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30106 - PRÁTICAS INTEGRATIVAS E SAÚDE SUPLEMENTAR: EXPERIÊNCIAS DE UM GRUPO DE PESSOAS MORADORAS NAS CIDADES DE RIO DE JANEIRO E SÃO PAULO MARIA ELISA GONZALEZ MANSO - CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO CAMILO- SÃO PAULO, LEONARDO GOES - CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO CAMILO- SÃO PAULO
Introdução
A grande maioria da população brasileira recorre ao sistema público de saúde, de acesso universal e gratuito, para sanar seus problemas de saúde. Mas, a legislação brasileira também prevê a possibilidade dos seguro-saúde. Estes são planos que cobrem uma parcela da população situada nos estratos socioeconômicos mais elevados e são obrigados, pela legislação, a fornecer cobertura a algumas Práticas Integrativas, porém, apesar desta oferta, pouco se sabe sobre a utilização destas por este setor.
Este artigo tem como objetivo apresentar como um grupo de pessoas, usuários de um seguro-saúde, vivenciam a utilização das práticas integrativas.
Metodologia
Trata-se de estudo qualitativo, realizado durante o período incluso entre o primeiro semestre de 2015-primeiro semestre de 2017, nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, com 44 usuários de um seguro-saúde. Todos os entrevistados são portadores de doenças crônicas, estando em tratamento no momento da pesquisa, sem déficits cognitivos e que, de maneira geral, ainda se encontram ativos no mercado de trabalho. Estes entrevistados foram escolhidos aleatoriamente, através de sorteio, totalizando 44 informantes.
Optou-se pela entrevista aberta, realizadas tanto nas residências quanto nos locais de trabalho. As entrevistas foram gravadas, transcritas e analisadas pelos pesquisadores. O projeto foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa, tendo sido aprovado segundo CAAE 48125015.9.0000.0062 de 2015.
Resultados e Discussão
Dos 44 informantes, 35 (79%) residem na cidade de São Paulo e 9 (21%) na cidade do Rio de Janeiro. O grupo é composto por 26 (59%) mulheres e 18 (41%) homens, sendo que as mulheres têm idades entre 20 e 92 anos (média 60 anos) e os homens, de 35 a 89 anos (média 59 anos).
O grupo pesquisado apresenta elevado grau de instrução, sendo que 56% dos participantes tem ensino superior completo. Quanto à religião, 23 indivíduos (52%) se declararam católicos, 3 (7%) referiram ser espíritas, 3 (7%) agnósticos, 3 (7%) evangélicos, 2 (4%) ateus, 2 (4%) praticantes de umbanda, 2 (4%) protestantes, 2 (4%) judeus e 1 (2%) muçulmano. Além destes, 3 (7%) referiram vivenciar sua espiritualidade sem seguirem nenhuma religião específica.
Como dito, os pesquisados compartilham entre si o fato de apresentarem pelo menos uma doença crônica diagnosticada por médico, sendo as doenças cardiovasculares e os canceres as enfermidades mais frequentemente encontradas neste grupo. Alguns dos entrevistados, principalmente os mais velhos, tem mais de uma doença em associação.
Para o grupo, o modelo de atenção à saúde biomédico hegemônico é sempre utilizado desde do recebimento do diagnóstico. Entretanto, paralelamente, várias práticas de alívio e cura foram procuradas por todos os participantes deste grupo pesquisado, independentemente da religião, idade, escolaridade, sexo e doença(s) que acomete(m) os entrevistados. Isto parece demonstrar que, para este grupo, o sistema médico hegemônico, apesar de ser sua escolha principal, é apenas um dos vários caminhos terapêuticos possíveis, percorridos concomitantemente e de acordo com suas crenças de cada entrevistado.
Para este grupo de pessoas, os itinerários terapêuticos que constroem baseiam-se na visão de integralidade do indivíduo, independentemente de os tratamentos buscados serem ou não reconhecidos e/ou aceitos, sendo que a opinião de um profissional de saúde não foi considerada nestes trajetos. Para o grupo, a maior influência para a escolha vem da família e do grupo social ou étnico ao qual pertencem.
Das práticas utilizadas, a acupuntura foi a prática integrativa mais utilizada principalmente para o alívio de dores, mas também para o controle do estresse e dos efeitos colaterais da quimioterapia/radioterapia. É tida, pelo grupo, não como forma de tratamento para as doenças que os acomete, mas, buscada para melhoria de sintomas e por proporcionar melhor qualidade de vida e alívio de tensões.
A fitoterapia foi a segunda prática mais procurada por este grupo e inclui chás, emplastos e banhos. A homeopatia foi relacionada por estes entrevistados ao tratamento do estresse e enfermidades agudas, não sendo reconhecida pelo grupo como efetiva para o tratamento das doenças crônicas que os acomete.
Várias práticas corporais foram citadas pelos entrevistados nesta pesquisa. Assim, o Tai Chi, o Lian Gong e a prática de Yoga foram apontados como sendo propiciadores de alivio para dores e estresse, reequilíbrio e qualidade de vida.
A Meditação, o uso de cristais, a cromoterapia, a radiestesia e o Reiki também foram citados pelo grupo, que vê estas práticas como facilitadoras da integração mente-espírito, eficazes para tratamento do estresse, principalmente pelos entrevistados mais jovens.
Conclusão
Percebeu-se que os entrevistados buscaram as Práticas Integrativas em associação com o tratamento que recebem, em um rico itinerário terapêutico.
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