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Grupos Temáticos

28/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-23A - GT 23 - PICS e Educação Popular na formação profissional e no cuidado em instituições de ensino

31332 - ENFRENTAMENTO DO ADOECER NO AMBIENTE UNIVERSITÁRIO: PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADES POR MEIO DE GRUPOS DE YOGA
PAULA GIOVANA FURLAN - UFSCAR, KARINA KAORI YOSHIDA - UFSCAR, KARINE WLASENKO NICOLAU - UFMT


Contextualização: desde 2006, o Sistema Único de Saúde brasileiro adotou como política pública as chamadas práticas integrativas, sendo o yoga uma delas. Trata-se de um dos seis fundamentais sistemas filosóficos indianos de estudo da consciência. Visa o autoconhecimento para reconexão com o mundo e a construção de novas maneiras de ver, sentir e agir (coerência nas ações), objetivando o controle do estado mental pela prática meditativa, da qual podem surgir novos estados de consciência e de percepção da realidade. O presente relato de experiência descreve e analisa a realização de grupos de yoga em um serviço de saúde universitário, na qualidade de projeto de extensão, pesquisa e ensino no âmbito da Saúde Coletiva, para situações de sofrimento mental como pânico, depressão, tentativas de suicídio, dentre outros, ampliando estratégias de prevenção e enfrentamento do adoecimento crônico. A introdução da prática milenar do yoga em um serviço de saúde universitário respaldou-se nas evidências identificadas neste ambiente em relação aos efeitos deletérios das desigualdades sociais, vida urbana, enfraquecimento de valores humanos nos planos da ética, da política e da convivência social; e a hegemonia da racionalidade médica na cultura ocidental. Os grupos surgiram fundamentados na necessidade de revisão das ofertas terapêuticas excessivamente centradas no indivíduo, na doença e na fragmentação do saber profissional. Contudo, para além das bioidentidades e das biossocialidades decorrentes das diversas patologias, os grupos de yoga em questão desenvolveram-se sob a perspectiva da produção de subjetividades por meio de alternativas coletivas de cuidado.
Descrição: até o momento e ainda em curso, foram realizados 10 grupos de frequência semanal com até 10 participantes cada, totalizando 120 pessoas atendidas e 245 encontros, em grupos abertos. A inserção de novos participantes ocorre sempre que há vaga (pela saída dos participantes ou incompatibilidade de horário com alteração de semestre acadêmico). Além da ampliação e difusão de tecnologias coletivas de cuidado, produziram-se dados para futuras pesquisas. Estudantes e servidores foram beneficiados, na faixa etária de 18 a 56 anos. A equipe do serviço de saúde universitário também participou dos grupos, conhecendo e vivenciado a prática do yoga em um espaço para valorização e cuidado do(as) profissionais.
Período de realização: setembro de 2017 a maio de 2019.
Objetivos: fomentar e difundir a cultura e as tecnologias das práticas integrativas, especificamente o yoga, para o cuidado de si, do outro, do mundo; ampliar oferta de cuidado em saúde por meio de práticas coletivas, reconectando as esferas social e espiritual; favorecer a construção de relações interpessoais éticas (sentido de saúde e do bem viver), estéticas (a forma pelas quais tais sentidos são incorporados) e políticas (a dimensão coletiva/pública, inalienável da vida).
Resultados: além dos sintomas de adoecimento mental, os(as) participantes identificaram problemas como insônia, dores musculares e de cabeça, alergias, cólicas menstruais e gagueira. A participação da equipe de saúde qualificou os encaminhamentos e promoveu o aumento da comunicação e integração necessárias à discussão dos atendimentos realizados. Houve relatos de melhora com a diminuição/retirada de medicamentos psicotrópicos; manejo de situações de crise e ansiedade; interrupção de relações violentas ou do ciclo de emoções destrutivas; vivência social positiva. A prática em grupo parece ter resgatado a dimensão coletiva do cuidado, identificado pelo mútuo interesse, ajuda e aproximações sociais. Como desdobramento dos encontros, criou-se um curso de atualização abordando humanização do cuidado em saúde, grupos terapêuticos, acolhimento, projeto terapêutico e a formação de uma equipe de estudos e pesquisas direcionadas ao tema das práticas integrativas/yoga.
Aprendizados: desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias de cuidado em saúde, de práticas terapêuticas com foco em grupos e coletividades na perspectiva da integralidade, importante princípio da Saúde Coletiva. O manejo relativo ao estresse, à redução do uso de medicamentos psicotrópicos e à construção da cultura de paz podem ser associados de modo positivo. Considerar uma abordagem integral, como o yoga, no acompanhamento terapêutico, parece favorecer a leitura e a intervenção em fatores extrafísicos e extrapsíquicos relacionados ao processo saúde-doença, como a sociabilidade e o pertencimento à esfera pública.
Análise crítica: práticas integrativas, como o yoga, não devem se constituir em mais um item no rol de procedimentos que medicalizam a vida, voltando-se para questões isoladas e pontuais, como o mero alívio de sintomas psicopatológicos. A potencialização de respostas singulares e que favoreçam a saúde surgem quando essas práticas são incorporadas como possibilidades de se recriar as relações com o todo que nos constitui como seres sociais.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

Campus I - Lot. Cidade Universitaria, João Pessoa - PB, 58051-900