integrar e beneficiar uma quantidade maior de usuários. Apesar da quantidade reduzida de usuários na roda de conversa - que ficava em volta de 7 a 10 pessoas, enquanto na aplicação prática de auriculoterapia ficava em torno de 20 a 25 pessoas - pudemos tirar muitos aprendizados sobre o processo de adoecimento da população daquele território a longo prazo.
Análise Crítica
A partir dos relatos dos participantes, pudemos analisar que o estresse advindo de problemas de uma população marginalizada, e a carência de uma equipe dinâmica, bem assistida, comprometida e engajada com a comunidade, além do grau de insalubridade do bairro que não apresenta de um saneamento básico adequado, afetam diretamente a saúde mental e física população, principalmente levando em conta a quantidade elevada de idosos dependentes nesta região. O fato desse território apresentar uma quantidade acentuada de idosos, foi um fator chave para a escolha dos temas debatidos, uma vez que a co-dependência, o luto e a ansiedade são forças que permeiam diariamente o cotidiano dessa faixa etária, e só pudemos perceber isso a partir de debates coletivos. Portanto, a escuta coletiva foi fundamental para a identificação de questões que assolam uma população mais vulnerável desse território, e foi a partir desse método que pudemos encaminhar a uma solução auto-suficiente para os integrantes do Grupo de Cuidado, pois o uso da educação popular proporcionou um diálogo horizontal entre usuários e profissionais da saúde, de modo que o processo de adoecimento daquele grupo foi melhor entendido pela equipe da USF, podendo ser ofertado um melhor serviço e para uma quantidade maior de pacientes, sem haver perda da qualidade, pois foi criado uma rede de apoio entre comunidade e atenção básica.
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