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Grupos Temáticos

28/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-32A - GT 32 - Historicidade, Capitalismo contemporâneo e políticas sociais

29354 - REFLEXÕES SOBRE A TEORIA E PRÁTICA NO PROCESSO DE TRABALHO DOS BACHARÉIS EM SAÚDE COLETIVA E DOS SANITARITAS DO SÉCULO XX
JUSSARA LISBOA VIANA - FSP/USP, MARCO AKERMAN - FSP/USP


Introdução: O desenvolvimento do Estado e a historicidade da Saúde Coletiva estimulam a compreensão e crítica sobre o trabalho. A definição do profissional desse campo é dada por cada período histórico, simultaneamente a diferentes práticas hegemônicas e contra hegemônicas. A atuação do sanitarista no século XX é recordada, como autoritária, centralizadora e colonizadora. O Estado legitimou essas características para desenvolver ações de Saúde Pública e aprendemos na formação graduada em Saúde Coletiva que devemos rompe-las.
O sanitarista desse tempo é o médico que se apropriou das duas instrumentalizações da prática, Epidemiologia e Clínica, por abarcarem o mesmo objeto, a individualização do normal e do patológico ao nível do corpo do homem indivíduo-biológico. Eles têm um papel hegemônico na Saúde Pública, no século XIX e início do século XX (MENDES-GONÇALVES, 1994).
A partir dos anos 2000, há a proposta de formar sanitaristas graduados para retomar as ideias da Reforma Sanitária Brasileira, não alcançadas com a criação do Sistema Único de Saúde, é idealizada, principalmente, por alguns professores da Saúde Coletiva. Há, portanto, críticas formuladas por eles sobre aquela atuação histórica dos sanitaristas e, segundo Campos (2005), sobre a recente formação pós-graduada, por fragmentar os saberes entre Epidemiologia; Ciências Sociais aplicadas à saúde; Gestão e Planejamento; e vigilância Sanitária e Epidemiológica.
Objetivo: Produzir reflexões sobre as perspectivas de ruptura entre o trabalho dos Bacharéis em Saúde Coletiva e dos sanitaristas do século XX.
Metodologia: Trata-se de ensaio reflexivo. Essa reflexão é parte da pesquisa de doutorado que tem financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Programa de Excelência Acadêmica, por meio de bolsa de doutorado.
Discussões: A proposta da graduação em Saúde Coletiva é ser uma nova formação e posta como novidade parece querer romper com algo, mas o que? A prática do sanitarista do século XX? A Saúde Pública institucionalizada? O modelo da Medicina Preventiva e Social? O interesse do complexo médico-industrial? Romperia, portanto, com objetos de crítica dos autores que produziram o campo da Saúde Coletiva?
Ao investigar a gênese da Saúde Coletiva, pela teoria de Bourdieu, Vieira-da-Silva e Pinell (2014) consideram que a Saúde Coletiva se constitui em um espaço que necessita de autonomia relativa, estabelecimento de uma identidade profissional e habitus específico para torna-se um campo. Considerando que os pós-graduados pouco deixam suas identidades de origem para ser um agente exclusivo da Saúde Coletiva. Essa nova identidade construída ao adentrarem na Saúde Coletiva não está completamente estabelecida e é ambivalente às identidades de origem – médico, dentista, enfermeiro, por exemplo (VIEIRA-DA-SILVA; PINELL, 2014).
A perspectiva, portanto, era que os Bacharéis em Saúde Coletiva atuariam para além do sanitarismo, romperiam com os modelos de organização de práticas de saúde anteriores e seriam formados exclusivamente pelos saberes da Saúde Coletiva. Esses sujeitos apresentariam novidades nas dimensões: técnica, que se subdividiria em política-gerencial-organizacional e epidemiológica-social; econômica; política; e ideológica, com base valorativa de solidariedade, emancipação, igualdade, justiça e democracia (PAIM; PINTO, 2013).
É lícito destacar um contexto estrutural de desafios do mundo do trabalho que influenciam na prática idealizada aos Bacharéis em Saúde Coletiva; como a lei n. 13.429/2017, que dispõe sobre o Trabalho Terceirizado irrestrito (Brasil, 2017a), e a lei n. 13.467/2017, que altera a Consolidação das Leis do Trabalho e permite que os acordos entre patrões e empregados sejam superiores ao legislado (Brasil, 2017b).
Conclusão: O movimento de crítica aos modelos de saúde, no século XX e XXI, impulsiona os sujeitos da Saúde Coletiva a produzir novos saberes e práticas, com o objetivo de romper com modelos hegemónicos e fazer adequações àquele idealizado. A Graduação em Saúde Coletiva, em nossa análise, surge desse movimento. Atualmente, é possível identificar modificações na tecnicidade do campo relacionadas à cada área específica – Epidemiologia, Ciências Sociais e Humanas em Saúde e Planejamento, Política e Gestão, esse saber apresenta intenções para a prática dos sujeitos da Saúde Coletiva. O modo como essas intenções reverberam no mundo do trabalho, acrescido do contexto político e o econômico delimitaram a teoria e prática no processo de trabalho desses profissionais.
Referências: CAMPOS, Gastão Wagner de Sousa. Saúde pública e saúde coletiva: campo e núcleo de saberes e práticas. Ciênc. Saúde Coletiva, v. 5, n. 2, p. 219-230, 2000.
PAIM, Jairnilson Silva; PINTO, Isabela Cardoso Matos. Graduação em Saúde Coletiva: conquistas e passos para além do sanitarismo. Tempus (Brasília), v.7, n.3, p. 13-35, 2013.

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