30/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-23D - GT 23 - As Práticas de Cuidado no Olhar da Saúde Popular e Movimentos Sociais |
31544 - PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES: AMPLIANDO O CUIDADO EM SAÚDE NO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DE CURRAIS NOVOS/RN RENATHA CELIANA DA SILVA BRITO - UFRN, CATHIA ALESSANDRA VARELA ATAÍDE - UFRN, ESLIA MARIA NUNES PINHEIRO - UFRN, RÔNISSON THOMAS DE OLIVEIRA SILVA - UFRN, ANNA CECÍLIA QUEIROZ DE MEDEIROS - UFRN, MARIANA DE ARAÚJO GALVÃO - CAPS/CN
CONTEXTUALIZAÇÃO
As Práticas Integrativas e Complementares (PICs) condizem com o que a Organização Mundial de Saúde (OMS) define como medicina tradicional e medicina complementar (ou alternativa), sendo esta a mais antiga prática de cuidados do mundo que partilha de uma perspectiva vitalista, centrada no doente e na sua experiência de vida, e não na doença (BRASIL, 2012; QUEIROZ, 2006).
O principal objetivo das PICs é valorizar a escuta acolhedora, desenvolvendo um vínculo terapêutico e integrando o indivíduo com o meio em que vive (MAGALHÃES et al., 2012). No Brasil, essas práticas vem sendo inseridas na atenção primária desde 2006 a partir da publicação da Política Nacional de Práticas Integraticas e Complementares (PNPIC) no SUS (BRASIL, 2012), favorecendo o cuidado continuado, humanizado e integral (SANTOS; TESSER, 2012).
De forma convergente, as PICs e a atenção básica têm a perspectiva de abordagem psicossocial baseada no sujeito em seu contexto social, no seu tratamento de forma ampla e holística e no seu empoderamento/aproximação diante da família e da sociedade (FRATESCHI; CARDOSO, 2014).
DESCRIÇÃO
Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, acerca do uso das PICs em pacientes inseridos no CAPS Maria Vênus Cunha do município de Currais Novos/RN. Este Equipamento acolhe diariamente cerca de 50 usuários com demandas de saúde mental e desde 2017 dispõe de atividades voltadas à medicina tradicional, atualmente são elas: auriculoterapia, aromaterapia, meditação e biodança, além de um grupo que desenvolve a prática de canto coral, integrando, assim, a musicoterapia. Essas atividades são desenvolvidades por profissionais capacitados que compõem a equipe do CAPS, sendo eles: terapeuta ocupacional, assistente social, enfermeiro, psicólogo e um artista plástico.
As atividades acontecem diariamente de acordo com a programação da instituição. No que concerne as PICs, são realizadas em dias específicos ou conforme a demanda do usuário. A prática da Auriculoterapia é uma das mais procuradas por trazer benefícios a curto prazo. A aromaterapia, a meditação e a auriculoterapia são realizadas de acordo com a avaliação do profissional mediante o contexto do usuário. A musicoterapia e a biodança estão incluídas na programação de atividades da instituição e ocorrem semanalmente.
PERÍODO DE REALIZAÇÃO
O trabalho com PICs no CAPS Maria Vênus Cunha teve início em 2017 e continua sendo realizado.
OBJETIVO
Este trabalho tem o objetivo de relatar sobre como as práticas integrativas e complementares vêm sendo utilizadas como uma possibilidade de ampliar o cuidado nos serviços públicos de saúde no Centro de Atenção Psicossocial – CAPS Maria Vênus Cunha, localizado no município de Currais Novos, Rio Grande do Norte, Brasil.
RESULTADOS
Neste período de 2 anos em que as práticas integrativas e complementares vêm sendo desenvolvidas no Centro de Atenção Psicossocial do município foi possível verificar uma gradual e significativa aceitação dos usuários quanto integração à essas atividades.
No CAPS Maria Vênus Cunha, as práticas têm possibilitado um significativo alívio do estress e da ansiedade, bem como melhora no processo de concentração e focalização da atenção e nas relações sociais entre os usuários e na comunidade, de forma geral, como afirmado pelos familiares.
APRENDIZADOS
É importante destacar que, embora as práticas não substituam a medicalização, pode ser associada ao processo do “desmame” em que o usuário, aos poucos e de forma gradativa, vai deixando de fazer o uso do medicamento, ou seja, trabalhar essas atividades junto à saúde mental tem possibilitado uma prática de cuidado alternativo e continuado.
Concernente à realização das PICs no CAPS Maria Vênus Cunha, é possível observar uma adesão e integração positiva dos usuários, bem como relatos de eficácia referentes à diminuição da ansiedade, do estress, da fadiga e do efeito colateral dos medicamentos, sendo de extrema necessidade que mais atividades como essa sejam desenvolvidas.
ANÁLISE CRÍTICA
As PICs surgem como uma alternativa de tratamento que geram menos efeitos adversos e com práticas mais saudáveis e naturais para a pessoa em sofrimento mental, minimizando os efeitos do uso de medicamentos sintéticos e a condição da própria doença, além disso, se configurando como uma opção terapêutica eficaz e de baixo custo ofertada pelo Sistema Único de Saúde – SUS.
Estas práticas são eficazes no tratamento do estresse, na redução dos níveis de ansiedade, de sintomas depressivos e do alívio da dor, reforçando sua eficácia nos usuários de saúde mental que sofrem com esses agravos. Além disso, provocam relaxamento, o que pode diminuir a pressão arterial, as sensações de angustia, insônia, irritabilidade, depressão, estresse, redução da frequência cardíaca e respiratória, redução da atividade cerebral e treinamento de respostas ao organismo visando o controle emocional e afetivo em determinadas situações.
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