29/09/2019 - 13:30 - 15:00 EO-32D - GT 32 - Trabalho Rural 1 |
31299 - AS PRÁTICAS POPULARES DE SAÚDE NO CAMPO ANA REGINA BARBOSA - SMS - FORTALEZA, LEANDRO ARAUJO COSTA - MST, ALAN RAYMISON TAVARES RABELO - LEVANTE POPULAR, ANA PAULA DIAS SÁ - MST, FRANCISCO WAGNER PEREIRA MENEZES - LEVANTE POPULAR, FRANCISCA ALDEIZE MARTINS - COLETIVO DE SAÚDE DO CAMPO, SARA ALMEIDA ORTINS DIAS - MTD
Introdução: As práticas populares de saúde são saberes que integram a vida das populações do campo. Estas práticas estão inseridas no cotidiano dessas comunidades camponesas, nos assentamentos, acampamentos, comunidades tradicionais, nos quilombos, nas reservas extrativistas. (Silvia, 2014). Rückert, Cunha e Modena (2018), apontam que as práticas populares de saúde são concebidas por meio da apreensão e leitura de mundo pelos povos, de suas heranças culturais, de suas vivencias e suas condições de vida, que possibilita a autonomia das pessoas a serem sujeitos ativos na promoção de sua saúde e o autocuidado. A PNSIPCFA, tem descrito nos objetivos específicos, “reconhecer e valorizar os saberes e as práticas tradicionais de saúde das populações do campo e da floresta, respeitando suas especificidades” (Brasil, 2013). Existem inúmeras expressões das práticas populares de saúde onde as populações as utilizam nos momentos de enfrentamento das situações em que adoecem, a partir das plantas medicinais (chás, xaropes, garrafadas, tinturas, elixires, etc), sementes crioulas, rezas, benzimentos, raizeiros, massagistas, auriculoterapia, acupuntura, homeopatia, terapia comunitária, parteiras e outros. (Silva, et al, 2014). Este trabalho visa apresentar o uso de práticas populares de saúde em um assentamento rural do Movimento Sem Terra (MST).
Objetivo: Descrever as práticas populares de saúde existentes em um assentamento do MST.
Metodologia: É uma pesquisa com estudo descritivo e transversal. A fonte de informação foi a partir dos dados secundários coletados do relatório sobre o diagnóstico de saúde dos assentamentos do MST, realizado pelo Setor de Saúde do MST em 2017 no Assentamento 25 de Maio, Madalena –CE, que tem oito localidades d. Na coleta de dados levou-se em conta os seguintes aspectos: a existência de práticas populares de cuidado; os tipos de práticas de cuidado; a existência de horta de plantas medicinais; a existência de produção de remédios naturais e a produção de fitocosméticos.
Discussão e Resultados: constata-se que as práticas populares de cuidados estão presentes no assentamento, sendo uma forma de cuidado muito utilizada pela população. Entre as práticas de cuidado existentes temos: o uso das plantas medicinais; os cuidados realizados pelas rezadeiras e parteiras. O Assentamento conta com oito localidades, dessas cinco realizam o cultivo de plantas medicinais, ou seja, mais da metade das localidades do Assentamento 25 de Maio há cultivo plantas com uso para o cuidado. Os hortos medicinais são cultivados em sua maioria nos quintais das casas dos moradores. Somente em uma localidade existe horto na Unidade de Saúde e em duas localidades existem horto na escola.
A partir do cultivo nos hortos medicinais, se realiza a produção de medicamentos naturais que são usados pela população como práticas de cuidados. Foi visto que em quatro localidades há produção de lambedor, garrafadas, chás, banhos e cozimentos. Todos são medicações usadas como tratamento nas práticas populares de saúde. Somente em uma localidade se realiza a produção de fitocosmético (sabonete e pomada medicinal).
Se mantêm presente as práticas populares de cuidado no assentamento do MST. Essas práticas não aparecem como institucionalizadas pelos serviços de saúde, mas como uma atividade realizada pelos membros da comunidade. Diante das práticas de cuidados existentes, percebemos que são possíveis de serem realizadas, ainda que limitadas as existentes, e que poderiam talvez realizar outras práticas.
Importante salientar o cultivo e uso das plantas medicinais em quase todas as localidades do assentamento, principalmente nos quintais das casas dos moradores. Isso nos faz acreditar que muitas famílias ainda utilizam várias formas do uso das plantas medicinais para realizar os cuidados em suas casas e na comunidade.
Conclusão
As práticas populares de cuidado estão presentes no assentamento, com algumas diferenças em cada localidade, com destaque para as plantas medicinais e o seu uso recorrente. Importante reconhecer que as práticas populares de saúde como processo de cuidado no território. Em algumas localidades a escola e na unidade de saúde também realizam o cultivo de plantas medicinais. As práticas populares de saúde aproximam os conhecimentos populares e os conhecimentos científicos, promovendo a ecologia de saberes a serviço do cuidado individual e coletivo.
Referência Bibliográfica:
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo, da Floresta e das Águas. Brasília, 2014.
Rückert B, Cunha DM, Modena CM. Saberes e práticas de cuidado em saúde da população do campo: revisão integrativa da literatura. Rev Interface comunicação, saúde e educação. 2018; 22(66): 903-14. (17)
Silva FCCM, Gonçalves JWS, Santorum JA, et al. Saúde integral das populações do campo, da floresta e das águas. Fortaleza: Fundação Demócrito Rocha, 2014. p. 13-26. (16)
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