29/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-9B - GT 9 - Drogas e populações vulnerabilizadas |
31573 - O USO DE DROGAS ENTRE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS: UMA EXPERIÊNCIA DE TRABALHO COM METODOLOGIAS ATIVAS EM BUSCA DA REDUÇÃO DE DANOS NO CONTEXTO UNIVERSITÁRIO JOÃO MENDES DE LIMA JUNIOR - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA, EDER PEREIRA RODRIGUES - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA, URBANIR SANTANA RODRIGUES - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA
Contextualização
O uso e o abuso de substâncias psicoativas (SPA’s) no Brasil é importante tema para as políticas públicas com implicações para as políticas de educação e saúde. Pesquisas indicam sensível aumento do uso de SPA’s nos últimos anos no Brasil. Estudantes universitários demandam atenção específica dada a diferença nos padrões de uso deste grupo quando comparado com a população em geral, como aponta o estudo realizado pela Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas. Em que pese essa constatação somente 10% das universidades investigadas apresentaram ações destinada ao tema. A experiência hora relatada se insere no contexto empreendido para construir políticas institucionais que pautem o uso de SPA’s pela redução de danos.
Descrição
Desde 2006 a Política Nacional Sobre Drogas enfatiza a prevenção, tratamento, reinserção social e redução de danos. Estudantes e docentes da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia desenvolveram um programa de extensão universitária para redução das consequências sociais e sanitárias desencadeadas pelo uso problemático de SPA’s . O primeiro desafio foi introduzir o tema sem reproduzir a perspectiva da abstinência como condição obrigatória. O segundo desafio foi inovar na linguagem e na metodologia para diálogo com a comunidade acadêmica. Os modelos tradicionais de ensino-aprendizagem demonstraram pouco sucesso na prevenção dos riscos e redução de danos. O ‘Programa de Intervenção e Práticas Ativas em Álcool e outras Drogas’ (PIPA-Ad) objetivou potencializar a experiências de prevenção dos riscos e de redução danos decorrentes do uso de SPA’s. Partindo da constatação que a melhor forma de reduzir danos é ampliar o conhecimento sobre si e sobre as próprias experiências, buscou-se construir um conjunto de ações promotoras de um ambiente onde a informação e o conhecimento sobre drogas estivessem determinado pela autonomia nas escolhas, liberdade de ação, informações sem tabus, evidências científicas e dialogicidade na construção do conhecimento. O PIPA utilizou recursos didático-pedagógicos dialógicos, adotou metodologias ativas e desenvolveu práticas inovadoras que buscaram promover uma maior interatividade com os participantes. A opção pelo uso de metodologias ativas deve-se a necessidade de usar a problematização como principal estratégia de ensino-aprendizagem, o que contribui para maior implicação dos participantes diante de um problema posto ao favorecer o exame, a reflexão, as interligações com vivências e, por fim, a ressignificação e as novas descobertas. A nova aprendizagem amplia não somente as possibilidades e caminhos, mas a realização de escolhas e a tomada de decisões baseadas na liberdade e na autonomia. Dentre as atividades desenvolvidas pelo PIPA estão: 1) oficina “Drogas Psicoativas – o cuidado e a redução de danos”, espaço de reflexão para estudantes da área da saúde sobre práticas de cuidado destinadas ao usuário de drogas; 2) “Saber com Sabor”, iniciativa realizada na cantina do CCS-UFRB durante o horário do almoço, com o objetivo de debater o tema a partir de diversas expressões culturais; 3) “Arraiá da Redução de Danos”, que trabalhou a redução de danos em festas juninas, com informações através de jogos interativos e materiais impressos; 4) “Tenda Redução de Danos”, um conjunto de atividades simultâneas realizadas num espaço organizado e equipado, com vários recursos materiais e de informação sobre o tema. Todas as atividades buscaram diálogo, trocas e construções compartilhadas de conhecimento sobre o tema, estratégias de prevenção e de promoção à saúde na perspectiva de redução de danos.
Período de Realização
Iniciada em 2016 e estendida até 2018 a atividade foi realizada na UFRB.
Objetivos
Instituir formação sobre álcool e outras Droga, articular ensino, extensão e pesquisas no campo da política sobre drogas na interface com a saúde coletiva, orientado por uma matriz pedagógica que garanta a interdisciplinaridade, integração escola-serviço-comunidade e autonomia discente.
Metodologia
A partir de metodologias ativas, foram construídos recursos didáticos facilitadores de intervenções educativas no contexto universitário. O dispositivo pedagógico adotado pautou-se no ‘fazer’ prático articulado com o ‘saber’ teórico. Com base na perspectiva construtivista, propiciou-se a interação entre os sujeitos para a construção da aprendizagem dialógica. Usou-se recursos lúdicos e interativos para a construção, troca e transmissão do conhecimento.
Análise Crítica
A política sobre drogas é um desafio para o campo da saúde coletiva. Não bastasse o impacto epidemiológico, o estigma e a criminalização de algumas drogas transformam o tema num tabu. Há escassez de experiências de prevenção primária e/ou de redução de danos fora de contexto de uso. Boa parte das práticas de saúde continua reproduzindo perspectivas conservadoras tanto no discurso quanto nas metodologias de ação. Procurou-se, aqui, avançar em estratégias de superação desse impasse.
|