Clique para visualizar os Anais!



Certificados disponíveis. Clique para acessar a área de impressão!

Associe-se aqui!

Grupos Temáticos

28/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-32A - GT 32 - Crise, Contrarreformas ultra neoliberais e políticas de saúde

30643 - FASCISMO, AUTORITARISMO E SAÚDE COLETIVA
RAFAEL DA SILVEIRA MOREIRA - IAM-FIOCRUZ E UFPE, JÚLIO DA SILVEIRA MOREIRA - UNILA, ERICO ANDRADE - UFPE


Introdução: Nos deparamos constantemente com ciclos ideológicos de diferentes matizes políticas e econômicas. Tais ciclos afetam a vida das pessoas em diferentes nuances. No campo da Saúde Coletiva, enquanto espaço interdisciplinar de investigação da produção social de agravos e doenças, a escolha de uma determinada ideologia provoca repercussões muitas vezes irreparáveis na sociedade. O autoritarismo encontra no fascismo um terreno fértil para a proliferação de uma política ultraliberal na Saúde Pública. Objetivos: Buscamos, com esse ensaio reflexivo, discutir sobre as motivações que flertam com movimentos fascistas e as consequências prováveis desse alinhamento ideológico para a saúde das populações vulneráveis. Metodologia: Por meio da pesquisa bibliográfica, e a partir dos argumentos colocados, foi adotado o método dedutivo seguindo a tríade filosófica: problemas, argumentos e respostas para o alcance do resultado esperado. A pesquisa bibliográfica teve como foco os estudos de Freud e Adorno sobre as características dos modelos fascistas enquanto revelador de determinadas disposições afetivas que podem impactar no campo da Saúde Coletiva por meio de políticas conservadoras e de viés ultraliberal. Resultados e discussão: O comportamento de massa se caracteriza, segundo Freud, por uma atuação na qual os desejos individuais e a própria sobrevivência individual são suspensos em favor da adesão à ideologia do grupo. Quando as pessoas assumem um comportamento de massa elas passam a tomar atitudes que dificilmente tomariam individualmente e que em geral se ligam a comportamentos violentos e excludentes. Nesse sentido, um discurso fascista é extremamente sedutor porque ele promete a recuperação de uma suposta grandeza originária de um povo. Além de dar suporte para o desamparo (traço comum na condição humana) alimenta o ressentimento em face daquelas pessoas que supostamente são um obstáculo para o desenvolvimento de um povo, uma nação. Por um lado, o fascismo, com o fortalecimento das pessoas na forma de uma única massa coesa e uniforme, permite fantasmaticamente que as pessoas lidem com o desamparo e, por outro lado, cria um inimigo para o qual é dirigido o ressentimento na forma da vingança. O fascismo é avesso à ciência e à razão. A razão é sequestrada pelos afetos. Existe um discurso sobre uma verdade revelada que é indiscutível. E essa verdade só é revelada para os iluminados. Por isso Freud cita como exemplo o efeito da Igreja e do exército sobre a psicologia das massas. Hodiernamente, não é difícil observarmos apoios mútuos entre bancadas políticas religiosas e armamentistas. Na sequencia, dialogamos com Adorno na psicanálise da adesão ao fascismo. A rendição ilimitada às paixões em prejuízo de uma determinada racionalidade seduz os integrantes desses movimentos, fazendo-os perder o senso dos limites de suas individualidades. Entretanto, vale lembrar que as massas não transformam as pessoas, ela permite relaxar as fronteiras civilizacionais. Se permite o uso da violência. Ela passa a ser autorizada pelo grupo. Em apertada síntese, a discussão entre Freud e Adorno parece explicar em parte a conivência dos integrantes do grupo com a violência contra os vulneráveis (supostamente destituídos de uma determinada moralidade). Essa violência está empiricamente observada nos atos de intolerância física e psíquica relatada nos meios de comunicação. Aquilo que não é espelho é abjeto, fazendo com que o narcisismo impere. A fantasia e a paranoia performam o comportamento dos indivíduos em massa. Entrementes, passam a ser justificadas e aceitas as desigualdades em saúde, expressas pelos indicadores epidemiológicos. Passa a ser moralmente permitido o ataque aos grupos vulneráveis e desviantes do perfil heteronormativo, falocêntrico e etnocêntrico. Não são dignos de consideração moral, logo não merecem o mesmo tratamento. Se incentiva a formação de grupos homogêneos e destruição dos diferentes. Considerações finais: Os movimentos fascistas crescem sob a ameaça do comunismo (paranóia), em que o ataque é a legítima defesa. Observa-se o deterioramento da saúde dos negros, o aumento do feminicídio, da homofobia e, de forma revisitada, o ataque a posições ideológicas divergentes do líder das massas. Contudo, detaca-se que o grupo não cria o individuo mas traz uma atmosfera que liberta as pulsões internas do individuo. A violência tem que ser autorizada socialmente, grupalmente, e isso ocorre no fascismo. São mobilizados afetos de irmandade, “todos somos um só”, “meu partido é o Brasil”, resgatando a ideia de unidade. Cria-se uma fantasia conspiratória representada pelo líder que assume essa ideia unificadora e promissora da redenção. Nesse sentido, o fascismo se enquadra mais como um problema afetivo do que racional, no qual a restauração da autoridade passa pela manutenção da tradição. Finalmente, representam uma ameaça à democracia, haja vista que todo sistema totalitário é um sistema de concentração de poder.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

Campus I - Lot. Cidade Universitaria, João Pessoa - PB, 58051-900