30/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-32E - GT 32 - Trabalho em saúde e estratégias de formação |
30471 - ENTENDIMENTO DOS PROFISSIONAIS ENFERMEIROS SOBRE ACOMPANHAMENTO DOS USUÁRIOS DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA APÓS O PROCESSO DE ACOLHIMENTO HELEN CHRISTINA CASTRO CARLOS DA CUNHA DE OLIVEIRA - UNIFOR, ANA OFÉLIA PORTELA LIMA - UNIFOR, KÁTIA REGINA ARAÚJO DE ALENCAR LIMA - UNIFOR, MARY GRACE MAGALHÃES DE ARAUJO - UNIFOR, MARIA VIEIRA DE LIMA SAINTRAIN - UNIFOR, ROSENDO FREITAS DE AMORIM - UNIFOR
INTRODUÇÃO: Na Política Nacional de Humanização (PNH) enquanto política do SUS, tem o acolhimento como instrumento para acompanhamento da implementação e responsabilização das necessidades dos usuários. OBJETIVO: Descrever o entendimento dos Enfermeiros da Estratégia Saúde da Família sobre acompanhamento dos usuários do serviço após o processo de acolhimento. METODOLOGIA: Estudo descritivo com abordagem qualitativa. Realizado em agosto de 2017, em seis Unidades Básicas de Saúde e selecionados 24 Enfermeiros, atuantes na Estratégia Saúde da Família (ESF). Os dados foram obtidos por entrevistas gravadas, e analisadas segundo os postulados de Bardin (2011). O projeto obteve aprovação do Coética da UNIFOR, Parecer nº 2.216.972. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Pelas narrativas dos profissionais, a estratégia utilizada para a promoção do acolhimento concordam com o preconizado pela PNH, no entanto, demonstram uma distorção quanto ao momento da consulta, agendamento e retorno. Por não proporcionar a garantia do acompanhamento adequado, na sua área de abrangência. “As pessoas ficaram descobertas, por não termos médico suficiente, as consultas são marcadas daqui a três meses, então eles não vem”(E6). “Antes dessa Demanda Espontânea (DE) que foi nos imposta, o paciente era ouvido, tinha acompanhamento dentro dos programas de prevenção, puericultura, planejamento familiar, hipertensos e diabéticos, que a gente atendia muito bem”(E2). “Nós perdemos todo o acompanhamento, até mesmo com a família, os programas ficaram desassistidos”(E2). “Antes tinha uma demanda organizada, agora só vem pegar a receita no dia da dita demanda espontânea”(E5).“O acolhimento hoje é realizado pelo enfermeiro, que se sente sobrecarregada”(E9).“Outra coisa é o não conhecimento do território, a população tem características diferentes, precisamos reeducar, empodera-la de sua saúde e que retorne para o acompanhamento”(E3). Percebe-se que são vários os fatores que interferem na realização do acolhimento, dentre esses a sobrecarga de trabalho, pouco apoio dos gestores, redução das atividades de prevenção. Outras dificuldades importantes: a demanda excessiva de usuários; a falta de médico; limitações de atendimentos nas unidades; demanda reprimida de usuários e escassez de materiais e medicamentos (BECK; MINUZI, 2008). O acolhimento é um processo de trabalho em saúde, de forma a atender a todos que procuram atendimento, assumindo um atendimento resolutivo, individualizado, garantindo a continuidade da assistência (BRASIL, 2004). Estudos apontam que o acolhimento realizado pela própria equipe de referência, permite transformá-lo, em mais um momento de cuidado, com a possibilidade de se integrar ao relacionamento equipe-usuário (TESSER; POLI NETO; CAMPOS, 2010). Em dissonância às colocações anteriores, alguns entrevistados, reportaram que devem ser levados em consideração: “O Acolhimento pra mim é importante, porque em especial nessa UAPS é composta basicamente por moradores de rua e andarilho que não tem residência fixa”(E8). “Eu acho importante, facilita para o usuário, abre as portas, nós somos tudo que eles têm”(E7). “Com a DE implantada, para o usuário que necessita do pronto atendimento melhorou, mas dificilmente ele retorna para o seu atendimento, no geral a proposta da ESF foi praticamente extinta, dificultando o acompanhamento do usuário pela equipe responsável por ele”(E15). O acolhimento trouxe consideráveis benefícios para pessoas em situação de vulnerabilidade social. Essas pessoas ao sentirem extrema necessidade de atendimento procuram a UAPS por ser a única opção que lhes são disponibilizadas. Mesmo com os problemas relatados, alguns profissionais retratam a importância da DE, pela necessidade do estabelecimento de vínculo, determinante à satisfação dos usuários em relação ao atendimento. “O vínculo com a equipe está sendo quebrado, estão buscando atendimento no acolhimento, querem de imediato”(E21). “Nós ainda temos esse paciente que deveria ter, decentemente seu acompanhamento, ser revisto e o que é mais sério, é que vem para a DE, é atendido por qualquer profissional, de uma equipe que não vai dar seguimento”(E3). “Vai resolver o problema daquele momento, porque o que quer é só a receita”(E3). Essa construção se contrapõe à ideia de Schimith e Lima (2004), ao mostrarem que o vínculo deve se expandir para toda a equipe de saúde, em diferentes acepções. Advertem que a noção de vínculo discutida e implantada pela ESF se distancia da dimensão de qualidade em saúde, na perspectiva da integralidade e humanização. CONCLUSÃO: Os participantes reconhecem a importância da demanda espontânea no acolhimento, mas se dizem sobrecarregados por uma demanda excessiva, de eventos muitas vezes não agudos, que poderiam ser agendados. Ademais, ocasionou a descontinuidade dos atendimentos, reduzindo o vínculo entre profissionais e usuários, suscitando descontentamento nos profissionais em estudo.
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