Clique para visualizar os Anais!



Certificados disponíveis. Clique para acessar a área de impressão!

Associe-se aqui!

Grupos Temáticos

29/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-9B - GT 9 - Drogas e populações vulnerabilizadas

31170 - ENTRE O “EU NÃO SOU A FAVOR!” E O “TRABALHAR COM A DIGNIDADE”: AS COMPREENSÕES E PRÁTICAS DE REDUÇÃO DE DANOS NA ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
VITÓRIA SILVA DE ARAGÃO - UNICHRISTUS, ILANA FARIAS ANDRADE DE MOURA - ESP/CE., LEILSON LIRA DE LIMA - UNICHRISTUS/UECE, MARIA ROCINEIDE FERREIRA DA SILVA - UECE, INDARA CAVALCANTE BEZERRA - UNIFOR, ELENICE ARAUJO ANDRADE - UECE


Introdução
Inicialmente a redução de danos (RD) constituiu-se como estratégia para diminuir os índices de infecção pelo HIV entre os usuários de drogas injetáveis. As primeiras iniciativas no Brasil ocorreram em 1989, na cidade de Santos, São Paulo. Em 2005 ela é ampliada e passa a ser prática norteadora da “Política do Ministério da Saúde para Atenção Integral a Usuários de Álcool e Outras Drogas e da política de Saúde Mental” (LOPES; GONÇALVES, 2018) e não mais voltada apenas à prevenção do HIV. Torna-se direcionada a minimizar e reduzir todos os danos ocasionados pelo uso de drogas e se volta também aos direitos dos usuários de drogas. O sujeito passa a ter opção de escolha e autonomia em seu cuidado (PASSOS; SOUZA, 2011)
Os trabalhadores da saúde e dos serviços socioassistenciais devem deixar de lado julgamentos morais-religiosos e oferecer assistência integral e resolutiva, centrada no protagonismo. Diante disso, questionamos: qual as compreensões e práticas de RD dos trabalhadores na atenção psicossocial?
Objetivo
Compreender a redução de danos e suas práticas construídas pelos trabalhadores da Atenção Psicossocial.
Método
Estudo de natureza qualitativa, com eixo na Hermenêutica Fenomenológica. Centra-se na compreensão das narrativas, procurando a totalidade de cada interlocutor, com base nos signos e significados presentes em seus discursos (BREGALDA, 2015).
A pesquisa foi realizada em Fortaleza-CE. A cidade conta com sete Centros de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas (CAPS ad). Eles se interligam com outros serviços de saúde, compondo a rede de atenção psicossocial voltada às pessoas em uso álcool e outras drogas. A pesquisa ocorreu nos CAPS ad. Os interlocutores foram trabalhadores selecionados de forma intencional, com os critérios de inclusão: mais de um ano de serviço na rede e envolvidos diretamente nas práticas de cuidado. Foram excluídos os que estavam de férias ou licença durante o período de coleta e/ou impossibilitados por motivo de doença.
Foi utilizada a entrevista em profundidade. A coleta dos achados se deu entre os meses de março a setembro de 2017, após a aprovação do projeto ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Ceará, sob parecer nº 1.235.360. Vale salientar que o estudo respeitou os princípios éticos e legais da pesquisa com seres humanos e preservou o anonimato dos interlocutores.
Resultados e Discussões
Muito embora a RD tenha se apresentado como uma política inclusiva, respeitosa, que trabalha buscando o protagonismo do usuário e respeitando a dignidade das pessoas, alguns profissionais são contra, por acreditar que é uma forma de incentivo ao uso de substâncias psicoativas. Em contraposição, alguns trabalhadores entendem a RD como uma libertação, um direito e compreendem a política como a possibilidade de abordar as pessoas de forma integral.
A visão proibicionista ainda está muito presente nos profissionais que lidam com pessoas que fazem uso de substâncias psicoativas, possibilitando a visão de que esses sujeitos são “dependentes químicos”, “criminosos” e/ou “violentos”. São concepções arraigadas de preconceito que necessitam ser repensadas/mudadas. A RD não é somente abstinência, é olhar o usuário de modo integral, levando em consideração seus contextos de uso, suas representações e seus significados (LINDER; SIQUEIRA, 2016).
Dias, Passos e Silva (2016) também trazem a compreensão das narrativas de trabalhadores. Eles explicitam que ao invés de julgar, acolher as diferenças e negociar com elas é o mais assertivo. Afirmam, ainda, que o desafio de pensar as políticas públicas de saúde está na negociação entre as diferentes experiências.
Desse modo, a abordagem em RD não pode ser reduzida a uma técnica, mas sim a um modo de trabalho, pautado por uma ética da relação baseada na autonomia, no diálogo e na corresponsabilização profissional/usuário. O trabalho é pautado na ética, no vínculo e, principalmente, no respeito às singularidades. Essa estratégia, está apoiada em uma compreensão ampliada de saúde, acesso aos direitos e constituição da subjetividade.
Considerações Finais
A partir dos achados, consideramos que atuar na perspectiva da RD é respeitar a vida humana, a dignidade e a multiplicidade de cada ser, visto que cada pessoa é única. Cada indivíduo carrega uma multiplicidade de significações, afetos e símbolos acerca do seu uso de substância psicoativa.
REFERÊNCIA
BREGALDA, R. Hermenêutica em Paul Ricoeur: contribuições à pesquisa textual. Revista Filosofazer, n. 47, p. 109-126, jul./dez. 2015.
DIAS, R. M.; PASSOS, E.; SILVA, M. M. C. Uma política da narratividade: uma experimentação e cuidado nos relatos dos redutores de danos de Salvador, Brasil. Interface (Botucatu), v. 20, n. 58, p. 549-58, 2016.
LINDNER, L.; SIQUEIRA, D. Redução de danos: como foi? O que é possível? O que é preciso? In: SOUZA, A. C. et al. (Orgs.) Entre pedras e fissuras. São Paulo: Hucitec, 2016, p. 60-69.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

Campus I - Lot. Cidade Universitaria, João Pessoa - PB, 58051-900