29/09/2019 - 13:30 - 15:00 EO-32D - GT 32 - Trabalho Rural 1 |
31645 - A CSA (COMUNIDADE QUE SUSTENTA A AGRICULTURA) COMO ESTRÁTEGIA DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL, CULTURAL E DE SAÚDE. KELLY CRISTINA DE MOURA BOMBEM - CSA
A problemática da alimentação inadequada permeia vários atores como: as barreiras para a disponibilidade de alimentos frescos, livres de agrotóxicos e provindos da agricultura familiar, bem como a dificuldade quanto aos aspectos econômicos ao acesso a verduras, legumes e frutas em detrimento aos ultraprocessados, outro ponto é o modo como temos escolhido produzir alimentos e os danos ambientais. Frente a essa dinâmica temos visto o aumento no número de pessoas com doenças crônicas não transmissíveis, a presença de deficiência de micronutrientes (desnutrição), outro aspecto é um sistema alimentar fragilizado, explicitado na greve dos caminheiros em 2018, ameaçando a nossa segurança e soberania alimentar que almejamos como país, vale lembrar ainda, das políticas ineficazes de regulação do marketing das indústrias de alimentos, que expõe grupos vulneráveis como as crianças a alimentos não adequados. Recentemente essas ameaças são denominadas de sindemia global, pois abrange as pandemias de obesidade, desnutrição e as mudanças climáticas e que tem, em linhas gerais, como protagonistas as mesmas ações para o combate. Diante desse cenário, a CSA (Comunidade que Sustenta a Agricultura) é uma oportunidade de promover uma alimentação mais adequada de forma a amenizar os desafios a ela entrelaçados, pois é um movimento comunitário, que facilita o acesso ao alimento provindo de agricultura local. Trata-se de uma parceria entre agricultores e consumidores (coagricultores), uma relação de confiança que sai do preço para o apreço, caracterizado por um compromisso de plantio e de entrega de alimentos (compromisso dos agricultores), em contrapartida a sustentação desse organismo agrícola (compromisso dos coagricultores). O objetivo desse trabalho é relatar a experiência de duas CSAs, a primeira CSA (CSA Boituva) iniciou em fevereiro de 2015, na cidade de Boituva-SP e a segunda (CSA Coração) em fevereiro 2019, em Iperó-SP, com famílias de assentados da reforma agrária. Sob o ponto de vista do agricultor, esse modelo de economia solitária traz benefícios como: a segurança de um valor fixo mensal, seria uma espécie de salário que permite que o agricultor possa fazer planejamento, trabalha sem a pressão do mercado e do preço, não tem desperdício, pois já planta, colhe e transporta já sabendo para quem vai entregar. Para os coagricultores o principal benefício é o acesso a alimentos de qualidade, sabendo quem e onde são produzidos. É uma oportunidade de aprendizado pois com a presença de alimentos que são ofertados e não escolhidos como em um supermercado, desperta a busca por receitas, criatividade e mudança de hábitos alimentares, além de permitir o afeto, a sociabilidade por meio do convívio com os outros coagricultores. Para o meio ambiente é o cuidado com a terra, com a produção livre de agrotóxico, o manejo orgânico/biodinânimico e agroecológico, o cuidado com a preservação da água. Em relação ao local de partilha (entrega), foi estabelecido uma vez por semana, por cerca de duas horas, sendo o suficiente para que todos os membros interajam, retirem os produtos e assinem a lista de presença. Todas as decisões são tomadas de forma coletiva levando em conta os coagricultores e agricultores. Concluo que a experiência de vivenciar a CSA permite por meio da aquisição do alimento, permite ampliar o cuidado com os todos que se relacionam, transformando o modo de comer e de viver, consequentemente melhorando a saúde do homem e do planeta.
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