29/09/2019 - 13:30 - 15:00 EO-32D - GT 32 - Trabalho Rural 1 |
30302 - TRABALHO RURAL, SAÚDE E A REABILITAÇÃO PROFISSIONAL NO VALE DO RIBEIRA-SP CAMILLA DE PAULA ZAVARIZZI - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO-UNIFESP, JOSÉ MARTIM MARQUES SIMAS - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO-UNIFESP, MARIA DO CARMO BARACHO DE ALENCAR - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO-UNIFESP
A população rural vive um intenso processo de desproteção social, pois, muitas vezes os trabalhadores trabalham na informalidade e em condições precárias de trabalho, e ainda sofrem com as barreiras para o retorno ao trabalho. Objetivo: Investigar o perfil sociodemográfico, de saúde e trabalho de trabalhadores na região da cidade de Registro, no Vale do Ribeira-SP, e investigar sobre o processo de Reabilitação Profissional do INSS de segurados na região. Métodos: Trata-se de um estudo realizado em duas etapas. Na primeira etapa, foi obtida uma listagem da Estratégia de Saúde da Família do Jardim São Paulo de trabalhadores rurais ativos dos bairros Bamburral de Baixo, Bamburral de Cima e Tiatã, da cidade de Registro-SP, Vale do Ribeira. Foram realizadas visitas aos locais e aplicados entre os trabalhadores rurais dessa listagem, um questionário com dados sociodemográficos, de trabalho e de saúde. Posteriormente na segunda etapa, foi obtida uma listagem de profissionais de referência junto à Coordenação da Reabilitação Profissional do INSS da Unidade da Baixada Santista, e selecionado os profissionais de referência vinculados à região do Vale do Ribeira-SP, para a realização de entrevistas semiestruturadas e individuais, que foram gravadas e transcritas para análise de conteúdo temática. Resultados: Participaram na primeira etapa 36 trabalhadores ativos, a maioria era do sexo masculino (94,4%), com faixa etária predominante entre 20-49 anos (55,6%), renda mensal de um a dois salários mínimos (71,4%). Todos moravam nas fazendas e metade tinha o ensino fundamental incompleto (50,0%). A principal atividade agrícola na região era a bananicultura, e a maioria apresentou um tempo de trabalho rural superior a dez anos (81,5%). Em relação ao trabalho, relataram a ocorrência frequente de acidentes de trabalho (41,7%), com predominância de quedas (53,3%). Também foram relatadas tarefas de trabalho consideradas penosas ou cansativas, relacionadas ao corte (64,5%), carregamento (61,3%), adubação (16,1%); e em relação à saúde, surgiram: presença de sintomas osteomusculares no trabalho (66,7%), hipertensão arterial sistêmica (20,8%), problemas respiratórios (33,3%), presença de etilismo (65,4%), entre outros, havendo mais de uma queixa por alguns. Apenas 14,3% havia se afastado do trabalho pelo INSS, e a maioria (80,0%) referiu o uso de automedicação e de medicamentos caseiros, pela dificuldade de acesso aos serviços de saúde. Das entrevistas, participaram dois orientadores profissionais, do gênero masculino, e assistentes sociais. Entre as principais dificuldades para a reabilitação profissional dos segurados da região estiveram: baixa escolaridade, deslocamentos e transporte, presença de dores crônicas em várias regiões corporais, medo do desemprego, poucos cursos ofertados, a avaliação do médico perito com base no modelo biomédico, descaso dos empregadores, o sofrimento vivenciado, entre outras. Os trabalhadores rurais frequentemente realizam esforços físicos nas atividades de trabalho, dificultando a reinserção neste contexto. Considerações finais: Houve predominância de trabalhadores rurais de baixa escolaridade, com a moradia nas fazendas, atividade na bananicultura, e história de vida de trabalho rural. Em relação à saúde, ressaltaram a presença de distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho, por motivo de exigências físicas no trabalho, e portanto, com riscos de adoecimento e afastamento do trabalho, e a do etilismo. E surgiram muitas limitações para a realização do Programa de Reabilitação Profissional do INSS na região, e diversas situações geraram sentimento de impotência, revolta, e sofrimento para os profissionais de referência do INSS. Este estudo promove reflexões e necessidades de aprofundamentos em pesquisas com este tema na região. Há necessidades de Políticas Públicas que possam garantir os direitos dos trabalhadores rurais, e também para promover melhorias no modelo de Reabilitação Profissional atual.
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