29/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-23C - GT 23 - Promoção da Saúde, Práticas Integrativas e Complementares e Educação Popular em Saúde |
30656 - NUTRIÇÃO E AS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES ENTRE SABERES E PRÁTICAS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
ANNE CAROLINE FERREIRA DE FREITAS - SES-PB/FSM, ALEXSANDRA LAYANI FAUSTINO DE ANDRADE - SES-PB/FSM, ANA AMÉLIA DA FONSECA PINHEIRO DE SÁ - SES-PB, ANATILDE DALILA SUASSUNA SOUSA - SES-PB/FSM, JÉSSICA INGRID DE ARAÚJO GOMES - SES-PB/FSM, JÉSSYCA ALANA OLIVEIRA PEREIRA - SES-PB/FSM, MARINA GOMES FAGUNDES - SES-PB/FSM, MICHAELLA SHAMY NUNES MELO - SES-PB, RAFAELA JULIANE SILVA SANTOS - SES-PB/FSM, STEPHANNY BATISTA DE ALENCAR ROBERTO - SES-PB
As Práticas Integrativas e Complementares (PICs) constituem-se como saberes e práticas heterogênios que se agregam sobre a perspectiva de não pertencerem a modelos biomédicos de cuidado à saúde, sendo assim, consideradas práticas baseadas em conhecimentos tradicionais. No contexto da Nutrição, as práticas complementares podem ser classificadas em Modelos Alimentares aos quais incluem-se a Alimentação Ayurvédica, a Alimentação na Medicina Tradicional Chinesa (MTC), Macrobiótica, Fitoterapia e Alimentação Antroposófica; e as Correntes Alimentares, como o Vegetarianismo e Alimentação Viva ou Crudivorismo. Diante do exposto, foi realizado um minicurso com carga horária de 4 horas com o tema “Alimentação e Nutrição e as Práticas Integrativas e Complementares”. O mesmo foi ministrado no Encontro Acadêmico da Faculdade Santa Maria (FSM) localizada na cidade de Cajazeiras-PB como uma atividade desenvolvida pelas nutricionistas residentes do Programa de Residência Multiprofissional de Saúde Coletiva da Secretaria Estadual de Saúde da Paraíba que tem parceria com a FSM. Como participantes, estiveram presentes estudantes de diversos períodos do curso de graduação em Nutrição. A metodologia do minicurso constitui-se no primeiro momento em uma dinâmica onde os participantes escreveram em uma tarjeta o que compreendiam sobre o tema do minicurso. Após a exposição dos conhecimentos prévios dos discentes acerca do tema, as residentes teorizaram sobre as PICs e sua relação com a Alimentação e Nutrição. Posteriormente foi levantada a discussão por meio de frases polêmicas/instigantes como “Matamos animais ao comer carne e ao comer plantas”; “Se o ser humano não tivesse passado a consumir carne, não teria evoluído”; “O que é natural não faz mal”; “Doenças graves podem ser curadas com fitoterápicos e plantas medicinais”, além de dois vídeos que apresentavam em seus conteúdos críticas e enaltecimento ao Vegetarianismo. Como atividade prática do minicurso, foi proposto que os participantes, em grupos, elaborassem um cardápio qualitativo com alimentos consumidos nas seguintes práticas alimentares: alimentação viva, alimentação macrobiótica e vegetarianismo. Por fim, houve um momento avaliativo sobre a abordagem e a metodologia utilizadas no minicurso, além de os participantes confrontarem suas opiniões iniciais sobre o tema do minicurso com suas impressões finais. O objetivo do presente trabalho é mostrar uma experiência da abordagem/utilização das PICs no contexto de Alimentação e Nutrição em um minicurso lecionado pelas Residentes de Saúde Coletiva. Como resultados, conseguimos envolver os participantes no que foi exposto como também nas discussões onde foram levantadas opiniões divergentes, mas que se complementaram e enriqueceram a construção coletiva dos saberes e práticas. Inicialmente foi percebido que a maioria dos participantes não conheciam sobre as PICs e não as relacionavam com a alimentação e nutrição. Outros associaram o tema a saúde pública, ao Sistema Único de Saúde (SUS) ou apenas a prática da Fitoterapia. Observou-se também que alguns por não saberem do que se tratava o tema, comparecendo ao minicurso por curiosidade. Na discussão dos cardápios qualitativos, a maioria dos acadêmicos relataram terem encontrado dificuldade pelo fato do conteúdo não ser abordado na graduação e por desconhecerem alguns alimentos, sendo difícil inseri-los nos cardápios. Todavia, reconheceram a relevância da prática. A experiência foi enriquecedora, pois foi possível ofertar conhecimentos acerca de um tema que não é abordado na grade curricular da maioria dos cursos de graduação em nutrição em consonância com o uso de metodologia ativa onde os participantes discutiram sobre o tema proposto e construíram os cardápios qualitativos. Foi possível observar que a grade curricular do curso de nutrição ainda é falha com relação a alguns aspectos. No primeiro ponto, destacamos que a saúde pública é abordada de forma superficial, provavelmente pelo fato do curso ser fundamentado no paradigma biologicista. Vale destacar ainda que alguns temas e práticas que são relevantes para o conhecimento dos estudantes e profissionais não são abordados durante a graduação de nutrição, dessa forma, cabe aos discentes não se limitar a conteúdos vistos apenas em sala de aula, devem buscar novos conhecimentos. Por isso, é importante que a grade curricular do curso de Nutrição dê ênfase a esta temática, que é de extrema relevância e assim que contemple as abordagens alternativas e complementares no contexto da Nutrição. Sabendo que as práticas alimentares nas PICs estão ganhando cada vez mais adeptos, é necessário que os profissionais estejam preparados ou que pelos menos tenham conhecimento da existência dessas práticas que são reconhecidas como práticas mais humanizadas que reconhecem o indivíduo como um ser holístico com um contexto social resultando numa abordagem ampliada da saúde.
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