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30/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-23G - GT 23 - PICS e cuidado na Atenção Primária

30176 - O TRABALHO INTERPROFISSIONAL E AS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NA REGIÃO METROPOLITANA DA GOIÂNIA
PEDRO HENRIQUE BRITO DA SILVA - UFG, LEYLAINE CHRISTINA NUNES DE BARROS - UFG, RICARDO ANTÔNIO GONÇALVES TEIXEIRA - UFG, NELSON FILICE DE BARROS - UNICAMP, ELLEN SYNTHIA FERNANDES DE OLIVEIRA - UFG


Introdução: o trabalho em equipe é considerado um importante estratagema para o cuidado integral no Sistema Único de Saúde. A Atenção Primária à Saúde (APS) requer um trabalho interprofissional, isto é, uma interação entre os diferentes profissionais que integram as equipes com centralidade nas necessidades de Saúde da população. Porém, o trabalho na APS ainda se alicerça na perspectiva multiprofissional. As equipes de Saúde são formadas por diversos profissionais, com limitada ou sem integração entre eles e somente partilham o mesmo local de trabalho. Com isso, o princípio da longitudinalidade da APS, para assegurar a continuidade do cuidado, fica comprometido. Logo, é importante migrar do trabalho desarticulado (multiprofissional) para o integralizado (interprofissional). Essa mudança pode ser facilitada pelas Práticas integrativas e Complementares (PIC), pois podem proporcionar uma maior satisfação no ambiente laboral em virtude das alterações que promove na organização do trabalho, por causa da maior interação entre as práticas e saberes dos trabalhadores e destes com os usuários. Por outro lado, a oferta das PIC na APS pode indicar a ordem hegemônica do fazer Saúde. De modo que os profissionais que se interessem em aplicar alguma prática de cuidado diferente da racionalidade biomédica, com objetivo de transformar a organização do trabalho, podem conferir em situações desfavoráveis, como formas de constrangimento praticados pelos outros trabalhadores que compõem a equipe multiprofissional. Assim, é importante pensarmos como a equipe de trabalho é desenvolvida e como o serviço acontece entre os profissionais diante de práticas diferentes da biomédica. Objetivo: Compreender as percepções dos profissionais sobre o trabalho interprofissional com as PIC na APS na Região Metropolitana de Goiânia. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, exploratório, com abordagem qualitativa. Participaram do nosso estudo 20 profissionais que ofertavam PIC em 14 serviços de APS, em três cidades da Região Metropolitana de Goiânia, entre os meses de janeiro a agosto de 2018. Os dados foram coletados por entrevistas semiestruturadas, transcritas e analisadas por meio da Análise de Conteúdo para identificar as categorias temáticas. Resultados e Discussão: os resultados apontam para oportunidades e entraves para o trabalho interprofissional com as PIC no contexto da APS. A existência das PIC nos serviços pode acarretar a integração dos diferentes trabalhadores que a compõem. Essa percepção vem, especialmente, daqueles profissionais dos Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF). Posicionados para dar suporte às equipes básicas, se sentem mais integrados à Estratégia de Saúde da Família (ESF). As PIC se tornaram importantes estratégias de aproximação entre as equipes de APS. A partir disso, os profissionais selecionavam quais as melhores condutas que poderiam ser adotadas para que os usuários pudessem sanar suas dificuldades, revelando as possibilidades de melhorar a qualidade das ações desenvolvidas nos serviços de Saúde. Favorece uma maior comunicação, com a tomada de decisões compartilhadas, a escuta atenta e uma dinâmica de aprender com o outro, sobre o outro e para o outro. Contudo, os profissionais da APS também percebem aspectos negativos da oferta de PIC para as equipes de Saúde. Observamos que a organização do trabalho com as PIC pode conferir em prejuízos para outros serviços tidos como prioritários. Nessa perspectiva, as PIC provocariam tensionamentos para a realização das demais atividades. Os profissionais alternativos pertencentes aos serviços de APS na Região Metropolitana de Goiânia não podem abandonar a realização de atividades básicas do processo de trabalho da APS. Então, as PIC eram atividades não prioritárias na rotina de atendimento da equipe no serviço. Dessa forma, sinalizamos o enfrentamento de conflitos nas relações entre as equipes de Saúde. O profissional que desenvolve alguma PIC tem que acordar com a gestão dos serviços e/ou demais profissionais, exclusivamente da biomedicina, para executá-las. Adotar uma outra racionalidade médica, dentro dos serviços de Saúde que primam pelo modelo biomédico hegemônico, voltados para o assistencialismo fragmentado, pode resultar em repressão, comprometendo o trabalho em equipe. Pelas PIC estarem fundamentadas em outros paradigmas, esses profissionais enfrentam essas dificuldades por comumente os indivíduos estarem arraigados em uma cultura institucional que dificulta a integração de quaisquer práticas que fogem do convencional. Considerações finais: Ao mesmo tempo em que as PIC potencializam o trabalho entre a ESF e NASF, condicionam a manutenção das disparidades no trabalho das equipes em Saúde. Essas assimetrias delineiam hierarquias e verticalizações, proporcionando uma desconexão do trabalho e comprometendo a organização dos serviços de APS baseada na interprofissionalidade.

local do evento

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