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Grupos Temáticos

29/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-23D - GT 23 - Nutrição e plantas medicinais no cuidado e promoção da saúde

31357 - OBESIDADE E PICS: APROXIMAÇÕES COM VISTAS À PROMOÇÃO DO CUIDADO
MARIANA SANTOS BRITO - UFBA, LÍGIA AMPARO DA SILVA SANTOS - UFBA, VIRGÍNIA CAMPOS MACHADO - UFBA, MARIA CRISTINA ESPÍRITO SANTO ARAÚJO - UFBA, LUIZA GUIMARÃES CAVALCANTI SPINASSE - UFBA


APRESENTAÇÃO
Os saberes biomédicos informam a obesidade como doença que deve ser tratada, curada ou prevenida. Assume-se, nesse sentido, que se trata de um fenômeno complexo e multifatorial, mas nem sempre aborda-se a integralidade da pessoa que apresenta essa condição. As práticas de nutricionistas, nessa perspectiva, centram-se principalmente nas intervenções dietoterápica, medicamentosa ou cirúrgica, visando o emagrecimento.
Porém, o aumento da obesidade em todo o mundo demanda novas abordagens a respeito do tema, tornando pertinente o aprofundamento da discussão. Tais métodos se mostram ineficazes em diversos aspectos: no emagrecimento em si, na manutenção desse resultado e, principalmente, no distanciamento do cuidado ao indivíduo na sua integralidade (PINHEIRO et al, 2004; LUZ, 2005; TEIXEIRA, 2015).
Nesse contexto, surge a demanda por novas abordagens, como as Práticas Integrativas e Complementares (PICs), que buscam estimular os mecanismos naturais de prevenção de agravos e recuperação da saúde, e são originárias de racionalidades divergentes da biomédica (BRASIL, 2006). Estas formam sistemas complexos e se expressam na maneira de atuar, construir e aplicar conhecimentos, construindo o modo como se compreender o adoecimento e a forma de agir e pensar de um sistema de saúde (NASCIMENTO et al 2013).
OBJETIVOS
Este trabalho tematiza possibilidades de superação do modelo biomédico enquanto perspectiva única para interpretar e lidar com a(s) obesidade(s) a partir de uma abordagem histórica sobre este fenômeno.
METOLOGIA
Trata-se de estudo qualitativo de caráter exploratório, executado a partir de revisão de literatura em bases de dados digitais. As buscas foram direcionadas para bibliografia sobre aspectos históricos da obesidade, relacionando-os às práticas de cuidado, racionalidades médicas e a discussão mais recente sobre as práticas integrativas e complementares (PICs).
RESULTADOS
Os resultados demonstram a necessidade de abordar a(s) obesidade(s) e as maneiras de lidar com este fenômeno tendo em vista que trata-se de um fenômeno histórico, contrapondo-se à perspectiva que remete apenas a seu componente natural ou biológico. O acúmulo de gordura corporal nem sempre foi visto como um problema, mas como importante mecanismo para armazenar reservas de energia. Na idade média, os glutões medievais eram figuras imponentes e respeitadas, vistos como detentores de saúde, vitalidade e força (EKNOYAN, 2006; VIGARELLO 2012).
As atitudes em relação ao excesso de gordura corporal começaram a ser alteradas no séc. XVIII, quando o termo obesidade (“obesity”) é descrito como possível causador de impactos na qualidade de vida das pessoas. A mecanização da produção agrícola e o crescimento exponencial da indústria alimentícia, operam pressão econômica considerável sobre o poder político, tornando-se um fator de risco populacional à obesidade (EKNOYAN, 2006; REGIS, 2008).
No final do século XIX a obesidade foi reconhecida como causa de problemas de saúde, e em seguida, nas primeiras décadas do século XX, suas complicações e relação com aumento da mortalidade foram documentados, aumentando a busca por emagrecimento. Por volta dos anos 90 a obesidade passou a ser considerada uma verdadeira epidemia social (EKNOYAN, 2006; REGIS, 2008; VIGARELLO 2012).
Os significados atribuídos ao corpo gordo também sofreram grandes mutações ao longo da história até chegar no mais difundido pela ciência ocidental hoje. O corpo gordo no séc. XXI é um corpo doente, além de amplamente estigmatizado e adjetivado como imoral e passivo (PUHL e BROWNELL, 2001; POULAIN, 2009; VIGARELLO 2012).
Guimarães (2005) descreve uma crise do modelo dominante, e assim como Luz (2005), constata a insuficiência da tecnocientificidade que rege a medicina ocidental contemporânea para questões de cura. O cuidar representa um conjunto de ações que envolvem preocupação, responsabilidade e envolvimento afetivo com o outro, e por isso não deveria ser centrado apenas em restrições alimentares, mas também no resgate da autoimagem e da autoestima (SEBOLD, RADUNZ e ROCHA, 2006).
As racionalidades que embasam as PICs se aproximam mais da perspectiva acima descrita e parecem contribuir para o avanço no cuidado a pessoas com obesidade, ao tempo em que a ciência biomédica passa a questionar a maneira como a obesidade vem sendo tratada (PINHEIRO et al, 2004; GIGANTE et al, 2011; WHO, 2015; BRASIL, 2017). Aproximar essa discussão do campo de ação de nutricionistas corrobora para o engendramento de práticas mais humanizadas.
CONCLUSÃO
A análise do olhar sobre a obesidade ao longo da história, bem como do cuidado ofertado à essa condição a partir das diferentes racionalidades revela possibilidades de reconstrução das práticas e superação do paradigma biomédico. A utilização das PICs aparece como resposta à ineficácia do modelo vigente e pode contribuir para que se passe de um modelo de atenção e tratamento da doença à realização do cuidado à pessoa.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

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