30/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-32E - GT 32 - Trabalho em saúde e estratégias de formação |
30153 - ESTRATÉGIAS E DESAFIOS DA SAÚDE DO TRABALHADOR NO MANEJO DO ADOECIMENTO CRÔNICO NO AMBIENTE DE TRABALHO JAMILLE BAULTAR COSTA - INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA (ISC/UFBA), YULI ANDREA OTÁLORA FAJARDO - INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA (ISC/UFBA), MÔNICA ANGELIM GOMES DE LIMA - FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA (FMB/UFBA), ROBSON DA FONSECA NEVES - DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA (UFPB), MARCELO EDUARDO PFEIFFER CASTELLANOS - INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA (ISC/UFBA), MARIANELA FERREIRA - INSTITUTO DE SAÚDE PUBLICA DA FACULDADE DE MEDICINA DO PORTO
INTRODUÇÃO
As formas de mercantilização da força de trabalho produziram ao longo das últimas décadas um mercado de trabalho heterogêneo, marcado por uma vulnerabilidade estrutural, com contratos de trabalho precários, sem proteção social, cujas formas de ocupação revelam ainda um alto grau de precarização social(DRUCK, 2011). Nesse cenário, ter uma doença crônica não transmissível (DCNT), pode gerar por um lado, uma afetação negativa na capacidade de participar de um emprego remunerado, e, por outro, a uma necessidade de reorganização dos ambientes de trabalho onde essas pessoas estão inseridas. Uma condição de saúde ruim, no entanto, não implica necessariamente exclusão do mercado de trabalho(FERREIRA, 2015), até porque, no contexto atual em que as pessoas tem apresentado um aumento da longevidade, torna-se cada vez mais comum o número de pessoas com alguma doença crônica no ambiente laboral (BAANDERS; PETERS, 2002). Do ponto de vista da Saúde Pública, o trabalho é tão importante para a boa saúde quanto a educação, a dieta, o exercício e outros determinantes da saúde(LOISEL; CÔTÉ, 2013). Assim, a incapacidade para o trabalho pode ser concebida como resultado de múltiplos fatores localizados dentro e fora do trabalhado. Para além de determinantes biológicos, condições psicossociais, as influências dos sistemas de seguros sociais podem interferir significativamente na permanência e manejo do adoecimento crônico no trabalho, sobretudo na atual conjuntura da sociedade contemporânea com a mundialização do capital e exacerbação/precarização do trabalho.
OBJETIVOS
O objetivo deste trabalho reside em identificar estudos qualitativos que abordem o adoecimento crônico no ambiente de trabalho sob a perspectiva das partes interessadas (trabalhadores, empregadores, colegas de trabalho, peritos, profissionais de saúde) e o que a literatura tem produzido sobre as estratégias e desafios para a manutenção desse trabalhador no contexto organizacional.
METODOLOGIA
Foi realizada uma revisão integrativa que teve como estratégia de pesquisa a busca nas bases de dados SCIELO, MEDLINE e WEB OF SCIENCE tendo com estratégia de busca artigos completos revisados por pares do período de 2010 a 2019. Foram usados como descritores: ambiente de trabalho, ambiente de trabajo e working environments combinados pelo operador booleano AND com os descritores: doença crônica. Enfermidade crónica e chronic disease.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram identificados 13 artigos na SCIELO, 187 na MEDLINE e 384 na WEB OF SCIENCE. Após a leitura dos títulos e resumos, 5 estudos cumpriram os critérios de elegibilidade e fizeram parte dos resultados. Os trabalhos sugerem que os desafios para a implementação de cuidados a trabalhadores com DCNTs são refletidos no planejamento dos serviços até na prestação de cuidados à saúde do trabalhador(GARRY et al., 2018). Para os profissionais de saúde, o impacto da gestão de doenças crônicas é um desafio, que tem suas raízes inclusive nas características e condições de trabalho no sistema de saúde e nos próprios profissionais de saúde(PAVAN BAPTISTA et al., 2010; RUSTON et al., 2013; HUTTING et al., 2014). Como soluções identificadas, os estudos incluíram aprender a aceitar e lidar com a doença, que é frequentemente apoiada por familiares e amigos, a divulgação da doença aos empregadores e colegas, a identificação de formas ativas de ajudar nas tarefas e a implementação de adaptações no ambiente de trabalho, com soluções eficazes com a ajuda, empatia e compreensão das pessoas no ambiente de trabalho(HUTTING et al., 2014; VOOIJS et al., 2017).
CONCLUSÕES
Os resultados sugerem que a falta de programas e normas claras de reabilitação em alguns países inviabiliza a manutenção de trabalhadores com DCNT no ambiente de trabalho. A falta de informações, a precarização dos serviços de saúde ofertados e a insegurança no trabalho são os principais desafios para a continuidade do cuidado à trabalhadores com doenças crônicas em diferentes contextos de trabalho. Como limitações dessa pesquisa, os achados analisados não abordaram questões como: vulnerabilidade estrutural, precarização do trabalho ou a falta de proteção social, o que sugere esforços no estudo de tais temáticas em trabalhos posteriores. Os achados desses estudos possibilitam reflexões sobre o cenário brasileiro atual, quanto ao cuidado de trabalhadores com DCNT e à necessidade de implementação de políticas públicas que apoiem a manutenção do trabalhador com enfermidades de longa duração na condição de trabalho.
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