30/09/2019 - 15:00 - 16:30 EO-19E - GT 19 - Comunicação Institucional |
31499 - #MAISMEDICOS: EFEITOS DAS REDES SOCIAIS NAS DISPUTAS POLÍTICO-INSTITUCIONAIS DO SUS TADEU DE PAULA SOUZA - UFRGS, DARIO PASCHE - UFRGS, ADRIANA ILHA - UFES, DANDARA SCHMALTZ - UFRGS, PIETRO HOMEM DA SILVA - UFRGS, ALESSANDRA MÉNDEZ - UFRGS
A criação do Programa Mais Médicos (PMM) se deu pela medida provisória de nº 621 lançada em 8 de julho de 2013 e foi regulamentada pela Lei n° 12.871, portanto em meio as intensas mobilizações em diversas cidades do Brasil denominadas jornadas de junho, acontecimento que marca uma nova relação entre ruas e redes sociais.
O livro "Junho - Potência das Ruas e das Redes", problematiza a copresença permanente na criação de espaço de pertencimento político das comunidades em rede. A partir da crise de representatividade global, há ocupação da massa indignada pelas repressões policiais às manifestações, viralizada em redes sociais. O segundo momento, as pautas conservadoras e os refluxos de movimentos imediatistas tomam corpo. Dessas articulações, permanece das Jornadas de Junho o imaginário/virtual de afetações das agendas, um marco de disputa de renovação permanente dos sentidos da comunicação.
A relação entre redes e territórios se alteram sendo mais preciso entender tal fenômeno se superarmos como propõe Haesbaert a perspectiva de “território-zona” (figuração plana) e passarmos para a perspectiva de “território-rede” (figuracão tridimensional).
Como afirmam Parra e Abdo este novo território social está em permanente disputa na medida em que se torna estratégico na criação de novas formas de estratificação social e pertencimento. Servindo de plataforma para a produção do comum e privatização/mercantilização, liberdade e controle, expansão da produção capitalista e ao mesmo tempo de produção de antimercadoria
Embora esse fenômeno não surja em junho de 2013, foi nesse acontecimento que se verificou o alcance e a potência das redes sociais na relação com mobilização social e que através de plataformas digitais, como facebook e twitter, ganham uma nova expressão e relevância política, remodelando o circuito comunicacional tradicional dominada pela dita grande mídia. As disputas de narrativas e sentidos para as políticas passam a ser travadas, de modo cada vez mais intenso e determinante, no ciberespaço. Fato que não seria indiferente ao Programa Mais Médicos que mobiliza diferentes regimes afetivos e discursivos em torno de questões como: equidade; interferência estatal e governamental na formação e oferta de médicos; anti-comunismo; anti-petismo, por exemplo..
Objetivo geral:
• Analisar as disputas políticas e sociais em torno do Programa Mais Médicos nas redes sociais
Objetivos específicos:
• analisar as diferentes perspectivas sobre o Programa Mais Médicos a partir da caracterização de agrupamentos (clusters) nas redes sociais (twiter e facebook)
• analisar a relação entre os eventos marcadores do processo de institucionalização do Programa Mais Médicos e a dinâmica nas redes sociais sobre o PMM de 2013 até 2019
Metodologia
Adotamos a proposta metodológica do perspectivista de cartografia de redes proposta por Fabio Maline para analisar as disputas narrativas em torno do Programa Mais Médicos na plataforma twitter desde o seu lançamento em junho de 2013 até maio de 2019. Fazendo uma relação entre o perspectivismo de Viveiro de Castro e o conceito de ator-rede de Bruno Latour compreende-se que o território das redes sociais se comporta pela composição de múltiplos territórios interativos num processo de clusterização. Cada clusters constitui um ator-rede que demarca uma perspectiva sobre o problema que comparece na forma de hashtags.
O processo metodológico de constituição de clusters envolve o uso de duas ferramentas de big data: um de mineração de big data (Ford) e outro de construção de grafos que estruturam os dados em cluesters (Gephi).
A mineração de dados é realizada através da API pública, que permite a coleta de tweets por meio de termos das seguinte palavras-chave: #maismedicos; #programamaismedicos; e tags “Mais Médicos” e “Programa Mais Médicos”
Resultados parciais
Foram coletados aproximadamente 800 mil twits começando com um total de aproximadamente 20 mil tweets em 2013 e 150 mil tweets em 2018. Foram identificados 8 eventos de picos que estão associados a diferentes acontecimentos políticos em torno do Programa Mais Médicos que corresponde a aproximadamente 500 mil tweets que delimita a mostra a ser analisada. Desses 8 períodos de picos serão consolidados a partir do software Gephi 8 grafos coloridos de perspectiva (que constituem os diferentes clusters) ao longo dos 6 anos do Programa. Os Grafos estabelecem relações entre perfis e entre hastags, possibilitando analisar a relação entre diferentes atores sociais (ator-rede) como partidos políticos, movimentos sociais, governo, grande mídia, por exemplo e a relação entre hastags, como por exemplo #maismedicos” e #foradilma. Desses grafos serão definidas as categorias de análise para análise qualitativa das narrativas em disputa dentro de cada contexto do desenvolvimento e desmonte do Programa Mais Médicos.
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