29/09/2019 - 13:30 - 15:00 EO-19C - GT 19 - Novas Mídias e Saúde |
30733 - DANDO UM GOOGLE NA QUALIDADE DA INFORMAÇÃO SOBRE CESÁREA, PARA LEIGOS, NO BRASIL BEATRIZ FIORETTI-FOSCHI - FSP-USP, MARIANNE ESTERMANN - EACH - USP, VERIDIANA FIRMINO - EACH - USP, CLAUDIO LEONE - FSP-USP, CARMEN SIMONE GRILO DINIZ - FSP-USP
Introdução: No Brasil 55,7% dos nascimentos é por cirurgia cesárea (CC), sendo que este procedimento é amplamente utilizado (mais de 80%) no setor privado, mesmo com pesquisas indicando que quando as taxas de CC superiores a 10 a 15%, seus riscos adicionais superam os benefícios. A informação sobre benefícios e riscos das intervenções é fundamental para uma assistência segura e efetiva, várias mídias desempenham um papel importante neste processo entre elas a internet. Durante a gestação há um aumento do interesse nas buscas de informação sobre parto e nascimento, e uma das fontes mais acessíveis; é a internet. FIORETTI et al revisaram as informações sobre CC disponíveis em 176 páginas da web em português em 2013 e relataram que a qualidade era ruim a regular. Entre 2014 e 2018 houveram várias iniciativas para redução da taxa de CC no Brasil: Uma ação civil pública apresentada ao Ministério Público por movimento social ( ONG Parto do Principio) iniciativas do Ministério da Saúde e pela Organização Mundial de Saúde. Objetivo: avaliar a qualidade e abrangência das informações disponíveis sobre cesariana para leigos, em português, após um conjunto de políticas públicas para regular esta prática (2014/2015), na internet. Métodos: Trata-se de estudo documental transversal. A palavra “cesárea" e 26 sinônimos foram selecionados, a partir das preferências de buscas apontadas pelo Google Trends. Estas palavras submetidos no campo de procura em cinco motores de buscas o motores de busca de acordo com a preferencia dos usuários Google (94,3%), Google.com (2%), Bing (1,7%), Yahoo (1,1%) e Ask (0,5%). Foram selecionados os 30 primeiros links oriundos de cada palavra chave para cada buscador e analisados por dois pesquisadores independentes utilizando dois checklists: DISCERN e um checklist específico para conteúdo. O Discern contém 16 perguntas, criado para ajudar os pacientes a avaliarem a qualidade das informações de saúde escritas sobre as opções de tratamento, incluindo cirurgias. O segundo checklist é composto por 69 questões agrupadas em oito domínios gerais: indicações para CS, taxas de SC e custos de CS da população local e recomendada, benefícios potenciais, potenciais riscos maternos (curto e longo prazo) e potenciais riscos perinatais de CC. Resultados: das 3900 páginas obtidas 235 foram incluídas no estudo. A palavra “cesaria” é a forma mais frequente, seguida de “cesarea”. Na análise do conteúdo geral da internet, a produção de dado proveniente do Google.com.br representou apenas 45,5% (n = 235, 2018), sendo que este buscador tem a preferência dos brasileiros. Um terço do conteúdo do Google esteva associado com informações relativas à recuperação da CC, resultado similar ao apontado pelo Google Trends com termos preferencias de busca na internet. As páginas Web foram melhor avaliadas em 2018 que em 2013, principalmente no critério de confiabilidade. O número páginas Web obtidas em 2018 foi 33% maior que em 2013, sendo que 93% eram inéditas. Conclusões: Comparando os períodos de 2013 e 2018, houve um aumento significativo nos escores médios de questões relacionadas à confiabilidade das informações, sobre as escolhas de tratamento e também sobre a qualidade geral das informações. Tanto em 2013 quanto em 2018 a questão com menor escore médio foi a que indagou se o texto refere-se a áreas de incerteza no conhecimento sobre CC e de como a CC é realizada (questão 8 e 9 do Discern). Menos de metade das páginas em 2018 e em 2013 forneceram informações sobre as taxas de CS locais / nacionais, as taxas de CS da população recomendadas pela OMS ou os custos das cesarianas. Os riscos materno a curto e longo prazo (em 2018, mais de 72% das páginas da web não forneceram informações sobre os riscos maternos de CS a longo prazo, comparados a 68% em 2013 (p = 0,0511), e os riscos perinatais são menos citados em 2018 do que em 2013. Houve uma queda do número de indicações e danos potenciais Considerações Finai - As páginas de 2018 são melhor redigidas, aparentemente mais confiáveis, mas o conteúdo é mais superficial. A cesárea é tratada frequentemente como fato consumado. O interesse pelos efeitos adversos, um dos achados deste trabalho, pode estar contribuindo para o um processo reflexivo da percepção e conceituação da intervenção cirúrgica e sua “normalização”, minimizando seus riscos e favorecendo uma CC eletiva. O questionamento à epidemia de cesáreas se beneficiou da participação de iniciativas coletivas que representam narrativas independentes, como de grupos organizados de usuárias, as medidas públicas de redução de CC não é percebida no conteúdo disponível na internet. Para a oferta de informações úteis à promoção de melhores resultados maternos e infantis, é necessária a mobilização em todas esferas sociais, públicas e privadas, e entre movimentos sociais, para a produção de conteúdo sobre CS com bases científicas, e uma orientação aos profissionais de saúde em recomendar páginas Web de qualidade às gestantes
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