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Grupos Temáticos

30/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-23F - GT 23 - Construção do bem viver com EdPop Saúde e PICS

31267 - A PRÁTICA DA AURICULOTERAPIA COMO FERRAMENTA DE (RE)CONSTRUÇÃO SOCIAL E HUMANA
KÉSIA RIBEIRO DA SILVA GUEDES - COMUNIDADE MANGABEIRA IV, INGRID GABRIELE DE SOUZA - UFPB, EDAGR DA SILVA FONTES - UFPB, PEDRO JOSÉ SANTOS CARNEIRO CRUZ - UFPB


Este trabalho abordará as vivências de Késia Ribeiro da Silva Guedes, moradora do bairro de Mangabeira, em João Pessoa-PB, em processos de cuidado e de educação popular no âmbito das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS). Será enfatizada a prática em auriculoterapia tanto na promoção integral da saúde de Késia na ótica do bem viver, bem como em seu protagonismo na oferta de cuidado e de processos formativos em PICS. O relato de experiência é narrado em primeira pessoa, mas foi apoiado estruturalmente por uma estudante e por um docente da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Tenho 40 anos, e minha proximidade com a auriculoterapia começou quando, passando por um processo de depressão intenso desde 2014 e com agravo em 2017, procurei diferentes tratamentos. Deparei-me com profissionais como neurologistas e psiquiatras com abordagens que pouco questionavam as raízes que me levavam àquele estado, querendo sempre me tratar apenas à base de medicamentos. Tinha consciência que só esse tipo de abordagem não surtiria efeito, uma vez que estava vivenciando vários contratempos pessoais, sobretudo por estar em um relacionamento conjugal abusivo.
Após três meses sem conseguir deambular e buscas frustradas de apoio profissional, a agente comunitária de saúde Kelly me fez uma visita domiciliar, vindo juntamente com o residente em Medicina de Família e Comunidade, Edgar. Ambos conversaram comigo, sugeriram acompanhamento com a psicóloga, bem como com auriculoterapeutas, as quais foram à minha casa. Apesar de eu demonstrar ainda certa resistência em receber outras pessoas, aos poucos, elas me apresentaram à auriculoterapia, dando-me tempo para entender essa prática antes de aplicarem em mim. Com esse espaço, respeito e disponibilidade proporcionados, no final de 2017, aceitei fazer a auriculoterapia e com o passar das sessões fui melhorando. Na quinta sessão consegui ficar em pé, continuei o tratamento na Unidade de Saúde da Família (USF) e foi nesse cuidado e apoio encontrados ao longo dessa caminhada que pude obter mais força para superar as atribulações.
Ao perceber meu interesse nessa prática, o médico Marcos da USF de Mangabeira IV me incentivou a participar de um curso de auriculoterapia no bairro do Cristo Redentor, promovido pelo programa de extensão “Práticas Integrais de Promoção da Saúde e Nutrição na Atenção Básica” (PINAB) da UFPB, mediado por estudantes de medicina em agosto de 2018. Esse curso buscava formar cuidadores integrais em saúde da própria comunidade, de serviços atuantes naquele território e em espaços circunvizinhos. Foi essa ação que possibilitou a pessoas da comunidade como eu, até mesmo sem uma escolaridade de segundo grau completa (recorrente de uma cultura machista que me oprimiu durante muito tempo) uma nova oportunidade de aprendizado e troca de conhecimento por meio da Educação Popular em Saúde.
Diante disso, além de contribuir para a democratização da participação popular nas PICS, esse curso possibilitou maior visibilidade para outras formas de cuidar e de atuar em saúde como novas alternativas de superar a vigência do modelo biologicista. Essa experiência me mobilizou a procurar espaços onde pudesse ser protagonista no cuidado das pessoas, dessa vez como auriculoterapeuta, passando a atuar como voluntária junto ao Programa PINAB na USF Vila Saúde. Semanalmente, somo-me aos estudantes da UFPB, a profissionais de saúde e a outras pessoas do meio popular na oferta de processos de cuidado orientados pela auriculoterapia. Além disso, participo de outros cursos de formação promovidos nesse território, tanto na área de PICS como de Educação Popular em saúde. Vou assim colocando em prática meus conhecimentos, não só para contribuir no cuidado de outras pessoas da comunidade, como também para entender meu próprio processo de cuidado, e dessa forma, conseguir propagar essas práticas integrativas, voltando-as à promoção da saúde.
Sob esse prisma, acredito que as PICS são de extrema importância para o cuidado, passando a considerar os determinantes sociais do processo saúde-doença que circundam a comunidade e utilizá-los na busca do melhor tratamento conforme a necessidade de cada indivíduo, sempre direcionando-se à humanização. E, assim como a auriculoterapia abriu uma nova porta para mim, além de um leque de oportunidades e conhecimentos, espero que as ações voltadas ao fomento do protagonismo da comunidade na saúde e a valorização do conhecimento popular nas ações e serviços possam ser cada vez mais encorajadas. Afinal, além de conhecimento técnico foi despertado em mim o desejo de construir meus espaços de autonomia. Sendo assim, foi com o apoio da auriculoterapia e de cada pessoa que plantou uma semente no meu caminho que consegui atingir um equilíbrio emocional e físico, não alcançado anteriormente.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

Campus I - Lot. Cidade Universitaria, João Pessoa - PB, 58051-900