29/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-32C - GT 32 - Políticas de trabalho e gestão em saúde |
30553 - PERCEPÇÃO SOBRE SAÚDE RELACIONADA AO CONTEXTO DE TRABALHO NA UNIVERSIDADE ENTRE DOCENTES JÚLIA APARECIDA DEVIDÉ NOGUEIRA - UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA (UNB), FRANCILENE MADEIRA BATISTA - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ (UESPI)
Introdução: Universidades apresentam um enorme potencial para promover a saúde por meio da formação profissional, da produção de conhecimentos e da construção de ambientes saudáveis, centradas em posturas, valores e atitudes relacionadas à proteção e expansão da vitalidade humana. Nessa perspectiva, cursos da grande área da saúde apresentam um compromisso ético de fomentar esses movimentos. Os professores são essencialmente agentes promotores de saúde e sua atuação profissional pode afetar, direta ou indiretamente, a saúde de toda uma comunidade.
Objetivo: Conhecer a percepção dos professores universitários do curso de educação física sobre sua situação de saúde e a relação desta com o contexto de trabalho é um importante indicador de como estão se dando esses processos de promoção da saúde na universidade, considerando a mão dupla dessa relação: as condições de trabalho afetando a saúde e o papel de agente promotor de saúde desses profissionais.
Métodos: O estudo de abordagem qualitativa realizou entrevistas semiestruturadas com professores de Educação Física numa universidade pública brasileira. Ao considerar a saúde como um fenômeno complexo resultante da interação do sujeito com o ambiente em que vive, nos aproximamos do referencial teórico da promoção de saúde para realizar as análises aqui empreendidas.
Resultados: Quase a totalidade dos professores (n=8) relataram algum aspecto negativo de sua saúde, principalmente nas esferas física e emocional. Não obstante, três professores também destacaram percepções positivas quanto à sua saúde nas diversas esferas, se aproximando mais de uma perspectiva de saúde integral.
No contexto de trabalho, aspectos negativos à saúde representaram fonte de sofrimento e angustia, e estiveram relacionados à: produtivismo, tensão nas relações interpessoais e condições estruturais ruins. Aspectos positivos incluíram possibilidades de organização do trabalho e relações socioprofissionais colaborativas como aspectos capazes de estimular os professores na busca de soluções criativas para tornar o trabalho possível e prazeroso.
Conclusões: As condições e processos de trabalho alinhados ao modelo produtivista na universidade vem promovendo o adoecimento de profissionais que deveriam ser agentes promotores de saúde, como os professores de educação física. A saúde de profissionais está diretamente ligada às condições de trabalho. No entanto é importante destacar o papel central dos determinantes sociais, da autonomia e da participação social nesses processos. Na perspectiva ampliada, todo e qualquer profissional de saúde não deve ser mero transmissor de conhecimento, mas sim um agente de transformação social que ajude a repensar o papel e os processos de trabalho da universidade como uma instituição promotora da saúde.
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