28/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-32A - GT 32 - Historicidade, Capitalismo contemporâneo e políticas sociais |
31133 - OS NOVOS SANITARISTAS E A INSERÇÃO PROFISSIONAL NO BRASIL FERNANDA SILVA SCHER - UFBA/ISC, ISABELA CARDOSO DE MATOS PINTO - UFBA/ISC, LILIANA SANTOS - UFBA/ISC
A atividade de sanitarista surgiu no Brasil desde a década de 1920, a partir de intervenções no processo-saúde-doença caracterizadas pelos moldes campanhistas, referidos pela ação da política sanitária e na realização de campanhas sanitárias (FARIA, 2007). Na atualidade os sanitaristas são formados, através dos programas de pós-graduação e de cursos universitários na área de Saúde Coletiva em 21 Instituições de Ensino Superior, em sua maioria Universidades Públicas. Este trabalho se justifica pela ausência de um monitoramento sistemático e avaliação sobre a inserção dos bacharéis em saúde coletiva no mundo do trabalho. O objetivo central é analisar a inserção profissional dos egressos da graduação em Saúde Coletiva no Brasil e quais são as áreas de atuação, atividades desenvolvidas, faixa salarial, vínculo empregatício e outros aspectos do perfil do egresso já inserido no mercado de trabalho. Compreende-se enquanto inserção profissional o processo que engloba diversos atores, e que não diz respeito apenas aos percursos dos diplomados no mercado de trabalho após a conclusão dos seus estudos. São identificados três atores fundamentais na análise dos processos de inserção profissional: os diplomados com as suas dinâmicas pessoais e sociais específicas, o mercado de emprego com as suas características, necessidades e exigências próprias e as instituições empregadoras. (ALVES, p. 181 , 2003).
Este estudo compreende uma pesquisa exploratória-descritiva, no qual todos os bacharéis em cursos da área da Saúde Coletiva no Brasil, formados até o segundo semestre de 2018 foram considerados possíveis participantes, não foi selecionada nenhuma amostra. Um questionário semiestruturado foi elaborado e enviado através de e-mails, disponibilizados pelos colegiados das Instituições de Ensino e também sendo efetivado o contato através das redes sociais com os egressos. A produção dos dados ocorreu entre os meses de dezembro de 2018 e janeiro de 2019. Anteriormente ao envio dos questionários aos egressos foi realizado um estudo piloto com 5 participantes para validar o questionário e corrigir inconsistências.
Os participantes responderam o questionário autopreenchido em uma plataforma de pesquisas, para iniciar o preenchimento foi necessário a informação dos seus dados pessoais e os esclarecimentos sobre aspectos éticos e consentimento. A pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética e Pesquisa do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia, por meio da Plataforma Brasil, , considerando o trabalho aprovado.
Os resultados achados apontam que do total de entrevistados (244), a maioria (175)72% estão trabalhando atualmente e desse total (172), 114(65%) atuando na área da saúde coletiva. Em relação a oportunidade de candidatar-se para uma vaga na sua área de formação, 55% (133) dos egressos afirmaram que já realizaram esta ação. Para os egressos que não estão exercendo atividades na área da Saúde Coletiva e não estão trabalhando foi questionado sobre o principal motivo da sua não inserção profissional, houve a opção de selecionar mais de uma alternativa, sendo o motivo predominante a ausência de abertura no mercado de trabalho (62,4%). Para aqueles que atuam na área da saúde coletiva (114), 67% (77) relatam que a sua contratação não teve indicação de alguém, aos que tiveram (37) indicação, a maioria (43%) foi possibilitada por amigos e em segunda posição por contatos realizados em estágios pregressos (27%), a indicação de professores representou 11%.Relacionado ao local de trabalho dos bacharéis em Saúde Coletiva, que atuam na área da sua formação, foi evidenciado que a maior parte (37,7%) atuam nas Secretariais Municipais de Saúde, seguido de funções nas Secretariais Estaduais de Saúde (14,9%).○ O processo de reflexão da inserção profissional do bacharel em Saúde Coletiva deve ser desenvolvido permanentemente , visando contribuir para o diálogo entre os diferentes segmentos implicados no projeto, de modo que se materialize uma proposta nacional que conjugue a expansão do ensino superior e com os compromissos do movimento sanitário brasileiro (BOSI E PAIM). A discussão da temática inserção profissional é relativamente nova e necessita de ampliação na investigação constantemente afim de compreender as mudanças relativas ao mundo do trabalho. As evidências produzidas por esta pesquisa podem auxiliar no debate da regulamentação da profissão de sanitarista no Brasil, e propiciar o fomento de novos espaços para o exercício de práticas profissionais.
|