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Grupos Temáticos

29/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-19C - GT 19 - Novas Mídias e Saúde

30171 - NOTAS PROVISÓRIAS SOBRE UMA ONTOLOGIA DAS REDES SOCIAIS
ALEXIS MILONOPOULOS - USP, RICARDO RODRIGUES TEIXEIRA - USP


Introdução: As redes sociais engendram um campo de expressão e sociabilidade bastante apetitoso para a pesquisa, em especial em meio a avanços técnico-científicos que nos permitem mergulhar no caldo produzido pelo fenômeno sociotécnico das culturas digitais virtuais, onde artefatos tecnológicos e uma sorte de atores humanos e não-humanos – como algoritmos e bots – nutrem uma infinidade de interações que reconfiguraram, ao longo dos últimos anos, os modos de existência e de relação da humanidade em todas as suas esferas: comunicacional, cognitiva, simbólica, emocional, afetiva, subjetiva, política, cultural, econômica, ecológica, etc. Partindo de uma pesquisa em andamento que persegue o problema da conformação das práticas alimentares expressas nas redes sociais a partir da perspectiva da ontogênese do comportamento, esta apresentação se propõe a compartilhar algumas notas sobre um modo de investigação que, por meio de uma série de deslocamentos epistemológicos e ontológicos , nos permite experimentar técnicas, conceitos e ferramentas de pesquisa que movem tanto outras noções de corpo, de sujeito e de saúde, quanto uma outra teoria social que nutre, por sua vez, um ponto de vista singular sobre os estudos de redes digitais, ponto de vista este que se alia ao método perspectivista de análise de redes (Cf. MALINI, 2017) e frutifica um entendimento de que a web é constituída por múltiplas perspectividades em rede.
Objetivos: Em diálogo com este perspectivismo em rede e com as questões que o acompanham, nosso objetivo é partilhar uma estratégia teórico-metodológico-conceitual que não só radicaliza a própria proposição de “igualdade na diferença” – já que parte do princípio de que o todo é sempre menor que suas partes, e de que as relações dobram a experiência de tal forma que o que emerge é sempre algo mais do que a soma de suas partes –; como também cria condições para que possamos cultivar uma analítica que contemple os desafios teóricos e práticos colocados pela internet não só na vida do cidadão ou nos contextos de saúde, mas no seio das próprias inflexões contemporâneas nos movimentos do capitalismo, onde vimos emergir um ontopoder (Cf. MASSUMI, 2016).
Metodologia: Por meio de elementos teóricos e empíricos, manejaremos tal cardápio teórico-metodológico-conceitual para além de qualquer distinção binária entre virtual-real, online-offline, dentro-fora, micro-macro, indivíduo-sociedade, problematizando as redes sociais como uma matriz de emergência de produtos, comportamentos e práticas que não preexistem exclusivamente no mundo, mas que ganham forma na e através de sua circulação neste campo embebido por completo nos fluxos e movimentos transformativos do capitalismo e das sociedades capitalistas contemporâneas, campo este onde fervilham tendências emergentes, tendências em formação, assim como tendências cristalizadas e/ou capturadas.
Resultados e discussão: Tendo em vista a infinidade de operações sobre o comportamento humano que abundam nas redes sociais e que se baseiam na rastreabilidade de nossos dados digitais, esta comunicação busca discutir como as redes sociais, mais do que evidenciarem comportamentos e práticas diversas, têm a capacidade de influir nos sentidos dos acontecimentos e das práticas sociais, manipulando e modulando os potenciais de afloramento da vida, precisamente no nível onde os potenciais de emergência são encontrados, isto é, em um nível onde o que está em questão é o próprio engendramento de uma existência, de um comportamento, de uma percepção, o que nos coloca questões saborosas sobre “sermos em sociedade”.
Considerações Finais: Esta apresentação se propõe, finalmente, a ressituar a problemática das redes sociais em meio a um regime de ontopoder, isto é, de um poder que opera no nível do potencial imanente à existência e que relaciona-se não só aos meios de acessar de maneira produtiva as matrizes de emergência – lá onde um comportamento, uma prática, senão uma vida ainda estão por emergir –, mas fundamentalmente o da intervenção e da produção dos micromovimentos formativos do indivíduo emergente, ou seja, da formação de seus desejos, de suas tendências, de seu comportamento, de suas práticas e de sua percepção. Isto nos permite problematizar a própria construção do viver e da saúde a partir da composição entre um plano ontológico e um plano micropolítico de análise que, na perspectiva da ontogênese do comportamento, nos aproxima da problemática da determinação do comportamento, que figura como um elemento e uma questão central no contexto pós-transição epidemiológica, demográfica e nutricional.
Referências Bibliográficas: MALINI, F. Um método perspectivista de análise de redes sociais: cartografando territórios e tempos na rede. In ZANETTI, D. e REIS, R. (Orgs.). Comunicação e territorialidades: poder e cultura, redes e mídias. Vitória: EDUFES, 2017. MASSUMI, Brian. O capital (se) move. In Caixa Pandemia de Cordéis. São Paulo, n-1 edições, 2016.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

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