29/09/2019 - 13:30 - 15:00 EO-23D - GT 23 - Nutrição e plantas medicinais no cuidado e promoção da saúde |
30118 - PROJETO TERRAPIA- ALIMENTAÇÃO VIVA NA PROMOÇÃO DA SAÚDE E AMBIENTE CAMILA MARIA DE SANTIS - FIOCRUZ/RJ
O Terrapia foi fundado em 1997 pela médica Maria Luiza Branco, dentro do Centro de Saúde da Escola Nacional de Saúde Pública - ENSP, reunindo pacientes, estudantes e profissionais de saúde em torno da mesa de refeições e, mais tarde, no trabalho de organização de uma horta. Em 2015 o Projeto passa a integrar o Programa Fiocruz Saudável, com o objetivo de somar ações com esta iniciativa da Fiocruz. Neste mesmo ano, a presente autora passa a integrar a equipe de gestores do Projeto na função de coordenadora de cursos e posteriormente na coordenação geral.
O objeto do projeto é “Alimentação viva na Promoção da Saúde e Ambiente” visando um estilo de vida ecológico urbano. A alimentação viva é baseada nos alimentos biogênicos (sementes germinadas e brotos)- geradores de vida, avaliados segundo a energia vital que possuem (Wigmore, 1983)- e nos alimentos bioativos (vegetais crus). O conceito de vitalidade é central no projeto seja pelo alimento ingerido, o ar, a água, o estilo de vida, a organização bioeletricida corporal (Cousens, 1992) e a manutenção da própria vida na rede solidária do trabalho voluntário.
O Projeto tem como objetivo o estímulo à mudança de hábitos de vida começando com uma transição alimentar, contribuindo para a transformação das condições de vida locais através das práticas naturais de autocuidado como alimentação viva, compostagem de resíduos, produção de brotos, mudas e horta agroecológica, dentro do âmbito do Programa Fiocruz Saudável e da Fundação Oswaldo Cruz/RJ. Com a intenção de acessibilidade universal, todos os cursos/atividades do projeto são gratuitos, porém participativos. No momento, são ofertados ao público: Cursos de “Alimentação Viva na Promoção da Saúde e Ambiente”; “Formação de Educadores Voluntários”; “Agroecologia”, “Oficinas de Culinária Viva Criativa” e eventos internos e externos à Fiocruz/RJ.
A metodologia de ensino se realiza inspirada na experiência canadense de “organização baseada na demanda dos participantes” (Hills e Mullet, 2000), nos aspectos e estratégias norteadores do movimento mundial de Promoção da Saúde- “Implementação de políticas públicas saudáveis, criação de ambientes favoráveis a saúde, reorientação dos serviços de saúde, reforço a ação comunitária e desenvolvimento de habilidades pessoais” (Carta de Ottawa, 1986)- e nas abordagens ancoradas ao conceito de “Ecologia Profunda” (Capra, 2006) que pressupõe a compreensão da vida em todos os níveis dos sistemas vivos: organismos, sistemas sociais e ecossistemas.
Como contrapartida, o Terrapia divulga as ações da FIOCRUZ nos meios de comunicação (mídia) abre espaço e começa a se distinguir como trabalho que associa o tema Ambiente e Saúde, uma tecnologia de ponta em promoção da saúde. A metodologia desenvolvida favorece a apropriação das ações de saúde pela comunidade, gerando mudanças concretas no estilo e hábitos de vida, através da construção coletiva da “saúde e ambiente natural”, metas da Saúde Pública.
Contribui também para uma educação centrada na vida, com ênfase no cuidado com o ecossistema corporal humano difundindo uma prática de alimentação saudável e de formação de redes solidárias, seja na divulgação ou na construção coletiva de Hortas. Finalmente estimula a população a criar e aproveitar recursos próprios visando a melhoria da qualidade de alimentação e saúde.
Por meio da participação popular, o conhecimento adquirido é partilhado e contribui para o desenvolvimento de uma cultura alimentar consciente, com responsabilidade ambiental, constituindo-se num poderoso instrumento no combate à desnutrição alimentar gerada pela pobreza e fatores associados.
O forte compromisso da FIOCRUZ com os princípios da Promoção da Saúde tem nesse projeto uma porta aberta às inúmeras ações educativas em saúde e uma aproximação entre os saberes da população e da academia, reunindo o Terrapia e a comunidade, numa interação com a Educação como agente de transformação social. Isto vem contribuindo aos princípios de reorientação dos serviços públicos de saúde, pois reduz o distanciamento entre o “cuidador e cuidado”, ampliando a concretização das ações promotoras de saúde descentralizadas, a partir de seus próprios usuários tornando-se educadores em saúde.
Em 2010 os participantes assíduos do projeto se reúnem e criam uma associação civil de direito privado, sem fins lucrativos, chamada Associação Terrapia, com sede e foro no Município do Rio de Janeiro, criando possibilidades para sua autonomia gerencial e financeira. Este é o resultado indireto da apropriação de um conhecimento pelos usuários do serviço que passam a divulgá-lo, influenciando a cultura alimentar da região, isso porque muitos foram beneficiados. Uma ação direta da população como agentes de transformação social, promovendo a saúde e contribuindo para o ambiente natural, dentro do espaço urbano.
|

|