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Grupos Temáticos

29/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-32C - GT 32 - Políticas de trabalho e gestão em saúde

30438 - PARTICIPAÇÃO E REIFICAÇÃO NAS PRÁTICAS DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
RAQUEL DE CASTRO ALVES NEPOMUCENO - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, IVANA CRISTINA DE HOLANDA CUNHA BARRETO - FUNDAÇÃO OSVALDO CRUZ CEARÁ


INTRODUÇÃO: Os agentes comunitários de saúde (ACS) são considerados trabalhadores estratégicos para a principal Política Nacional de Atenção Básica do Brasil - a Estratégia Saúde da Família (ESF), desempenhando um papel de mediação entre a equipe de saúde e comunidade. A expansão da ESF permitiu melhor acesso e utilização de serviços de atenção primária à saúde pela população, contudo a permanência de grandes parcelas abaixo da linha de pobreza e a elevada carga de doenças, produz cenários complexos e diversificados, que se constituem em grande. OBJETIVO: Analisar a participação e a reificação dos ACS como integrantes da ESF, a luz da teoria das Comunidades de Práticas. METODOLOGIA: A pesquisa sobre o Trabalho do ACS à luz da Teoria CdP constituiu-se em um recorte do projeto intitulado “Campo de Práticas Profissionais e Acesso ao Cuidado na ESF do Ceará (CAMPESF)” em desenvolvimento pela Fiocruz a partir de 2015. Foram eleitos como cenários a capital Fortaleza, em virtude de sua singularidade de metrópole, e os municípios de Eusébio, Tauá, e Cruz, por terem elevadas taxas de cobertura da ESF e representarem diferentes regiões do Estado. O presente recorte é um estudo de casos múltiplos com abordagem qualitativa com ACS em atuação na ESF. Foram realizadas análise documental e utilizadas as técnicas grupo focal e entrevistas em profundidade. No total, foram realizados 6 grupos focais, com 39 participantes, e 6 entrevistas, todos gravados e transcritos na íntegra. Utilizou-se o método da análise de conteúdo, onde emergiram as categorias: participação dos ACS na ESF e reificações criadas por suas práticas. A pesquisa CAMPESF autorizada pelo comitê de ética do IOC/Fiocruz, parecer de n º 1.159.936. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Observou-se que a participação dos ACS é marcada pela vivência com/na comunidade principalmente por meio da visita domiciliar. O trabalho compreende várias atividades: o acompanhamento da situação de saúde, orientações para prevenção de agravos, coleta de informações em saúde, entrega de exames e consultas especializadas encaminhadas pelas unidade de saúde às famílias, e identificação de novas demandas, apoiando as famílias para obtenção do acesso. Nas visitas domiciliares, o foco principal de sua atuação é o acompanhamento dos grupos prioritários.: crianças menores de dois anos, gestantes, puérperas, hipertensos, diabéticos e acamados ou domiciliados. No entanto, observou-se que o cotidiano dos ACS caracteriza-se pela exigência do enfrentamento de situações de complexidades sociais e familiares, permeada por demandas não acolhidas institucionalmente e quase sempre invisíveis aos serviços de saúde. Frequentemente os ACS não obtêm suporte da equipe de saúde da família e da gestão pública para estes casos. Outro papel que assumem é o de articuladores dos serviços ofertados por diversas políticas públicas no território. Além do já exposto, os ACS realizam ações educativas nas UBS e em outros espaços sociais da comunidade, além de mobilizadores da participação comunitária. A escuta e o diálogo são as principais ferramentas desses trabalhadores. Realizam ações coletivamente e vão criando relacionamentos, harmoniosos e conflituosos. Os ACS sofrem com o conflito de ter de atender as exigências dos serviços e da gestão, como a coleta de informações, em detrimento das demandas de adoecimento que surgem destas, em sua leitura prioritárias. As reuniões de equipe da ESF constituem-se em uma oportunidade para gerar novas negociações e novos significados, espaços institucionalizados no processo de trabalho que possibilita refletir sobre as práticas cotidianas, favorecem o engajamento e, por conseguinte, a melhoria da sua prática e as respostas dadas às necessidades de saúde. As reificações criadas pelos agentes de saúde para si são principalmente no formato de competências que desenvolveram, como o de “Profissional de Saúde Faz Tudo”, “Escuta e Psicólogo da Comunidade”, “Elo entre a equipe e a comunidade”. Outro formato recente de reificação é a criação de grupos de Whatsapp com membros das famílias para divulgar ações da equipe de saúde e informações educativas. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Este trabalho contribui para explicar o como a ESF traz impactos positivos na saúde da população brasileira, principalmente o de produzir equidade no acesso à APS, uma vez que ela prioriza grupos mais vulneráveis. Esse resultado explica-se em grande parte pela participação do ACS, sendo consequência de seu adentramento no território. Por outro lado, evidencia o como os ACS são levados a tentar enfrentar situações sociais e de saúde complexas, sem apoio da equipe e do conjunto de políticas públicas. A gestão e a equipe de saúde da família necessitam se aproximar, de forma a visualizar as complexidades que eles abordam na prática, sem o que ocorre um processo de subutilização e desgaste deste profissional.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

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