30/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-32I - GT 32 - Trabalho Rural 2 |
30213 - VIGILÂNCIA EM SAÚDE DE BASE TERRITORIAL, INTEGRADA E PARTICIPATIVA: UMA EXPERIÊNCIA DE FORMAÇÃO EM ASSENTAMENTOS RURAIS DO PONTAL DO PARANAPANEMA (SP)
APARECIDA PAVANELLI - ENSP/FIOCRUZ, EDIMARCIA MUNHOS CORREA COELHO - SES/ SP
O Pontal do Paranapanema é uma região que se localiza no extremo oeste paulista, situado na fronteira com os Estados do Mato Grosso do Sul e do Paraná. Sua extensão é em torno de 1,2 milhão de hectares, dividido em 32 municípios da Alta Sorocabana, onde habitualmente são realizados muitos estudos, com participação e incentivos de órgãos públicos, devido ao movimento socioterritorial camponês e a grande quantidade de assentamentos rurais, com suas questões conflituosas pela territorialização, a luta pela terra, defesa do ecossistema, existência de agroindústria, contaminação do solo, de aquíferos e de trabalhadores rurais.
As condições de vida e trabalho nos territórios rurais vêm ganhando espaço de discussão, pelos setores da vigilância ambiental em saúde, devido ao uso excessivo de agrotóxicos e suas práticas poluidoras.
A vigilância em saúde é desenvolvida por um conjunto de ações que têm o intuito de prevenir os agravos, promover a qualidade de vida da população e pela integração dos seus setores, pode apresentar um olhar diferenciado e ampliado sobre o ambiente e a população.
Esta pesquisa é um relato de experiência onde a vigilância foi abordada como um processo de formação para ação na Vigilância em Saúde fundamentada nas temáticas de estratégias da VISAT, educação permanente, problemas por contaminação de agrotóxicos e perspectiva na agroecologia.
A agroecologia é uma das atividades que despontam na região, frente a intensa utilização de agrotóxico, que vem causando possíveis adoecimentos a população assentada, como perda auditiva, problemas gastrointestinais e câncer.
A experiência no campo da saúde do trabalhador, através das temáticas da promoção da saúde, intersetorialidade, agrotóxico, agroecologia, trazidas neste estudo, nos apresentou a possibilidade de construção de uma rede de saúde envolvendo órgãos governamentais, instituições e trabalhadores, através do desenvolvimento das ações de vigilância em saúde rural.
Realizado através de um modelo qualitativo, empírico, descritivo e documental, este estudo apresenta relato de experiência de formação para a realização de ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador- VISAT, motivadas pela possibilidade do impacto sócio ambiental causado pela presença do agrotóxico nas regiões do Pontal do Paranapanema. A implementação das ações de vigilância aconteceu na rede SUS por meio de pactuações e realização de atividades com articulação intra e intersetorial, trazendo práticas dos profissionais, saberes e experiências dos próprios trabalhadores.
Com desenvolvimento científico, formas de pensar a vigilância com base territorial, foram incorporadas na geografia e na epidemiologia que integraram seus conceitos e paradigmas, trazendo a dimensão do local, assim como identificação de situações problemas para saúde, analisando de forma sistêmica a questão da saúde no tempo e no espaço realizando e proporcionando métodos para o próprio foco de atenção da pesquisa.
O objetivo foi analisar esta experiência de formação como uma estratégia preparatória para implementação das ações de VISAT no território rural, desenvolvida pelo CEREST Regional de Presidente Prudente, juntamente com outros órgãos e instituição de ensino, através do curso “Vigilância em Saúde de Base Territorial Integrada e Participativa”. O curso foi realizado no período de junho a setembro de 2016, divididos em 3 módulos, que trouxe um grande ganho em termo de saúde, com raciocínio espacial e um conceito amplo na visão das ações de vigilância em Saúde do Trabalhador. Estas ações devem acontecer na Atenção Básica, pois estão asseguradas nos princípios do SUS.
Este estudo trouxe uma reflexão sobre a importância do desenvolvimento de ações participativas e inovadoras de VISAT na área rural. Com a construção do mapeamento do território, para conhecer a realidade local, e a criação de uma rede de atenção contribuindo para identificação dos principais determinantes do processo saúde-doença, ficando mais visíveis aos impactos e o adoecimento dos trabalhadores do campo, possibilitando aos níveis de gestão melhor adequação dos serviços e aplicação dos princípios do SUS, como universalidade, integralidade e equidade.
Após o curso, resultados importantes ocorreram tanto para os serviços, universidade e pesquisa em saúde do trabalhador, além da parceria interinstitucional local que se estreitou, unindo técnicos de diferentes setores e da comunidade, envolvidos por uma causa comum, ampliando a visão para desenvolver ações de prevenção e promoção da saúde do trabalhador, levando em consideração os sintomas apresentados, o ambiente e a exposição aos produtos químicos, pois não há políticas públicas de saúde voltadas às necessidades de saúde e especificidades dos trabalhadores do campo em assentamentos.
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