30/09/2019 - 13:30 - 15:00 EO-23G - GT 23 - PICS e cuidado na Atenção Primária |
29924 - AVALIAÇÃO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA HOMEOPÁTICA NA DISPENSAÇÃO DOS MEDICAMENTOS NO SUS DE JUIZ DE FORA CHRISTIANE LIMA MACHADO - UFJF, PJF, ESTELA MÁRCIA SARAIVA CAMPOS - UFJF, SÉRGIO XAVIER DE CAMARGO - UFJF
INTRODUÇÃO: As Práticas Integrativas e Complementares (PICs) são um intercâmbio entre o antigo saber e a evolução científica do cuidar. Neste encontro, vislumbra-se o resgate cultural de formas eficazes de promoção da saúde que seguem paradigmas distintos do modelo de saúde hegemônico atual e apresentam grande eficiência e resolubilidade, com menores custos. A valorização das PIC é de extrema importância e de grande retorno ao Sistema Único de Saúde (SUS). No âmbito do SUS a legitimação das PICs surge com a publicação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) a partir de 2006, sendo disponibilizadas 29 PICs no SUS atualmente. Todavia, ainda são muitos os desafios para sua efetiva execução e garantia do cuidado integral proposto. Os desafios são de ordem financeira, de formação dos profissionais, de resistência da comunidade científica, de desconhecimento e não valorização pela gestão do SUS. Apesar de tal contexto, ainda assim existem vários serviços públicos que oferecem as PICs à população brasileira, como é o caso do Departamento de Práticas Integrativas e Complementares de Juiz de Fora (DIPC) em uma de suas áreas, a homeopatia, cenário de estudo deste trabalho, que oferece desde 1995 consultas e manipulação de medicamentos homeopáticos. OBJETIVO: avaliar a Assistência Farmacêutica Homeopática no DPIC e sua efetividade na perspectiva do acesso da população aos medicamentos. METODOLOGIA: Analisou-se uma amostra aleatória de 103 receituários médicos do DPIC em 2018. Foram avaliados os prontuários e traçados o perfil sóciodemográfico dos pacientes e o diagnóstico e/ou queixa principal que o levou à prescrição. O estudo aprovado pelo CEP/ UFJF parecer nº3.099.687. RESULTADOS/DISCUSSÃO: O perfil este grupo se concentrou em 21,36% na faixa etária de 50 a 59 anos, 72,04% brancos, 75,73% do gênero feminino, 46,81% solteiros, 61% católicos, 50% com nível de escolaridade até o ensino fundamental. Dentre as ocupações, prevalecem as ligadas ao comércio, os aposentados e os que se declararam “do lar”. Com relação aos quadros clínicos, a categoria “Transtornos mentais e comportamentais” é o que mais leva o paciente a procurar o DPIC/SMS-JF, 20,4%. Estes quadros podem estar relacionados ao estilo de vida e outros determinantes sociais que influenciam na saúde da população. As doenças ligadas ao sistema respiratório são a segunda maior comorbidade observada (16,5%). Na sequência, algumas doenças crônico-degenerativas, normalmente presentes nos idosos que demandam contínuo acompanhamento e monitoramento. Pode-se destacar que as necessidades que levam o paciente ao serviço de homeopatia realçam sua importância, uma vez que alguns optam por essa terapêutica depois de passarem por outras especialidades sem alcançar o equilíbrio de sua saúde. Tal escolha valida um dos diferenciais da homeopatia que é a importância de sintomas subjetivos que individualizam o paciente, o que é difícil alcançar com os protocolos alicerçados no modelo biomédico, que vê a doença e não o doente. No âmbito da assistência farmacêutica homeopática, é possível elencar os medicamentos prescritos atendidos (50,15%) e aqueles que, por não estarem disponíveis no DPIC/SMS-JF, ou outra dificuldade material, não foram manipulados (49,85%). As prescrições da amostra estudada tiveram pelo menos um medicamento atendido. Destas, 42% foram totalmente atendidas, sendo o tratamento integralmente garantido pelo SUS. Em relação ao motivo da não dispensação, 59% foi por não estarem na lista padronizada pela farmácia. Em várias prescrições não houve adequação ao protocolo que estabelece, por exemplo, manipulação de complexos com até três medicamentos. As receitas em fórmulas farmacêuticas diferentes das liquidas no álcool, foram outra barreira. Embora sejam matérias primas mais caras, em alguns casos é necessário a formula sólida ou outro insumo inerte, e nesses, atualmente, o paciente tem que recorrer à rede privada, o que dificulta seu tratamento. Limitações como estas merecem uma discussão interdisciplinar entre a equipe da farmácia, os prescritores e a gestão municipal. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Diante do exposto conclui-se que o serviço de homeopatia de Juiz de Fora, disponível a população necessita de investimentos para melhor efetividade na dispensação dos medicamentos. Sobre os medicamentos disponíveis, cabe retomar a especificidade do tratamento homeopático, bem como as várias opções terapêuticas elaboradas pelo prescritor, embasado nas múltiplas escolas homeopáticas. Tal heterogeneidade é um fator benéfico ao individualizar o tratamento e alcançar melhores resultados. Todavia, é importante conhecer as necessidades para melhor planejamento, a fim de contemplar o tratamento do paciente e otimizar os recursos. Os dados obtidos ficam à disposição da comunidade científica e do serviço de saúde a fim de nortear as decisões de planejamento e gestão no que se refere ao acesso à homeopatia e outras PICs.
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