30/09/2019 - 13:30 - 15:00 EO-32I - GT 32 - Trabalho Rural 2 |
30341 - A PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO E A SAÚDE DOS TRABALHADORES NA BANANICULTURA JOSÉ MARTIM MARQUES SIMAS - UNIFESP, LÍRIA YURI YAMAUCHI - UNIFESP, MARIA DO CARMO BARACHO DE ALENCAR - UNIFESP
Introdução: A bananicultura possui grande relevância socioeconômica e cultural no Brasil e no mundo, passando por inúmeras transformações nos tipos de cultivo, a fim de atender à lógica produtivista e de exportação do mundo capitalista. Nesse cenário ocorrem sobrecargas de trabalho, ampliação e o incentivo ao uso de agrotóxicos, perda de direitos dos trabalhadores e riscos à saúde e segurança dos trabalhadores. Objetivo: Investigar aspectos da saúde, e compreender as relações entre as condições de trabalho e a saúde de trabalhadores da bananicultura no Vale do Ribeira-SP (VR). Método: O estudo teve duas etapas. Na primeira etapa foi obtida uma listagem de trabalhadores da bananicultura vinculados à Estratégia de Saúde da Família do Jardim São Paulo, do município de Registro-SP, no Vale do Ribeira. Foram realizados agendamentos e visitas às propriedades rurais, e a utilização de questionário junto aos trabalhadores, para a obtenção de dados: perfil sociodemográfico, de saúde e de alguns aspectos do trabalho; e os instrumentos Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO); e Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20). Na segunda etapa, foram realizadas entrevistas individuais junto aos trabalhadores, que foram gravadas e transcritas na íntegra para análise de conteúdo temática. Resultados: Participaram da primeira etapa 36 trabalhadores, de 10 propriedades rurais da bananicultura do VR, a maioria era do sexo masculino (94,4%), pardos e/ou pretos (58,4%), com faixa etária predominante entre 20-49 anos (55,6%), com renda mensal de um a dois salários mínimos (71,4%), e em situação de contrato informal, sem registro em carteira (33,3%). Todos moravam nas fazendas e metade tinha o ensino fundamental incompleto (50,0%). Em relação aos distúrbios osteomusculares, a maioria (66,7%) referiu a presença desses sintomas nos últimos 12 meses, e as principais regiões acometidas foram: lombar (63,9%); ombros (47,2%) e joelhos (44,4%), havendo mais de uma região acometida por alguns. Um quarto dos trabalhadores (25,0%), apresentou transtornos mentais comuns (TMC). Em relação ao trabalho, relataram a ocorrência frequente de acidentes de trabalho (41,7%), com predominância de quedas (53,3%). Também foram relatadas tarefas de trabalho penosas ou cansativas, relacionadas ao corte (64,5%), carregamento (61,3%), adubação (16,1%) e pulverização costal de agrotóxicos (9,7%), havendo mais de uma queixa por alguns. A maioria (88,9%) relatou manusear agrotóxicos, e houve casos de intoxicações agudas (11,1%), e alguns sem equipamentos de proteção individual (EPI) adequados. Das entrevistas, participaram 12 sujeitos, todos do gênero masculino, idade entre 20 e 55 anos, com baixa escolaridade, e surgiram: sobrecargas de trabalho e com poucos trabalhadores para as exigências das tarefas na bananicultura, sintomas dolorosos no trabalho, pressões de encarregados e proprietários, riscos à saúde na aplicação de agrotóxicos, dificuldades de acesso aos serviços de saúde, com sentimento de injustiça, medo do desemprego, sofrimento, entre outros. Conclusões: A maioria dos trabalhadores apresentou sintomas osteomusculares durante o trabalho, e um quarto apresentou transtornos mentais comuns. Diversos aspectos indicaram condições precárias de trabalho, e riscos à saúde e a segurança dos trabalhadores, atrelados aos problemas locais. Houve um declínio de políticas públicas protetivas aos trabalhadores rurais, cabendo revisões visando o bem-estar, a saúde e segurança desses trabalhadores.
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