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29/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-19A - GT 19 - Novas Mídias - Possibilidades

29831 - A COMUNIDADE VIRTUAL DO FACEBOOK NA INTERFACE COM INDIVÍDUOS OSTOMIZADOS
MARINA FAGUNDES GUEIROS - UFRJ - INSTITUTO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA, JAQUELINE TERESINHA FERREIRA - UFRJ - INSTITUTO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA


INTRODUÇÃO - A internet ocupa um espaço cada vez mais significativo enquanto fonte de informação e meio de comunicação, e os diálogos on-line são cada vez mais reconhecidos como meio de expressão, de partilha de experiências com os demais, de discussão dos significados da saúde e da doença e suas múltiplas experiências (MAIA, 2017). A pesquisa desenvolvida apresenta a análise de interações e narrativas das pessoas ostomizadas na comunidade “Ostomia em foco” da mídia social Facebook, ocorridas durante um ano (agosto de 2017 a agosto de 2018).
OBJETIVOS - O objetivo da pesquisa foi analisar as interações das pessoas ostomizadas da comunidade virtual “Ostomia em foco” da mídia social Facebook a fim de identificar quais as representações coletivas sobre essa condição, sobretudo em relação ao estigma e à ruptura biográfica. Pretende-se, através da divulgação dos resultados dessa pesquisa, contribuir para o debate sobre as comunidades virtuais do Facebook dentre os profissionais da área de ciências sociais e humanas em saúde e para profissionais de saúde na expectativa de incrementar a compreensão e reflexão sobre a condição de ostomizado. Além disso, objetiva-se o exercício metodológico de pesquisas sobre saúde e doença na internet.
METODOLOGIA - A metodologia utilizada para esta pesquisa seguiu a perspectiva qualitativa e empregou o método da netnografia, uma adaptação do método etnográfico para os ambientes on-line que permite a análise detalhada das relações nos espaços virtuais. O método é fundamentado no trabalho de campo on-line que utiliza as comunicações mediadas por computador como fonte de dados para compreender e representar um fenômeno cultural ou comunal. A coleta de dados foi realizada através da cópia (na íntegra) de mensagens publicadas pelo administrador e pelos membros da comunidade, e também por meio de capturas de tela de algumas publicações onde são compartilhados vídeos e fotos. A página da referida comunidade é pública e, portanto, o acesso ao conteúdo publicado é livre. Sendo assim, qualquer usuário com uma conta no Facebook que selecionar a opção “seguir” imediatamente torna-se um seguidor.
RESULTADOS - Foram elencadas para esse estudo, postagens da comunidade “Ostomia em foco” do Facebook que caracterizassem o caráter disruptivo da construção do estoma, a contribuição para a aquisição de autonomia e indicassem o estimulo a superação do estigma. Para este fim, foram analisadas 56 postagens publicadas pelo administrador da página e 682 comentários direcionados a essas postagens. Foram identificados 338 seguidores autores de comentários feitos em resposta às 56 postagens do administrador André. A análise dos dados se deu de acordo com categorias temáticas. A partir disso foi possível organizar os temas recorrentes em 4 categorias: jocosidades, Ostomia a “Cirurgia da Vida”, gestão do cuidado e “Respeite a minha Ostomia” - a luta pelos direitos. A partir da organização das categorias citadas, ficou claro que o administrador convoca os seguidores de sua comunidade virtual a refletirem e discutirem temas relevantes para o dia a dia dos ostomizados. Foi observado tanto a troca quanto a produção de conhecimento. Após análise das interações, identificou-se que o administrador da comunidade desempenha um papel fundamental no percurso que começa na mudança de percepção frente a condição de ostomizado, que viabiliza a adaptação e consequentemente a reinserção social. Embora a ostomia proporcione a continuidade da vida, a experiência dos desconfortos e incertezas representam obstáculos para que os ostomizados interpretem o sistema constituído pelo estoma e a bolsa coletora como uma oportunidade de viver. No entanto, percebe-se que a iniciação para a condição de ostomizado não representa apenas sofrimento.
CONCLUSÃO - No espaço virtual de apoio mútuo, que caracteriza a comunidade “Ostomia em foco”, é engendrada uma nova lógica, uma nova cadeia de sentidos para a condição de ostomizado. Portanto, a interação dos ostomizados no ambiente virtual da “ostomia em foco” contribui para elaboração da representação, que confere a ostomia um sentido de “cirurgia da vida”.

REFERÊNCIAS -BURY, M. Doença crônica como ruptura biográfica. Tempus - Actas de Sáude Coletiva, v. 5, n. 2, 2011.
GEBERA, O. W. T. La Netnografia: un método de investigación en Internet. Revista Iberoamericana de Educación, Salamanca, v. 2, n. 47, p. 10, 2008.
KOZINETS, R. V. Netnografia: realizando pesquisa etnográfica online. Tradução de Daniel Bueno. Porto Alegre: Penso, 2014. 203 p.
MAIA, M. Grupo de Entreajuda de doentes com hepatite C no ciberespaço. Fórum Sociológico [Online], p. 30-38, Dezembro 2017. ISSN 2182-7427.
PEREIRA NETO, A. et al. O paciente informado e os saberes médicos: um estudo de etnografia virtual em comunidades de doentes no Facebook. História, Ciências, Saúde - Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 22, Dezembro 2015.

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