28/09/2019 - 13:30 - 15:00 EO-23B - GT 23 - PICS, auto conhecimento e equilibrio emocional |
31102 - A TERAPIA FLORAL NO TRATAMENTO DE TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS EM MULHERES NA ATENÇÃO BÁSICA ESLIA MARIA NUNES PINHEIRO - UFRN/FACISA, RÔNISSON THOMAS DE OLIVEIRA SILVA - UFRN/FACISA, RENATHA CELIANA DA SILVA BRITO - UFRN/FACISA, CATHIA ALESSANDRA VARELA ATAÍDE - UFRN/FACISA, ANA KALLINY DE SOUSA SEVERO - UFRN/FACISA, ARALINDA NOGUEIRA PINTO DE SÁ - FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA PARAÍBA (FCM/PB)
INTRODUÇÃO
Considerando que o desequilíbrio emocional pode ser responsável por muitas doenças físicas e mentais, o médico inglês Edward Bach (1886-1936) sistematizou a utilização de 38 compostos florais entre 1930 e 1934 (CARISSIMO; OLIVEIRA, 2017). Segundo ele, as partículas das flores possuem características eletromagnéticas que permitem harmonizar a energia vital (AÑEL et al, 2014). Por isso, os florais utilizam a propriedade de memória da água para propagar a mensagem curativa de cada flor, equilibrando o complexo espectro de emoções humanas (DE-SOUZA et al., 2006).
Os florais foram incluídos na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) do Sistema Único de Saúde em 2018 (BRASIL, 2018). Alguns estudos têm demonstrado a efetividade dessa prática de cuidado, no entanto além de insuficientes em quantidade, a maior parte desses estudos utiliza metodologias que ignoram a subjetividade de racionalidades médicas diferentes da biomedicina (DEL TORO ANEL et al, 2014; GONÇALO; BARROS, 2014; LUZ; BARROS, 2012).
OBJETIVOS
O objetivo do estudo foi verificar o impacto das essências florais personalizadas diante das demandas de mulheres com queixas de sofrimento/adoecimento psicológico em uma Unidade Básica de Saúde.
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, cuja amostra foi composta por quatro mulheres atendidas por terapeuta floral em uma UBS do município de João Pessoa/PB. Foi empregada a técnica de entrevista de história oral temática através de um roteiro semi-estruturado e foram observados os prontuários das usuárias, com as fórmulas florais utilizadas por cada uma. O material empírico foi submetido à análise de conteúdo de acordo com Moraes (1999). Para assegurar o anonimato das entrevistadas, elas estão representadas pelas letras de A a D.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Entre os diagnósticos recebidos pelas mulheres na UBS estavam: síndrome de pânico, transtorno de ansiedade, fibromialgia e depressão. Para os quadros de agitação, angústia, pensamentos repetitivos e baixa qualidade de sono, utilizaram a essência White Chestnut. Todas ressaltaram melhora na qualidade do sono e esse relato corrobora a descrição de Bach (2011).
Para a usuária A também foi indicada a essência chamada Star of Bethlehem, em decorrência dos traumas causados por abusos e perdas (Bach, 2011). Ela, que no início do tratamento encontrava-se bastante fragilizada, relatou durante a entrevista:
"Mas vou ficar se lamentando porque eu sofri abuso sexual? Não. Eu vou fazer uma mudança para poder ajudar as demais e no que eu puder ajudar as crianças para que isso não aconteça".
A entrevistada B apresentava sintomas de ansiedade e depressão, muito relacionados à preocupação de cumprir com rigor o papel de mãe e esposa. Para ela foi indicada a essência Red Chestnut (Bach, 2011). Após o período de tratamento com o floral, ela relatou “Hoje eu estou me sentindo muito bem, viu? E hoje eu me sinto outra pessoa, muito bom”.
C utilizou a essência chamada Larch, uma vez que sua principal queixa era o pânico de realizar algumas atividades e esse sintoma acabou se mostrando relacionado à sua autoestima (Bach, 2011).
"Estou bem. Tenho alguns receios, assim, eu ainda não frequento locais, assim, abertos, que eu não gosto, não me sinto bem. Mas, fora isso, eu to muito bem, muito bem mesmo, assim, eu tenho outros pensamentos e outras escolhas".
Para D, por sua vez, foi indicada também a essência Pine, que se relaciona com a culpa, para que ela pudesse retomar suas atividades (Bach, 2011).
"Eu só achava que tinha sido o assalto. ‘Eu fiquei assim por causa do assalto’. Mas foram coisas que estavam presas, não tinha coragem de enfrentar e que hoje eu enfrento [...] Que eu ficava pensando, muito ansiosa, o que é que os outros iam achar de mim, o que estavam dizendo [...] Eu fico orgulhosa de mim, eu sinto orgulho porque eu era muito medrosa e hoje eu não tenho aquele medo que me paralisa".
Todas avaliaram a Terapia Floral de forma positiva e apesar das usuárias não terem tido acesso à descrição da indicação de cada essência floral utilizada, observa-se a convergência dos resultados esperados com os relatos espontâneos de suas experiências.
Os resultados demonstram o potencial terapêutico dos florais, embasados numa perspectiva vitalista de cuidado que busca promover a tomada de consciência e autotransformação dos indivíduos partindo da escuta atenta e empática dos mesmos (LUZ; BARROS, 2012).
CONCLUSÕES
A terapia floral mostrou-se uma ferramenta potente na promoção do bem estar das usuárias, capaz de dialogar com as demandas de saúde – especialmente no contexto da Atenção Primária à Saúde – e considerar a dimensão subjetiva dos adoecimentos numa abordagem biopsicossocial dos indivíduos. Reforça-se, portanto, a importância de subsidiar esse tipo de prática com vistas à oferta de um cuidado em saúde humanizado e integral.
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